Segundo cientista político, situação coloca Israel em uma posição de vantagem e ressalta capacidade de inteligência necessária para realizar operações como essa e a que matou comandante do Hezbollah
O líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, foi morto nesta quarta-feira (31) em um ataque em Teerã, enquanto visitava o Irã para participar da posse do novo presidente do país. Haniyeh é o líder de mais alto escalão do grupo terrorista Hamas fora da faixa de Gaza.
O site do grupo terrorista afirma oficialmente que ele foi assassinado em um “ataque israelense”. Nos últimos anos, o palestino havia assumido um papel central no comando do Hamas, a partir de sua sede internacional, no Catar.
Haniyeh foi diretamente responsável pelo assassinato de milhares de israelenses, incluindo aqueles mortos no dia 7 de Outubro, no massacre realizado pelo Hamas no sul de Israel. Na ocasião, o líder incentivou os ataques terroristas contra Israel, convocando “os filhos de toda esta nação, em suas várias localidades, para se juntarem a esta batalha de qualquer maneira que puderem”. Ele também afirmou, no contexto da guerra, que o grupo precisava do “sangue das mulheres, crianças e idosos” para despertar o “espírito revolucionário”. Em vídeo de outubro de 2023, Haniyeh aparece comemorando e agradecendo a Alá por terem conseguido realizar o atentado em Israel, considerando-o uma “vitória” para seu povo.
“Diferentemente do que alguns veículos têm informado, Haniyeh não era moderado. Ele é responsável pela morte de civis israelenses e também palestinos, com a pressão que o Hamas efetua na Faixa de Gaza nos últimos 17 anos”, afirma André Lajst, cientista político e presidente-executivo da StandWithUs Brasil. “A eliminação do líder do Hamas no Irã coloca Israel numa posição de vantagem – caso se confirme que foi de fato Israel – e mostra sua capacidade de matar líderes de grupos terroristas em países da região com os quais não possuem nenhum tipo de acordo, o que também traz à luz a cooperação de libaneses e iranianos com os israelenses na transferência de informações e inteligência necessária para que essas ações possam acontecer”.
O grupo terrorista Hezbollah, do Líbano, emitiu suas condolências pela morte do chefe do Hamas. O Hezbollah, que, assim como o Hamas, é apoiado pelo Irã, não acusou Israel especificamente, mas disse que isso tornará os grupos apoiados pelo Irã mais determinados a confrontar Israel.
O Catar, que hospeda a liderança do Hamas e mediou as negociações de trégua para a guerra em Gaza, disse que o assassinato foi uma “escalada perigosa”, acrescentando que “levará a região a mergulhar no caos e prejudicará as chances de paz”. China, Jordânia, Síria, Turquia e Egito também condenaram o ataque e alertaram para uma possível escalada do conflito.
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, prometeu uma “punição severa” para Israel após o assassinato de Haniyeh, e o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, disse que o Irã “defenderá sua integridade territorial, dignidade, honra e orgulho, e fará com que os ocupantes terroristas se arrependam de seu ato covarde”.
As Brigadas Izz a-Din al-Qassam, a ala militar do Hamas, dizem que o assassinato do líder do grupo em Teerã é um “evento crítico” que leva a batalha com Israel a “novos níveis” e terá “grandes repercussões em toda a região”.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, diz que um cessar-fogo em Gaza era “imperativo”, após o assassinato do líder político do Hamas. Ele também afirmou que os EUA não tinham conhecimento do assassinato de Haniyeh e que é difícil especular o impacto dessa ação.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, convoca o gabinete de segurança hoje. A reunião acontece logo após os assassinatos de Haniyeh e de Fuad Shukr, número 2 no comando do Hezbollah, responsável pelo projeto de mísseis de precisão do grupo terrorista. Shukr foi eliminado ontem, em um subúrbio de Beirute.