Felipe Frazão
Portal Estadão
20 Janeiro 2023
BRASÍLIA – O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, disse que os comandantes das Forças Armadas concordaram em abrir processos para apurar e punir casos de militares que se insubordinaram, em manifestações nas redes sociais, ou que tiveram envolvimento nos atos extremistas de 8 de janeiro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que cobraria providências dos comandantes, a despeito da patente de quem estivesse sob averiguação. Lula convocou os chefes da Marinha, Exército e Aeronáutica nesta sexta-feira, 20, para reunião no Palácio do Planalto.
Os presentes à reunião identificados por DefesaNet Presidente Lula e Vice-presidente Alckimin, Casa Civil Rui Costa Ministro da Defesa José Múcio, Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, Almirante de Esquadra Renato Rodrigues de Aguiar Freire, Comandante da Marinha, Almirante Marcos Sampaio Olsen, Comandante do Exército, General Júlio Cesar de Arruda e Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno Civis ao lado do Ministro Múcio; Presidente FIESP Josué Gomes, não identificado e ex-Embraer Defesa Jackson Schneider |
“Os militares estão cientes e concordam que vamos tomar essas providências. Evidentemente, no calor da emoção a gente precisa ter cuidado para que acusações e penas sejam justas. Tudo será providenciado em seu tempo”, afirmou o titular da Defesa, ao sair da audiência no gabinete presidencial.
O ministro da Defesa, José Múcio, durante entrevista coletiva realizada na tarde desta sexta-feira (20) no Palácio do Planalto, após o ministro participar de uma reunião com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e os comandantes das Forças Armadas
O ministro da Defesa, José Múcio, durante entrevista coletiva realizada na tarde desta sexta-feira (20) no Palácio do Planalto, após o ministro participar de uma reunião com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e os comandantes das Forças Armadas Foto: Wilton Junior /Estadão
Após o encontro de Lula com os comandantes, José Múcio disse que Lula buscava recuperar a confiança nas Forças Armadas, com a reunião de trabalho realizada nesta sexta-feira, no Palácio do Planalto. A reunião com os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica ocorreu uma semana depois de o presidente admitir ao Estadão que “perdeu a confiança” em militares da ativa.
“Ele (Lula) tem consciência, e as Forças Armadas também, da atenção que deu às Forças Armadas. E quis renovar essa confiança. Evidentemente não poderíamos ficar nessa agenda última, temos que pensar para a frente, pacificar esse País e governar”, afirmo Múcio, ao sair da audiência.
Para o ministro, não houve envolvimento direto das forças nos atos cometidos por extremistas, durante o ataque às sedes dos três poderes. Múcio negou que Lula tenha tratado com os comandantes militares, diante de empresários convidados para o encontro, de punições relacionadas aos atos golpistas de 8 de janeiro.
“Eu entendo que não houve envolvimento direto das Forças Armadas. Agora, se algum elemento individualmente teve participação, ele vai responder como cidadão”, disse o ministro.
Múcio afirmou que o presidente precisava de uma conversa para “virar a página” sobre os atos de indisciplina e politização nas Forças Armadas
Lula exclui general chefe do GSI de reunião com militares no Planalto
Igor Gadelha
Metrópoles
20 Janeiro 2023
Lula excluiu o ministro do GSI, general Gonçalves Dias, da reunião com o titular da Defesa, José Múcio, e os chefes das Forças Armadas
O presidente Lula excluiu o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, da reunião com o alto comando militar que acontece da manhã desta sexta-feira (20/1), no Palácio do Planalto.
Além do presidente, o encontro reúne o ministro da Defesa, José Múcio, o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Josué Gomes, e os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.
À coluna, GDias, como é conhecido, disse que não foi convidado para a reunião. Com ar de naturalidade, o general afirmou que as questões discutidas no encontro dizem respeito ao Ministério da Defesa, e não ao GSI.
A coluna flagrou o general tentando pegar um dos elevadores para o terceiro andar do Planalto, onde fica o gabinete presidencial. O botão para o andar, porém, havia sido bloqueado minutos antes, para evitar o acesso de terceiros.
A exclusão de GDias da reunião vem após as críticas de integrantes do governo Lula ao GSI, a quem acusam de leniência com as invasões golpistas na sede do Planalto, em 8 de janeiro.
Desde os atos, dezenas de militares do GSI foram dispensados dos cargos. Até o dia 8, apenas seis militares que trabalhavam para a pasta durante o governo de Jair Bolsonaro haviam sido exonerados dos cargos.