“Foco no usuário, mas buscando economia e atenção às normas legais”. Assim o Chefe do Departamento-Geral do Pessoal (DGP), General de Exército Manoel Luiz Narvaz Pafiadache definiu as metas de sustentação do sistema de saúde assistencial do Exército até 2020.
Sua palestra, presenciada por diversos militares da ativa e da reserva e transmitida ao vivo para toda a jurisdição da 5ª Região Militar (5ª RM), que envolve os Estados do Paraná e de Santa Catarina, fez um diagnóstico corajoso, amparado em dados incontestáveis do atual Sistema.
A visita ao Hospital de Guarnição de Florianópolis (HGuFl) e ao Hospital Geral de Curitiba (HGeC), de 12 a 14 de julho, permitiu-lhe observar o esforço e as soluções da 5ª RM quanto às demandas apresentadas pelo DGP há alguns meses, em face do congelamento do orçamento da União (PEC 241/55), visando evitar graves dificuldades ao pessoal a partir de 2020.
Tais demandas incluem o recadastramento dos beneficiários do FUSEx, a atenção às normas de regulação para o atendimento domiciliar, o reforço das auditorias médicas, a centralização dos laboratórios e dos pregões de material de saúde, o aumento da produtividade médica e a priorização dos encaminhamentos para hospitais militares em lugar dos hospitais civis.
Urgências e emergências não sofrem restrição
Em Curitiba, a palestra de maior alcance ocorreu no auditório no Colégio Militar, no dia 13 de julho, onde cerca de 400 militares da ativa e da reserva assistiram à apresentação do Chefe do DGP, junto a representantes das 20 Unidades Gestoras da Saúde na 5ª RM, que acompanharam em tempo real, por videoconferência.
A divulgação dessa nova realidade visa explicar aos militares e a seus dependentes o alcance das novas medidas, que não afetam urgências e emergências, nem criam novas despesas. Tais medidas mostram a todos que o Fundo de Saúde do Exército (FUSEx) é constituído pela contribuição e desconto dos titulares e requer mecanismos de controle justos e sustentáveis para procedimentos médicos de alto custo e de caráter eletivo (sem urgência).
Inflação médica: um desafio
O grande desafio segue sendo a necessidade de cortar custos médicos, mantendo o elevado padrão de atendimento ao usuário. A galopante inflação dos serviços médicos e hospitalares, que chegou a 19% em 2016, também foi discutida e é a principal causa para o alerta geral.
A comitiva do DGP dirigiu-se especialmente aos corpos médicos, a fim de motivá-los ao novo desafio e fez diversas orientações de como aumentar a produtividade médica e odontológica, com a adoção do regime de comodato para equipamentos.
Programa de Atenção e Cuidados aos Idosos Vulneráveis
Uma das boas práticas elogiadas pelo DGP foi o Programa de Atenção e Cuidados aos Idosos Vulneráveis (PROCIV), que é uma forma de a equipe médica do HGeC atuar de maneira preventiva na saúde da terceira idade.
Além disso, para melhorar ainda mais a qualidade de vida do paciente idoso considerado vulnerável, a equipe vai até sua residência para um atendimento ambulatorial diferenciado, bem como para informar aos cuidadores e/ou responsáveis sobre procedimentos a serem adotados na recuperação do paciente.
Esse programa, na 5ª RM, chama-se Assistência Médico-Odontológica Domiciliar (AMODOM), a cargo do HGeC, e é citado pelo Comandante da 5ª RM, General de Brigada Aléssio Oliveira da Silva, como a principal razão para o baixo número de serviços civis de “Home Care”. O programa ajuda, também, no controle das internações na região de Curitiba, onde mais de 300 pacientes são beneficiados pelo AMODOM em suas residências, sem custo adicional.
A comitiva do DGP mostrou-se impressionada com o aumento significativo da produção médica nos Hospitais de Curitiba e Florianópolis, bem como com as boas práticas inovadoras adotadas em diversos setores, como os desdobramentos do PROCIV, a ampliação da fisioterapia e a divulgação interna das novas medidas.
Motivação: “Esperamos merecer, mais que precisar”
“Saio muito satisfeito com o que foi apresentado aqui”, afirmou o General Pafiadache, que ressaltou a importância da visita presencial em todo o País para sanar dúvidas sobre o Sistema de Saúde do Exército Brasileiro e para conhecer os diferenciais e pontos de melhoria de cada Unidade.
Por sua vez, o Comandante da 5ª RM acredita que é possível melhorar ainda mais a situação dos custos por meio da contratação de novos auditores. Para se evitar internações emergenciais, o desejável é, também, a ativação de novas equipes AMODOM. Finalmente, a boa prática de criação de polos laboratoriais está em marcha, aguardando apenas o sinal verde dos recursos para a aquisição de alguns equipamentos para os postos de coleta.
As internações em hospitais civis, com custos elevados e auditorias difíceis para os quartéis com poucos recursos humanos, fizeram o Comandante da 5ª RM sugerir, em sua apresentação ao Chefe do DGP, que se poderia oferecer uma redução substancial dos gastos atuais por meio do incremento de pessoal para auditorias (enfermeiros especialistas e médicos) em localidades mais sensíveis, como Foz do Iguaçu, Criciúma, Joinville, Guarapuava e Blumenau.
Sugeriu-se, ainda, que novas equipes de AMODOM fossem referendadas pelo DGP nas Guarnições de Joinville, Ponta Grossa, Rio Negro e Cascavel, o que favoreceria o apoio ao idoso vulnerável nas proximidades.
Ao término das visitas realizadas pelo DGP, o Gen Aléssio frisou a motivação, o entusiasmo e a comunicação interna como fatores de êxito para a etapa atual dos trabalhos. Além disso, registrou a conhecida vocação da 5ª RM para eficientes resultados na área de atendimento ao pessoal e fez questão de dizer que novos recursos humanos seriam muito bem-vindos, não só pela necessidade, mas principalmente pela vontade, de todos os integrantes da 5ª RM, de participar da solução: “esperamos merecer, muito mais do que precisar”.