O Simulador de Apoio de Fogo visa transformar a educação militar do Exército Brasileiro no século XXI. É uma ferramenta valiosa e muito utilizada pelos exércitos mais poderosos do mundo para o treinamento de seus combatentes. Dentro desse escopo, o Simulador de Apoio de Fogo tem a missão de auxiliar no adestramento e no ensino dos Grupos de Artilharia de Campanha e dos Estabelecimentos de Ensino da Força Terrestre.
Melhoria do Processo Ensino-Aprendizagem
O Simulador de Apoio de Fogo (SIMAF) é um projeto do Sistema de Simulação para o Ensino (SIMENS), que visa transformar a educação militar do Exército Brasileiro (EB). Em operação a partir de 2016, com modernos e variados meios auxiliares de instrução, os simuladores contribuirão sobremaneira para facilitar o ensino do sistema de fogos e a aprendizagem de alunos e tropas nos estabelecimentos de ensino e organizações militares operacionais do EB.
Entre os modernos recursos que o simulador de apoio de fogo proporcionará aos instruendos destacam-se: imagens virtuais de campos de instrução e de ambientes operacionais; tiros simulados com obuseiros e morteiros orgânicos do EB; realização de tiro simulado com munições convencionais e inteligentes; disponibilidade de equipamentos optrônicos com visão noturna e telemetria laser; utilização de instrumentos topográficos; simulação de imagens de Sistema Aéreo Remotamente Pilotado (SARP) e de radar de contrabateria, para trabalhos de inteligência e de busca de alvos; exploração das comunicações; além de trabalhos de logística e integração entre os sistemas de fogos e manobra.
O projeto é fundamental para o aperfeiçoamento do ensino militar e de sua adequação ao atual cenário científico e tecnológico. Com o avanço da tecnologia nos últimos 50 anos, várias ferramentas de ensino desenvolveram-se nos mais diversos setores da sociedade, tornando o processo ensino-aprendizagem mais atrativo, eficiente e dinâmico.
Na Força Terrestre, a transmissão de conhecimentos ligados ao apoio de fogo em campanha não acompanhou a rápida e dinâmica evolução mundial da doutrina militar e dos equipamentos bélicos, ainda utilizando conceitos e materiais oriundos da 2ª Guerra Mundial, que acarretam dificuldades de ordem doutrinária e logística.
A Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) é o estabelecimento de ensino do EB voltado para a formação dos oficiais da linha bélica da Força Terrestre e um dos principais vetores de aperfeiçoamento do ensino militar. Com foco nessa missão e em consonância com as diretrizes estabelecidas pelo Processo de Transformação do EB, a AMAN programa a utilização de sistemas de simulação para propiciar o incremento do processo militar de ensino e possibilitar aos cadetes o contato com equipamentos modernos e eficazes para a aprendizagem e para o treinamento dos conhecimentos bélicos.
Nesse caso, a inclusão do simulador de apoio de fogo na grade curricular dos cadetes da AMAN, no ano de 2016, destaca o papel protagonista da simulação no processo ensino-aprendizagem da doutrina militar terrestre. O simulador de apoio de fogo será mobiliado por cadetes para treinamento dos conhecimentos e para o adestramento dos procedimentos ligados ao sistema de fogos, em períodos que antecedem a realização das Escolas de Fogo de Instrução (EsFI), onde há a utilização de munições convencionais e especiais na execução de tiro real.
A programação de utilização do SIMAF por instruendos proporcionará um ambiente de aprendizagem mais moderno e atrativo para cerca de 90% dos estabelecimentos de ensino do EB sediados nos Comandos Militares do Leste, do Sudeste e do Sul. O uso de equipamentos de simulação de última geração, que muito se assemelham aos controles e ao visual dos games comerciais, atrai a atenção dos jovens militares e transformam-se em importante incentivo para tornar o processo ensino-aprendizado mais adequado e atualizado.
Além do atrativo natural da simulação, a capacidade de repetição de condutas e procedimentos individuais e coletivos em curto espaço de tempo, aliada à realidade proporcionada pelos seus meios, possibilitará ao instruindo a execução de tiros que, atualmente, não são realizados nos exercícios de campo convencionais.
De todo o exposto, a capacitação conferida pelo SIMAF, ao possibilitar a simulação de exercícios completos de tiro e o desenvolvimento das competências elencadas na grade curricular do Sistema de Fogos do EB, proporcionará uma importante evolução do processo ensino-aprendizagem no ensino militar da Força Terrestre.
