Corveta russa Ivanovets, capaz de transportar mísseis, foi afundada por um ataque de drones marítimos, segundo a agência de inteligência militar da Ucrânia.
(DW) A Ucrânia afirmou na quinta-feira (01/02) ter afundado um navio de guerra russo no Mar Negro, próximo da península da Crimeia, com o uso de drones marítimos. A agência de inteligência da Ucrânia, conhecida como GUR, publicou um vídeo que, segundo ela, mostra drones navais atacando a corveta Ivanovets, que tem capacidade para transportar mísseis, na noite de quarta-feira.
No vídeo de visão noturna, pequenas embarcações aproximam-se do navio russo, e há imagens de uma grande explosão e do navio de guerra afundando. Ainda de acordo com a GUR, o navio, que custaria de 60 a 70 milhões de dólares, estava em patrulha no Lago Donuzlav, a oeste da Crimeia, quando foi atingido pela unidade especial ucraniana.
A Crimeia, que foi anexada por Moscou em 2014 em violação do direito internacional, abriga a frota russa do Mar Negro e tem sido frequentemente atacada por drones e mísseis ucranianos. As agências de notícias não conseguiram verificar de forma independente a filmagem ou o relato da Ucrânia sobre o incidente. A Ucrânia também afirmou que uma operação russa de busca e resgate após o ataque “não foi bem-sucedida”.
Embora Moscou não tenha feito nenhuma declaração imediata, uma conta russa do Telegram com ligações com o exército russo disse que a Ucrânia havia atacado a área com nove drones navais à noite. A desinformação tem feito parte da guerra, que marca seu segundo aniversário no dia 24 de fevereiro, e muitos dos relatos não podem ser verificados de forma independente.
A empresa de segurança privada Ambrey disse que a Ucrânia usou até seis drones marítimos, com cada um tendo uma carga de 300 kg de explosivos para o ataque. Uma autoridade militar ocidental apoiou o relato ucraniano, dizendo que era “altamente provável que navios de superfície sem tripulação fossem responsáveis pelo ataque ao Ivanovets”. O funcionário falou sob condição de anonimato para a agencia de noticias AP. A Ambrey observou que qualquer drone não detonado pode se tornar uma ameaça para a navegação no Mar Negro.
Drones se tornaram a principal arma de guerra
O chefe do exército ucraniano, general Valerii Zaluzhnyi, chamou na quinta-feira o desenvolvimento de sistemas de armas não tripuladas “um fator central dessa guerra” em um artigo de opinião publicado pela CNN.
O texto de Zaluzhnyi foi publicado em um momento em que surgem rumores sobre sua iminente demissão em meio a um suposto rompimento com o presidente Volodimir Zelenski.
Nele, o general descreveu sua avaliação do estado da guerra e definiu as prioridades para a Ucrânia em 2024, além de abordar o desafio de recrutar mais soldados para o exército, um ponto de tensão relatado entre ele e o líder da Ucrânia.
“Devemos reconhecer a vantagem significativa desfrutada pelo inimigo na mobilização de recursos humanos e como isso se compara com a incapacidade das instituições estatais da Ucrânia de melhorar os níveis de mão de obra de nossas forças armadas sem o uso de medidas impopulares”, escreveu Zaluzhnyi.
Outro problema, segundo ele, é a “dificuldade de produção de munição, por exemplo, que aumenta ainda mais a dependência da Ucrânia de seus aliados para obter suprimentos”.
O general listou três áreas em que a Ucrânia deve concentrar seus principais esforços em 2024: “Criar um sistema para fornecer às nossas forças armadas alta tecnologia. Introduzir uma nova filosofia de treinamento e guerra que leve em conta as restrições de recursos e como eles podem ser implantados. E dominar novas capacidades de combate o mais rápido possível”.
Alegações russas
Enquanto isso, o Comitê Investigativo da Rússia, a principal agência estatal de investigação criminal, disse na quinta-feira que deduziu que o avião de transporte militar russo Il-76 que caiu perto da fronteira com a Ucrânia em 24 de janeiro, teria sido derrubado usando o sistema de defesa aérea Patriot, fabricado nos EUA, que os aliados ocidentais forneceram a Kiev.
Autoridades russas afirmam que havia 74 pessoas a bordo, incluindo 65 prisioneiros de guerra ucranianos, que se dirigiam para uma troca de prisioneiros com Kiev, seis membros da tripulação e três militares russos. “Todos que estavam a bordo morreram”, afirmou o governador da região de Belgorod, Vyacheslav Gladkov, citado pela agência russa Tass.
Os dois mísseis foram disparados pelos militares ucranianos perto do vilarejo de Lyptsi, na região de Kharkiv, na Ucrânia, segundo o comitê. O órgão afirmou que 116 fragmentos de dois mísseis MIM-104A , que foram disparados do sistema Patriot, foram encontrados perto do local do acidente na região de Belgorod, mas não apresentou nenhuma evidência concreta para suas alegações.
Mortes de civis continuam
Enquanto isso, ao longo da linha de frente que se estende pelo leste e sul da Ucrânia, os combates continuam a causar vítimas civis.
Na região oriental de Donetsk, o exército russo bombardeou 11 cidades e vilarejos, matando uma pessoa no vilarejo de Tsukuryne na quinta-feira.
Em Toretsk, duas pessoas ficaram feridas durante um ataque com foguetes, informou o gabinete presidencial ucraniano.
No sul, seis civis foram feridos na região de Kherson, incluindo um casal em Beryslav, que foi atingido por um ataque de drones enquanto andava de moto pela cidade.
lr/bl (ap, dpa, afp)