Nesta segunda-feira, 29 de maio, celebrou-se em todo o mundo o Dia Internacional dos Boinas-Azuis, em homenagem aos “soldados das Nações Unidas”, também conhecidos como capacetes-azuis, que atuam na mediação e prevenção de conflitos em todo o mundo. Desde o início das Missões de Paz da ONU, em 1948, mais de 1 milhão de homens e mulheres já serviram à bandeira da organização “com orgulho, distinção e coragem”. As informações são da ONU News.
Apesar da sua importância internacional na resolução e prevenção de conflitos, o orçamento anual das Missões de Paz da ONU gira em torno de US$ 7,8 bilhões, o que representa menos de 0,5% dos gastos militares globais. O secretário geral das Nações Unidas, António Guterres, destaca que este é um “investimento na paz global, na segurança e na prosperidade”.
Atrás dos boinas-azuis, existe toda uma operação logística para o seu funcionamento efetivo, incluindo 14 mil veículos, 310 clínicas médicas, 158 helicópteros, 54 aviões e sete navios.
Baixas e presença efetiva
Ao longo dos seus quase 60 anos de atuação, mais de 3,5 mil boinas-azuis morreram em serviço, incluindo o sargento brasileiro Vicente Medeiros, que perdeu a vida no ano passado quando servia à Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah).
Medeiros foi um dos 117 homenageados pelo secretário-geral da ONU numa cerimônia em Nova Iorque na semana passada. Guterres frisou que “os soldados de paz se colocam à frente do perigo todos os dias, no meio de grupos armados que estão tentando se matar ou causar danos aos civis”.
Atualmente as Nações Unidas têm 16 Missões de Paz em operação em quatro continentes, com presença em países como Haiti, Chipre, Mali, República Centro-Africana, República Democrática do Congo e Sudão do Sul.
Mais de 124 países contribuem com os cerca de 122 mil integrantes das forças de paz da ONU, incluindo tropas militares, policiais e funcionários civis. Todos trabalham para “salvar vidas, prevenir atrocidades em massa e garantir a paz” nas regiões em que atuam.
Reforma
Em editorial publicado no jornal Boston Globe de hoje (29), o chefe da ONU mencionou os casos recentes de exploração sexual envolvendo as forças de paz. Guterres reafirma que essas ações “violaram todos os valores das Nações Unidas” e que “combater o flagelo é prioridade da organização”. Ele já apresentou um plano aos 193 países-membros para acabar com a impunidade e garantir que todas as missões tenham defensores para os direitos das vítimas.
O chefe da ONU aproveitou o Dia Internacional dos Boinas-Azuis para lembrar que as Missões de Paz muitas vezes são alvo de extremistas violentos. Para lidar com essa realidade, ele quer uma “séria reforma estratégica, baseada na análise dos mandatos, das capacidades das missões e das parcerias com governos”.
Quem são os observadores militares da ONU¹
Militares servindo em missões de paz da ONU podem atuar em contingentes – que são batalhões de infantaria enviados para garantir condições de segurança e estabilidade no terreno -, mas também como oficiais de Estado-Maior e observadores.
Esses últimos são responsáveis por monitorar acordos de cessar-fogo. São oficiais que andam desarmados e têm como principal arma e escudo a bandeira e o capacete azul das Nações Unidas.
O tenente-coronel brasileiro Rodrigo Rodrigues Júnior, da Aeronáutica, já participou de duas operações de paz da ONU como observador militar.
A primeira delas foi no Saara Ocidental, onde as Nações Unidas mantêm uma missão desde 1991. O objetivo do efetivo que atua na região é monitorar um acordo de paz entre o Marrocos e a Frente Polisário, que busca a independência do território do Saara Ocidental.
Outra função é promover as condições necessárias à realização de um referendo entre a população local, a fim de determinar se a autodeterminação da região é possível. Rodrigues Júnior atuou junto à missão no período de março de 2008 a março de 2009.
A segunda operação de paz do brasileiro foi em Abyei, território sob disputa do Sudão e do Sudão do Sul. Mais uma vez, sua atuação envolveu a vigilância das condições de segurança bem como o monitoramento da população para averiguar a viabilidade um referendo popular.
Nesse caso, a votação decidiria se Abyei seria integrado ao Sudão ou ao Sudão do Sul. O tenente-coronel serviu na região também por um ano, de maio de 2013 até maio de 2014.
¹por Nações Unidas no Brasil