Ferramenta de Adestramento e Ensino do Sistema de Fogos
Os sistemas de simulação operacional são uma ferramenta valiosa e muito utilizada pelos exércitos mais poderosos do mundo para o treinamento de seus combatentes. Empregada com eficiência e eficácia, a simulação aumenta o número de horas de treinamento dos militares, reduzindo os custos com o ensino e com o adestramento.
Nesse sentido, o EB vem investindo em simuladores e centros de simulação, a fim de aproximar, cada vez mais, o treinamento da realidade, com mais segurança e economia de meios e de tempo.
Dentro desse escopo, o SIMAF da AMAN tem a missão de apoiar o adestramento e o ensino de nove Grupos de Artilharia de Campanha (GAC) e de sete Estabelecimentos de Ensino (EE), atendendo, assim, a todos os GAC e EE da região sudeste.
As vantagens do emprego da simulação são numerosas e incluem:
– a otimização do uso da munição real;
– a redução de gastos com deslocamentos para os campos de instrução, cada vez mais restritos;
– a economia com a atividade logística de manutenção, pela diminuição dos danos causados ao material de emprego militar por guarnições que ainda estão em processo ensino-aprendizagem;
– a possibilidade de repetição de procedimentos, sem custos adicionais;
– a condução aproximada do tiro de artilharia;
– o treinamento no combate urbano, sem danos colaterais;
– a possibilidade do controle de variáveis, como a meteorologia e o inimigo;
– e um feedback rápido e preciso dos exercícios realizados.
Outro aspecto de vulto a ser considerado em tempos de preservação da natureza, notadamente para a artilharia, diz respeito ao efeito causado no meio ambiente com a realização de tiro real com munições de grosso calibre, o que é preservado na simulação.
O uso de simuladores cresce em importância, tendo em vista a atual situação de contingência orçamentária da Força Terrestre. Sabe-se que, desde 2007, o Comando de Operações Terrestres (COTER) estabelece uma Dotação de Munição Anual Reduzida (DMA-R), de forma a disponibilizar o mínimo possível de munição para a formação e para a manutenção dos padrões dos combatentes da Artilharia de Campanha. Essa diminuição, da ordem de 75%, tem trazido consequências negativas para a operacionalidade dos GAC.
Assim, a simulação possibilita o retorno da obtenção dos padrões mínimos definidos nos objetivos de adestramento de artilharia (OA Art), antes desconsiderados, pela necessidade da economia na compra de munição.
Outra grande vantagem é o salto de tecnologia oferecido pelo ambiente de simulação. Esse meio permite conjugar os atuais Materiais de Emprego Militar (MEM) previstos em nossa doutrina e utilizados nos 29 GAC pelo Brasil, com equipamentos no “estado da arte” usados por Forças Armadas em combates recentes no cenário mundial.
Como exemplo, podemos alternar a visão dos binóculos com a visão do JIM LR (optrônico multifuncional de amplo espectro).
O SIMAF permite adestrar todos os subsistemas da Artilharia de Campanha: direção e coordenação do tiro, observação, linha de fogo, meteorologia, busca de alvos, logística, topografia Obuseiro 155mm – Monitor confirmando os trabalhos Linha de Fogo Morteiro 120mm Linha de Fogo Obuseiro 155mm Morteiro 120mm Mobiliado e comunicações. Além disso, possibilita o adestramento de Estado- Maior até o nível Brigada, pelo uso das simulações virtual, construtiva e viva, em salas específicas e integradas, utilizando equipamentos similares aos de dotação orgânica da Força, com as mesmas características físicas e operacionais.
Dessa forma, antes da realização do tiro real, os GAC poderão realizar exercícios de simulação nas instalações do SIMAF e adestrar todos os seus subsistemas e Estados-Maiores, de forma flexível e modular, como se estivessem no terreno real, utilizando obuseiros/morteiros sensorizados e equipamentos optrônicos (binóculos, bússola, GPS etc.) integrados à simulação.
Esse treinamento permite otimizar procedimentos, realizar repetições sem custos adicionais e inúmeros disparos com munições de elevado valor, além de avaliar as condutas dos militares.
Após a atividade de treinamento no simulador, os militares estarão preparados para realizar o tiro real no campo, o que seria o coroamento da instrução.
É importante ressaltar que a simulação não visa substituir o tiro real de artilharia, mas permitir um melhor adestramento e a prática de exercícios pouco executados, devido à falta de munição, como os tiros iluminativos, fumígenos e com munições “inteligentes” (cooperhead ou com propulsão adicional).
Por tudo isso, pode-se afirmar que os simuladores aumentarão a qualidade do adestramento da tropa, com custos reduzidos em relação ao exercício real, pela economia de munição, de combustíveis e dos materiais de emprego militar, além da possibilidade da repetição de procedimentos e da avaliação eficiente e rápida do sistema.
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