Fiel Observador
O Exército Brasileiro deu a largada ao seu mais importante projeto militar da atualidade, o VBC Cav: Viatura Blindada de Combate de Cavalaria (VBC Cav). Este é para o Exército aquilo que o Gripen foi para a Força Aérea e a classe Tamandaré para a Marinha. É um projeto necessário que vai trazer poder de fogo, mobilidade estratégica, é uma capacidade militar há muito desejada pelo Exército.
A única diferença com os programas das Forças irmãs é que a Força Terrestre não pode comprar um projeto em desenvolvimento ou veículos que só possuem protótipos e demonstradores de tecnologia, e porque não existem muitos veículos no mercado capazes de serem avaliados.
O VBC Cav cujo processo de aquisição está sendo executado pela Diretoria de Material (DMAT) do Comando Logístico (COLOG) é um projeto que possui um timing reduzido. Ele precisa ser decidido em 2021, se for deixado para 2022, ano eleitoral, as chances de deixar de ser prioridade ou ser cancelado são muito grandes. Também precisamos fazer o debut desses veículos em 7 de Setembro de 2022, na Parada Militar Histórica dos 200 anos da Independencia do Brasil.
A necessidade para esses veículos, seja para a Brigada Guarani, para missões de paz, para equipar os Regimentos de Cavalaria Mecanizada, e como uma ótima opção para os Regimentos de Cavalaria Blindada e também para gradualmente vir a substituir os blindados Cascavel, quase chegando aos cinquenta anos.
O Exército Brasileiro precisa tomar uma decisão rápida, mas ela precisa ser sábia e certeira. O calibre de 105mm precisa ser abandonado. Escolher um canhão de 105mm é retrocesso. O VBC Cav vai operar pelos próximos 50 anos. Precisamos possuir poder de fogo compatível para lutar e vencer nos teatros de operação da atualidade e do futuro. Justificar a comunalidade com o calibre do Leopard 1 A5BR, veiculo desenvolvido há quase 70 anos é falta de visão estratégica. O Exército precisa escolher uma torre equipada com canhão de 120 milímetros, capaz de atirar mais longe e usar vários tipos de munição. Essa mesma torre poderá equipar o futuro carro de combate sobre lagartas, trazendo comunalidade logística e operacional.
Dos veículos oferecidos ao Exército, exceto dois, todos os demais são viaturas blindadas de transporte adaptadas com canhões de 105 milímetros. A maioria deles são protótipos, que não foram qualificados e certificados, sendo que seus fabricantes esperam que o Brasil “banque” seu projeto de desenvolvimento. Os custos não recorrentes (RNE) para a integração da torre e a montagem no chassi do VBTP custarão muito caro e o veículo nunca será um verdadeiro carro blindado de combate de cavalaria. Será apenas um custoso problema logístico.
O Exército Brasileiro precisa fazer uma decisão segura, que traga comunalidade com outros projetos em curso. Precisa ter certeza do parceiro que vai escolher. Alguns dos países que ofertaram os veículos já embargaram a venda de equipamentos mais simples ao Exército Brasileiro por supostas violações dos direitos humanos. Outros são oportunistas distantes que não são alinhados estratégicamente com o Brasil, com pouca ou nenhuma relação industrial ou política, principalmente na esfera militar.
Não podemos escolher um protótipo, muito menos uma adaptação. Forças Armadas não são lugar para gambiarras, principalmente quando elas custam dezenas de milhões de dólares. Veja a dificuldade e a complexidade tecnológica que foi instalar e integrar uma pequena torre automática 30mm no VBTP Guarani.
GDLS Striker M-1128 MGS (Mobile Gun System), será retirado de serviço pelo US Army até o fim de 2022.
Veja como o Striker M-1128 MGS (Mobile Gun System), um VBTP adaptado com canhão 105 mm foi um fracasso que custou muito caro e que nunca foi eficaz no campo de batalha, será retirado de serviço até o fim de 2022. Agora imagine montar um canhão de 105mm em veículos que foram projetados somente para transportar tropas. O peso, a vibração, a durabilidade e eficiência do carro será reduzida. Com o tempo ele vai trincar e dependendo do calibre se desmontar. Nem podemos imaginar instalar um canhão 120mm sobre um veículo que não foi inteiramente desenvolvido para isso.
O Exército Brasileiro precisa fazer uma escolha com aderência tecnológica, industrial, logística, operacional, doutrinária e de política exterior. Precisamos escolher um país com quem sabemos que podemos confiar. Uma escolha que também se adeque e tenha comunalidade logística com os futuros projetos.
Com base nessa avaliação, já temos um short list, ou melhor, sabemos aquela que representa a escolha mais segura, em todos os quesitos, e que vai trazer poder de fogo com canhão 120mm, a mais avançada tecnologia embarcada, maior dissuasão através de uma mobilidade estratégica. Uma capacidade militar que vai fazer do nosso Exército mais uma vez um dos mais poderosos da região, cuja tropa de Cavalaria será capaz de fazer frente a qualquer tipo de ameaça.
Torcemos para que o Exército Brasileiro faça essa escolha o mais breve possível e esperamos ver a apresentação dos novos Veículos Blindados de Combate de Cavalaria, em 7 de Setembro de 2022!