Comenário Gelio Fregapani
"É difícil de entender.
Um povo sofrido, roubado, explorado, muitas vezes sem perspectivas, de uma hora pra outra, explode numa alegria sem motivo…sem limites, sem pudor.
Homens que até sexta-feira, trabalharam duro, no sábado vão para as ruas, maquiados, vestidos de mulher, sutien por cima de peitos peludos, numa imitação grotesca e sem sentido do sexo feminino.
Mulheres que se matam em trabalhos muitas vezes mal remunerados gastam o que não tem para aparecer na passarela, cobertas de brilho e rebolando, como se não houvesse o amanhã.
É difícil de entender, mas os canalhas no poder, adoram esta orgia sem sentido, porque pelo menos por alguns dias, o povo está olhando pro outro lado, enquanto eles continuam sugando cada gota de sangue e cada centavo que puderem roubar."
Extraído de texto de Arnaldo Jabor
Enquanto isto o mundo continua a girar.
Na Pátria amada,
É verdade que muitas empresas sequer deveriam estar na propriedade do Estado, mas algumas, mais estratégicas devem ficar pelo menos em mãos nacionais e o filet mignon delas é a Petrobras- que essa quadrilha no Governo está torrando a preço de banana.
A tática dos agentes das multis e o interesse governamental americano na Petrobrás já vieram à luz. Lá eles consideram suas empresas tão importantes como suas Forças Armadas e as protegem de todos os modos. O Departamento de Justiça deles passou as informações para os investidores americanos que acionaram a Petrobras em defesa de seus interesses.
Os procuradores e juízes brasileiros, na cruzada anti-corrupção contra o desgoverno do PT, deram respaldo à mudar regras de exploração do Pré-sal, a nossa joia da coroa. Era o pretexto que as multis do petróleo esperavam para intensificar pressão sobre a brasileira e fazê-la abrir-se aos interesses delas, de olho no Pré-sal.
Pintara a oportunidade para o Império Americano jogar com suas armas sujas contra o governo brasileiro, intensificando ataques sobre as corrupções na empresa estatal, onde interesses políticos se misturavam com interesses corporativos, até então considerados frutos do jogo político eleitoral brasileiro, com a finalidade de abocanhar a melhor parte das jazidas.
Depois dos leilões na bacia do pré-sal, cumprida a missão de desnacionalizar a Petrobrás, a grande mídia não mais fala em corrupção. Entretanto, tremem as cúpulas políticas envolvidas, denunciadas pelos agentes que haviam nomeado para repassar dinheiro aos partidos, conforme regras dos governos de coalizão. Políticos do mais alto escalão estão desesperados com a possível eleição de alguém que não aceite acordos e tenha apoio militar.
Eles, que haviam aprovado a desnacionalização do Pré-sal, para se safarem da pressão do "establishment" financeiro caíram na tentação de aceitar (ou exigir) propinas e é por conta destas que estão sendo apanhados, não pela desnacionalização criminosa, que aliás ainda continua.
Assim, a Petrobrás torna-se presa fácil das petroleiras estrangeiras. Será difícil a retomada, mas teve seu lado bom: Haverá uma faxina na corrupção e punidos os principais corruptos a não ser que o venal STF queira provocar uma convulsão social.
Pior ainda: cada vez mais surgem rumores de que o presidente Temer teria sido informante de órgãos de inteligência dos EUA. Se isto for verdade ainda teremos muitas desnacionalizações este ano, a coesão dos BRICS, em breve será rompida e não poderemos fazer o jogo do Getúlio para contrabalançar as pressões de um e outro lado. Talvez até sejamos envolvidos em alguma guerra que não é nossa. A tropa que mandaremos para a República Centro Africana servirá de ensaio?
No Oriente Médio e na Europa Oriental
Os conflitos podem se agravar, mas são mínimas as condições para uma grande escalada pois o empenho dos EUA em prejudicar a Rússia não chega a atingir os interesses vitais desta e é evidente que a Rússia triunfará na Criméia e provavelmente também na Síria.
No Extremo Oriente
Lá a situação é mais confusa, pois o desenvolvimento nuclear da Coréia garantiu sua segurança até agora, mas o aumento do alcance de seus mísseis e seu líder imprevisível, assustam aos norte-americanos a ponto destes desejarem resolver de uma vez. Entretanto, o caso não é assim tão simples, assim diz o provérbio chinês "Antes de bater no cão, olhe o dono" funcionou neste caso. A China avisou que se a iniciativa da guerra partisse dos EUA ela interviria.
Ficou estabelecido um impasse que será rompido somente se a Coréia der o primeiro tiro ou aparente ter dado. O equilíbrio é instável, mas como o preço da guerra pode ser alto demais, é provável que o aviso da China consiga manter a paz. Por enquanto…
Na América do Sul a crise na Venezuela ofusca os demais problemas. Para entendê-la voltemos ao início do século passado quando o Império Britânico, então hegemônico, consolidou o roubo dos férteis territórios da Guiana Essequiba, da Venezuela e do Pirara, do nosso País. Nós nos conformamos com a fraca defesa do Joaquim Nabuco (que na questão das missões queria ceder para a Argentina (num gesto de boa vizinhança), mas a nossa gente que ficou no território estrangeiro, na margem esquerda do rio Tacutu em 1968 se revoltou e hasteou a bandeira verde-amarela. Foram massacrados com requintes de crueldade, sendo muitas mulheres torturadas até a morte. Eu sei, estive lá.
A Venezuela entretanto, nunca se conformou pensou em retomar. Em 1972 numa missão semi-diplomática na Venezuela em conversa com o então Presidente Rafael Caldeira, que me falava na sua aspiração de reconquista, perguntei-lhe o que pretendiam fazer com a região do Pirara, outrora brasileira e que ficaria isolada do restante da Guiana. Ele me respondeu que só se interessava pela área que pertencia a seu país, que com a região do Pirara o nosso País fizesse o que quisesse.
É interessante saber que a Inglaterra não povoou as terras roubadas com sua gente, mas com indianos e negros sudaneses e essas duas etnias não se misturam nem se dão bem. Entretanto, esse arremedo de país que é a Guiana sempre prejudica o nosso Brasil. No episódio da Raposa-Serra do Sol mandou índios para aumentar a densidade e criou uma aldeia chamada Moscou em nosso território, onde só se falava inglês. Aliás, a Guiana se considera comunista e talvez por isto o nosso boquirroto e comunista Ministro da Defesa esteja tão empenhado em evitar uma invasão venezuelana.
Quanto ao atrito venezuelano-americano não se deve a péssima administração do governo venezuelano nem a uma pretensa ou real tirania, mas a nacionalização do seu petróleo. Certamente não estava nos planos dos EUA uma invasão, pois o Maduro cairia sozinho, de podre. Quando muito quebraria na economia deles e auxiliaria uma revolução, mas se a Venezuela fizer a tolice de invadir a Guiana agora, fornecerá o pretexto para o vale tudo. Entretanto, certamente procurará usar também outras tropas sul americanas, de preferência as da Colômbia.
Que Deus nos inspire a não nos metermos nas guerras dos outros
Gelio Fregapani