(Estocolmo, dezembro de 2022) As vendas de armas e serviços militares das 100 maiores
empresas do setor alcançaram US$ 592 bilhões de dólares em 2021. Isso representa um aumento
de 1.9 por cento comparado ao ano anterior. Isso de acordo com os novos dados lançados hoje
pelo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI).
Este foi o sétimo ano seguido de aumento nas vendas de armas. Entretanto, o crescimento de 1.9 por cento permanece abaixo da média dos quatro anos anteriores à pandemia de Covid-19 (3.7 por cento), ainda que maior do que no ano de 2020 (1,1%).
Problemas nas cadeias produtivas provavelmente irão piorar com a guerra na Ucrânia
Em 2021, as disrupções nas cadeias produtivas causadas pelas medidas de contenção da pandemia seguiram afetando diversos setores da indústria de armamentos. Isso implicou em atrasos no transporte de equipamentos e na escassez de componentes essenciais.
‘O aumento nas vendas de armas em 2021 poderia ter sido ainda maior caso os problemas na cadeia
produtiva não tivessem persistido’, afirmou a Dra. Lucie Béraud-Sudreau, diretora do Programa de Gastos
Militares e Produção de Armamentos do SIPRI. ‘Empresas de grande e pequeno porte relataram que as
vendas de armas foram afetadas ao longo do ano. Algumas empresas, como a Airbus e a General Dynamics, também reportaram escassez de mão de obra’
A invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022 intensificou os problemas nas cadeias produtivas
das empresas de armamentos. A Rússia é um provedor importante de matérias-primas utilizadas na
produção de armas. Isso pode prejudicar os esforços dos Estados Unidos e da Europa para fortalecer suas
Forças Armadas e repor os estoques de armas, agora reduzidos após o envio do equivalente a bilhões de
dólares em munição e equipamento para a Ucrânia.
‘Aumentar o ritmo de produção leva tempo’, disse o Dr. Diego Lopes da Silva, pesquisador sênior do SIPRI.
‘Caso as disrupções nas cadeias produtivas persistam, é possível que alguns dos principais produtores de
armamentos demorem anos para satisfazer a nova demanda criada pela guerra’.
Muito embora existam relatos de que as empresas russas de armas estão aumentando a produção por causa da guerra, é também fato que elas têm tido dificuldade para acessar semicondutores. Do mesmo modo, as sanções também têm afetado as empresas russas. Por exemplo, a empresa Almaz-Antey (não incluída no Top 100 de 2021 por falta de dados) declarou que não pôde receber pagamentos referentes a algumas de suas exportações.Comunicado de Imprensa
As vendas de armas das empresas sul-coreanas no Top 100 aumentaram em 3.6 por cento comparado com 2020, alcançando US$ 7.2 bilhões de dólares. O aumento foi impulsionado em grande parte por um
crescimento de 7.6 por cento nas vendas de armas da empresa Hanwha Aerospace. Espera-se que as vendas de armas da Hanwha – em US$ 2.6 bilhões de dólares em 2021 – aumentem expressivamente nos próximos anos com a assinatura de um contrato com a Polônia em 2022, firmado após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Outros destaques
• Seis empresas russas foram incluídas no Top 100 em 2021. Suas vendas de armas totalizaram US$
17.8 bilhões de dólares – um aumento de 0.4 por cento comparado com 2020. A indústria russa de
armamentos mostrou sinais de ampla estagnação.
• As cinco empresas de armas sediadas no Oriente Médio geraram um total de US$ 15.0 bilhões de
dólares em 2021. O aumento foi de 6.5 por cento comparado com o ano anterior, a taxa de
crescimento mais alta dentre todas as regiões representadas no Top 100.
• As quatro empresas japonesas de armas acumularam um total de US$ 9.0 bilhões de dólares em
vendas, 1.4 por cento a menos comparado com 2020.
• 2021 foi o primeiro ano no qual uma empresa sediada em Taiwan foi incluída no Top 100. NCSIST,
na sexagésima posição do Top 100, é especializada em mísseis e eletrônica militar, e registrou um
total de US$ 2.0 bilhões de dólares em vendas de armas.
• As empresas de capital privado têm se tornado mais ativas na indústria de armamentos,
particularmente nos Estados Unidos. Isso pode afetar negativamente a transparência nos dados de
vendas de armas, uma vez que os requerimentos de reporte financeiro são menos rigorosos
comparados àqueles impostos a empresas públicas.
Sobre a base de dados de indústria de armas do SIPRI
A base de dados de indústria de armas do SIPRI foi criada em 1989. À época, a base não incluía dados de empresas nos países da Europa Oriental e União Soviética. A versão atual contém dados desde 2002, incluindo dados de empresas russas. Desde 2015, a base de dados inclui empresas chinesas. A lista do Top 100 inclui as 100 empresas com as maiores vendas de armas durante o ano em questão e para as quais o SIPRI pôde acessar dados suficientes.
‘Venda de armas’ é definido como a venda de bens militares e serviços a clientes militares nacionais ou estrangeiros. A menos que se diga o contrário, todas as variações são expressas em termos reais e todas as cifras estão em dólares norte-americanos a valores constantes (2021).
Comparações entre 2020 e 2021 são baseadas na lista de empresas classificadas em 2021 (isto é, a comparação anual é entre o mesmo conjunto de empresas). Todas as outras comparações anuais são baseadas em conjuntos de empresas listadas nos respectivos anos (isto é, a comparação é entre
um conjunto diferente de empresas). Dados para anos anteriores podem ser ajustados com base em novas informações.
A base de dados de indústria de armas do SIPRI, que apresenta dados mais detalhados para os anos entre 2002 e 2021, está disponível na página do SIPRI a seguir: <https://www.sipri.org/databases/armsindustry>.
Este é o primeiro de três lançamentos de dados que antecedem a publicação do anuário do SIPRI em meados de 2023. Em antecipação, o SIPRI lançará os dados sobre transferências internacionais de armas (detalha todas as transferências internacionais de armas convencionais em 2022) e os dados sobre os gastos militares mundiais (informação abrangente sobre as tendências globais, regionais e
nacionais nos gastos militares em 2022)