Sgt José Lino- CIBld
Centro de Instrução de Blindados
Proteger veículos blindados no campo de batalha na atualidade constitui-se em uma tarefa tão importante para os exércitos quanto difícil, e ao mesmo tempo um grande desafio. A evolução dos conflitos nos últimos anos, o largo emprego de armas anticarro, assim como a grande evolução dessas armas e munições, faz com que até mesmo os mais pesados e modernos carros de combate tenham sido gravemente danificados ou destruídos em conflitos recentes.
Apesar de toda a evolução dos materiais empregados, as blindagens ficam cada vez mais limitadas, pois qualquer acréscimo resulta em aumento do peso e tamanho dos veículos, o que pode diminuir o seu desempenho no campo de batalha. Na tentativa de melhorar a proteção dos blindados no campo de batalha, tornou-se imperativo encontrar maneiras de fazer frente as ameaças.
Os Sistemas de Proteção Ativa (Hard-Kill) são dispositivos que visam localizar, identificar e eliminar as ameaças antes que estas impactem o veículo (disparando munições na direção das ameaças). Esses sistemas normalmente se dividem em sistemas de tiro direto e interceptadores.
São utilizados também dispositivos com medidas de Proteção Passiva (Soft-Kill), que tem como função bloquear ou degradar a orientação de mísseis, telêmetros laser e designadores laser, evitando que o blindado seja detectado, (visam confundir os computadores de tiro dos mísseis).
Existem também dispositivos que possuem as duas funções, (Hard-Kill e Soft-Kill) e ainda dispositivos que utilizam descargas de energia na direção da ameaça, (energia direcionada), o que minimiza os riscos colaterais.
Entre os países que utilizam Sistemas de Proteção Ativa em seus blindados estão:
ISRAEL – O Sistema de Proteção Ativa Trophy é considerado hoje como o estado-da-arte para os APS. O Trophy é um dos sistemas que se acredita terem sido usados em combate durante a incursão israelense de 2014 em Gaza, conhecida como Operação Protective Edge. O sistema Trophy inclui quatro radares em torno de um blindado, com 360º de cobertura, uma unidade de controle central e dois lançadores.
O Trophy é projetado para neutralizar todos os tipos de ameaça disparados, desde RPG, munição alto explosiva, tandem e até mísseis AC. A Indústria Militar de Israel (IMI) também criou seu próprio APS, conhecido como Iron Fist. Trata-se de um sistema de proteção ativa do tipo interceptador e caracteriza-se por possuir um par de lançadores, cada um cobrindo um campo de 270 graus. Cada lançador carrega dois tubos interceptadores e geralmente também um sensor eletro-óptico (EO) como uma alternativa.
RUSSIA – A Rússia foi a primeira nação a lançar um Sistema de Proteção Ativa, em 1980 chamado Drozd, em vários T-55AD, para proteção dos seus CC contra mísseis anticarro e RPG, alguns dos quais foram utilizados no Afeganistão.
O sistema Drozd foi instalado na torre do veículo, com tubos de lançamento para oito interceptadores não guiados de 105 mm, dispostos em pares e montados nos lados da torre para fornecer cobertura frontal de 60º, com ogiva de fragmentação para derrotar armas anticarro.
Embora seja supostamente eficaz, o uso da ogiva de fragmentação tem alto risco de danos colaterais para quaisquer forças amigas ou civis nas proximidades.
Um novo sistema chamado Arena-3, desenvolvido subsequentemente, cobre 360º em quatro quadrantes, podendo interceptar dois alvos em cada direção, em intervalos de 0,3 segundos. Ele é projetado para interceptar projéteis e mísseis a uma distância de 50 metros do blindado protegido.
A Rússia desenvolveu também o sistema APS Shtora, um soft-kill, que conta com sensores de alerta e duas lâmpadas infravermelhas para confundir sistemas de orientação de mísseis anticarro .
O Shtora está em serviço nos blindados russos T-90 e T-80U, em alguns T-90 argelinos e nos T-84 Oplot da Tailândia e da Ucrânia. O novo veículo blindado russo T-14 Armata está equipado com o APS Afganit, que consiste em 10 tubos lançadores (5 de cada lado da torre), enquanto diferentes sensores são posicionados ao redor da torre proporcionando capacidade de detecção em 360º.
Quando uma ameaça é detectada, o sistema ativa um foguete interceptador de um dos tubos, que neutraliza a ameaça. O sistema possui ainda um bloco com 12 lançadores de granadas fumígenas capazes de criar uma espessa cortina de fumaça para o caso de ataque de mísseis ou foguetes.
ALEMANHA – O AMAP-ADS é um Sistema de Proteção Ativa produzido pela Empresa Alemã ADS Gesellschaft fur aktive Schutzsysteme, (Advanced Armadura Modular Armor Protection) Sistema de Proteção Modular Avançada (AMAP-ADS). O AMAP-ADS é um sistema que funciona com sensores e contramedidas distribuídos e instalados ao redor do veículo.
Para veículos menores (4X4, por exemplo) o AMAPADS é instalado no teto e para veículos maiores como VBCCC, VCBFuz e veículos 8X8, as unidades de sensores e contramedidas são integradas diretamente na blindagem do veículo. A detecção e o controle de tiro são conduzidos por sensores eletro-ópticos (EO), enquanto o mecanismo de tiro do AMAP-ADS é descrito como "energia direcionada", minimizando riscos colaterais.
A Alemanha optou por utilizar o Sistema Multifuncional de Auto-proteção (MUSS), da Krauss- Maffei Wegmann em seus novos VBCFuz Puma. O APS MUSS é um sistema soft-kill que usa um intensificador infravermelho e lança fumígenos.
TURQUIA – A Turquia também está investindo em tecnologias de APS para desenvolver e qualificar o seu sistema APS Akkor. O Akkor é um sistema tipo interceptador típico, incluindo dois lançadores duplos e quatro painéis de radar para cobertura de 360º.
O Akkor também inclui um elemento soft-kill baseado em sensores de alerta laser e lança fumígenos. O sistema está sendo desenvolvido em paralelo com o programa da VBCCC Altay da Turquia. Muitos países da Ásia têm buscado desenvolver um APS para os seus veículos blindados.
CORÉIA DO SUL – Na linha de frente destes está o KAPS, desenvolvido pela Agência para o Desenvolvimento da Defesa (ADD) para a VBCCC K2 Black Panther. O KAPS é um APS do tipo interceptador com dois lançadores, cada um deles armado com dois tubos de lançamento de 70 mm.
Os lançadores são acoplados a um conjunto de radares separado dos dedicados ao controle de fogo e de alerta, localizados na frente da torre do K2. O APS KAPS utiliza seus radares para alerta e rastreamento, com um sensor eletro-óptico (EO) fornecendo orientação de controle de fogo.
CHINA – A China também está desenvolvendo um APS para se adequar a sua VBCCC Tipo 98/99 e provavelmente será um sistema de tipo interceptador.
ÁFRICA DO SUL – Um dos APS mais avançados do tipo interceptador é o Sistema de Defesa Eletrônica Terrestre (LEDS), que foi desenvolvido na África do Sul pela Avitronics. O LED é uma família de sistemas que incorpora ambos os sistemas soft-kill e hard-kill.
A parte de hard-kill dos LEDS normalmente inclui dois lançadores diretos de alta velocidade por veículo. A munição principal, Mongoose 1, é instalada em embalagens de seis por lançador e tem um alcance efetivo de 5-20 m.