No dia em que completa 78 anos, a Força Aérea Brasileira (FAB) cumpre a importante tarefa de assegurar o transporte aéreo do Presidente da República. Na noite deste domingo (20/01), ocorreu a decolagem do primeiro voo oficial do Presidente Jair Messias Bolsonaro após sua posse como mandatário do Executivo.
A aeronave presidencial VC-1 Airbus A319CJ partiu da Ala 1, em Brasília (DF), com destino a Zurique, na Suíça. De lá, a comitiva segue para a cidade de Davos, onde participa do Fórum Econômico Mundial. Antes do embarque, o Presidente parabenizou o Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez, pelo 78º aniversário da FAB. "Dentro das nossas comemorações, o saudamos por este primeiro voo, com votos de que tenha sucesso na missão", retribuiu o Oficial-General.
Na aeronave, os passageiros receberam as boas-vindas da tripulação e todas as informações sobre o voo até a Europa. A rota para essa missão foi planejada em duas etapas. Foram estimadas cerca de 7 horas de voo até Las Palmas, situada na ilha de Gran Canária, onde é feito um pouso técnico para reabastecimento. De lá, o avião segue até Zurique, na Suíça, com tempo previsto de aproximadamente 4 horas.
Segurança
O Comandante da aeronave, Major Paulo Henrique dos Santos Costa, diz que garantir o transporte do Presidente da República requer um processo rigoroso de preparação da tripulação, que deve estar capacitada para qualquer situação. "É uma responsabilidade muito grande. Todos os envolvidos devem estar focados principalmente na segurança de voo, que é a nossa maior bandeira", completa.
O Oficial conta que, nos dias que antecedem a decolagem, é realizado um briefing com toda a tripulação, quando são repassadas as informações mais importantes da missão. "Checamos todas as peculiaridades, as características do aeródromo, a meteorologia, a rota. Tudo o que for possível para minimizar surpresas", descreve. Também integrante da tripulação que transporta o Presidente para Zurique, uma das comissárias de voo, a Sargento Gláucia Galvão de Souza Xavier reafirma o compromisso com a segurança dos passageiros.
"Existe um cuidado antes, durante e depois do voo. Deve haver uma atualização constante nas partes teórica e prática para que a gente cumpra a missão com excelência", declara. Mecânico de aeronave, o Sargento Rodrigo Fabiano Soares Gomes está embarcado no VC-1 e é um dos responsáveis pela manutenção do avião. "Fazemos a checagem da aeronave três horas antes do voo para iniciar a viagem com total segurança", explica. Ele diz, ainda, que é feito um controle diário para garantir que a cada pouso e decolagem a aeronave esteja em condições seguras.
Versatilidade
O VC-1 é uma aeronave militar designada especialmente para cumprir a missão de transportar com segurança o Presidente da República para diversas localidades do Brasil e do exterior. O vetor possui uma performance que permite a operação em diferentes aeródromos, o que possibilita uma versatilidade no transporte presidencial, tanto por operar em pistas mais curtas e estreitas, bem como por realizar voos de longa duração.
A aeronave presidencial do Grupo de Transporte Especial (GTE) tem aproximadamente 34 metros de comprimento e de envergadura, e cerca de 12 metros de altura. Ela pode atingir até 830 quilômetros por hora na velocidade máxima de cruzeiro.
Grupo de Transporte Especial
O GTE foi criado no mesmo ano que a FAB, em 1941, com o primeiro nome de Seção de Aviões de Comando. Sediada no Campo do Calabouço, onde hoje se situa o Aeroporto Santos-Dumont, no Rio de Janeiro, seu primeiro comandante foi o então Capitão Aviador Nero Moura e era equipada com aviões VC-60 e VC-66 (Lockheed 18 Lodestar) e VC-45 (Beechcraft E-18S).
Em seus quase 78 anos, foram mais de 500 mil horas de voo para assegurar o transporte aéreo do Presidente da República, do Vice-Presidente, dos Ministros de Estado e de altas autoridades nacionais e estrangeiras, bem como realizar Missões de Misericórdia, e de Evacuação Aeromédica e, ainda, missões em apoio ao Comando de Operações Aeroespaciais.
Bolsonaro apresentará Brasil “sem amarras ideológicas” em Davos¹
Organizadores de evento na Suíça apostam em combate à corrupção e planos econômicos como centro da mensagem do novo governo brasileiro. Aos pés da Montanha Mágica de Davos, o presidente Jair Bolsonaro fará sua estreia internacional, menos de um mês depois de assumir o governo brasileiro.
A partir do dia 22 de janeiro, Bolsonaro participará do Fórum Económico Mundial e, diante das ausências de último minuto dos presidentes Donald Trump, Mauricio Macri e Emmanuel Macron, o brasileiro promete ser um dos centros da atenção da imprensa e dos empresários mundiais.
Comércio, a abertura da economia brasileira, reformas e o combate à corrupção estarão entre as prioridades de sua mensagem. Na lista da equipe que acompanha Bolsonaro estão o ministro da Fazenda, Paulo Guedes, o chanceler Ernesto Araujo e o ministro da Justiça, Sérgio Moro, além do filho do presidente, Eduardo Bolsonaro.
O governador de São Paulo, João Doria, e Luciano Huck, que chegou a pensar em se lançar a candidato para as eleições presidenciais de 2018, também estarão presentes. A participação empresarial brasileira será importante, com a volta do banqueiro André Esteves ao evento, além de executivos da Eletrobras, