Trabalhadores da Embraer reunidos em assembleia do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos aprovaram nesta quinta-feira um plano contra as demissões programadas pela empresa. A companhia anunciou na semana passada um plano de demissões voluntárias (PDV) para os empregados de todas as unidades no Brasil e ontem o detalhou, determinando o prazo entre a próxima terça-feira (23) e 14 de setembro para a adesão, com desligamento previsto para a primeira semana de outubro. A companhia pretende economizar cerca de US$ 200 milhões com essa e outras medidas de redução de custos.
A proposta aprovada pelo sindicato e pelos trabalhadores exige o cancelamento imediato do plano de demissões. Do contrário, a ordem será "demitiu, parou". Como alternativa aos cortes, o sindicato propôs que a Embraer "pare com o processo de transferência de parte da produção para o exterior e que os acionistas arquem com a multa de US$ 200 milhões referente ao caso de corrupção".
O sindicato vem se posicionando contrariamente ao PDV desde que ficou sabendo do plano e acusa a empresa de cobrar dos trabalhadores a conta do suposto esquema de corrupção pelo qual tem sido investigada. O valor de US$ 200 milhões também é o montante provisionado pela companhia no segundo trimestre deste ano relacionado a caso de "não conformidade" com o U.S. Foreign Corrupt Practices Act (FCPA). Desde 2010, a Securities and Exchange Commission (SEC) e o Departamento de Justiça dos EUA investigam a companhia por suspeitas de irregularidades na venda de aeronaves fora do Brasil.
"A Embraer quer que os trabalhadores paguem pelos erros e irresponsabilidades cometidos por ela própria. Não pagaremos esta conta", disse o vice-presidente licenciado do sindicato, Herbert Claros, por meio de nota.
A entidade também critica o processo de desnacionalização da produção da Embraer, como um dos fatores que podem levar ao fechamento de postos de trabalho no Brasil. O sindicato lembra que a fabricante de aeronaves já transferiu a produção dos jatos Phenom para os Estados Unidos e diz que a próxima linha será a do modelo Legacy. "O plano de demissões contradiz a declaração feita em junho pelo presidente e CEO da Embraer Executives Jets, Marco Tulio Pellegrini.
Na época, ele afirmou para a imprensa que “cada emprego gerado nos Estados Unidos geraria outros cinco no Brasil”. O que se vê hoje é exatamente o contrário", disse, citando que a fábrica de Melbourne possui 600 trabalhadores e deve abrir mais 600 vagas ao longo de cinco anos.
A assembleia foi realizada entre as 5h45 e as 7h45 e, segundo o sindicato, reuniu cerca de 8.000 trabalhadores da produção e setor administrativo.
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