Javier Bonilla
O General uruguaio Carlos Loitey será o principal assessor militar do Departamento de Operações de Manutenção da Paz da Organização das Nações Unidas (ONU). “Pela primeira vez, o Uruguai tem uma posição de tão alta responsabilidade, com nível de decisão no organismo mais importante no que diz respeito às missões de paz”, assinalou o ministro da Defesa, Jorge Menéndez. Há entre 1.300 e 1.400 militares uruguaios em missões de paz.
O secretário de estado explicou que o Departamento de Operações de Manutenção da Paz da ONU (DPKO, pela sigla em inglês; concebido em 1948 e criado oficialmente em 1992) centraliza a atuação das missões de paz, seus desdobramentos e as contribuições que os países realizam nas missões.
O presidente do organismo Hervé Ladsous, de nacionalidade francesa, tem como assessor militar um funcionário da alta hierarquia das Nações Unidas, “o mais importante relacionado com as missões de paz”, cargo que ficou vago alguns dias atrás. Antes, a ONU fez um apelo a diferentes países para propor candidatos para ocupar esse cargo.
“Diante disso, o Ministério da Defesa considerou, juntamente com o Estado-Maior da Defesa e o Exército Nacional, e nos propôs o nome do General Carlos Loitey, pessoa de ampla experiência em missões de paz, anteriormente representante uruguaio encarregado das missões nos Estados Unidos e atualmente titular da direção da Divisão do Exército II em San José”, explicou Menéndez.
A proposta foi analisada após dois períodos de seleção de candidatos que, finalmente, concedeu o cargo ao Gen Loitey, dentre um grupo de quatro candidatos, “algo que orgulha e hierarquiza o Uruguai como país e responde ao que fornecemos para a missão de paz durante tanto tempo”, disse Menéndez, destacando que a seleção responde às características pessoais do Gen Loitey e como reconhecimento a um país que pode responder a essa grande responsabilidade que o organismo internacional exige. O Gen Loitey iniciará suas funções antes do final do ano e estará radicado nos Estados Unidos.
O Uruguai enviou entre 1.300 e 1.400 militares em três grandes missões: a chamada Missão de Estabilização das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUSCO), a Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (MINUSTAH) e a da Península do Sinai a partir do acordo de Camp David de 1978. Além disso, há observadores militares em Caxemira, na fronteira Índia-Paquistão ou Saara, entre outros destinos, além de missões importantes no Camboja, Moçambique, Angola e Eriteia na década de 90 e nos primeiros anos deste século.
O Gen Loitey, que foi promovido a esse cargo no final de 2012, está atualmente à frente da Divisão Exército II, que é responsável pelas unidades militares de Colonia, Soriano, Durazno, Flores, Florida e San José, ao sudoeste do país, contando com cerca de 1.500 militares sob seu comando.
Nascido em Dolores (Soriano) e graduado como oficial de Armas da Infantaria, o Gen Loitey desempenhou-se como adido de Defesa e Militar da Embaixada do Uruguai nos EUA, chefe da delegação uruguaia na Junta Interamericana de Defesa e assessor da representação permanente do Uruguai perante a Organização dos Estados Americanos; anteriormente, cumpriu funções como chefe do Estado Maior do Exército e diretor do Instituto Militar das Armas e Especialidades, assim como da Direção Nacional de Inteligência.
No âmbito internacional, foi observador militar no Irã-Iraque (1990), em Ruanda (1995) e no Congo (2003), além de integrar o contingente uruguaio da missão da ONU no Camboja (1993) e desempenhar como Chefe dos Serviços Integrados de Apoio na Missão das Nações Unidas na República Centro-Africana e no Chade (MINURCAT) em 2010, entre outros destinos.