A Rússia advertiu neste domingo (6) os países vizinhos da Ucrânia sobre o risco que representa receber aviões de combate ucranianos utilizados na guerra entre os dois Estados.
"Praticamente, toda a aviação do regime de Kiev apta para o combate foi destruída. Mas sabemos por uma fonte segura que algumas aeronaves ucranianas voaram para a Romênia e outros países vizinhos", disse o porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, Igor Konashenkov.
"O uso da rede de aeródromos destes países como base para aviões militares ucranianos e seu uso posterior contra as Forças Armadas russas poderia ser considerado como um envolvimento destes países no conflito armado", acrescentou.
"Isto é pura retórica para desviar a atenção do que está acontecendo realmente no terreno: civis mortos, normas de um conflito armado que estão sendo burladas", respondeu o primeiro-ministro da Romênia, Nicolae Ciuca, em entrevista para a televisão. O governo russo "pode tentar nos intimidar […], não temos nenhuma razão para nos sentirmos ameaçados", acrescentou.
Nicolae Ciuca mencionou um incidente reportado pelo exército romeno em 24 de fevereiro, primeiro dia da ofensiva russa, quando um avião de combate ucraniano foi interceptado no espaço aéreo romeno e obrigado a aterrizar no país.
O piloto explicou que teve problemas técnicos a bordo, segundo Bucareste. "O avião voltou a decolar [em 1º de março] não armado da Romênia, justamente para evitar qualquer acusação possível" por parte de Moscou, ressaltou o primeiro-ministro, ao detalhar que as autoridades romenas tornaram público o incidente "com total transparência".
A Ucrânia, que é alvo de uma invasão do exército russo desde 24 de fevereiro, apela aos países ocidentais para que estabeleçam uma zona de exclusão aérea sobre o seu território, algo que a OTAN rechaçou, alegando que representaria forte risco de confrontação direta com Moscou.
No sábado, o presidente russo, Vladimir Putin, advertiu que a Rússia consideraria como um adversário militar qualquer país que tentasse impor uma zona de exclusão aérea na Ucrânia.
A fake news dos caças poloneses
O gabinete do primeiro-ministro Mateusz Morawiecki desmentiu no Twitter que enviará aviões para a Ucrânia: "A Polônia não enviará seus caças para a #Ucrânia, nem permitirá o uso de seus aeroportos. Ajudamos significativamente em muitas áreas".
A notícia era que os Estados Unidos estudava fornecer caças da Polônia, da era soviética (MiG29), para ajudar a Ucrânia a enfrentar a Rússia. As informações são do jornal The New York Times. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky implorou ao governo norte-americano por ajuda militar.
A Casa Branca disse que estava discutido um acordo com a Polônia que substituiria os aviões poloneses por F-16 norte-americanos, mas as autoridades do país europeu não se entusiasmaram.
Um acordo de fornecimento de jatos exigiria a aprovação do Congresso e está sendo discutido com outros países da OTAN, mas a entidade quer evitar qualquer conflito direto com os militares russos na Ucrânia ou em seu espaço aéreo.
Porém, durante visita à Moldávia, o secretário de Estado norte-americano, Antony J. Blinken, declarou que os Estados Unidos estão estudando a ideia de fornecer jatos para a Polônia caso o país opte por enviar seus próprios jatos para a Ucrânia.
"Estamos analisando ativamente agora a questão dos aviões que a Polônia pode fornecer à Ucrânia e analisando como poderemos abastecer, caso a Polônia decida fornecer esses aviões", disse Blinken. "Não posso estipular tempo, mas posso apenas dizer que estamos analisando muito, muito ativamente."
A União Européia havia examinado a ideia de fornecer jatos soviéticos para a Ucrânia. O chefe de política externa Josep Borrell Fontelles até os prometeu, mas a ideia foi abandonada. Entre os países do grupo, apenas Polônia, Eslováquia e Bulgária ainda usam jatos da era soviética.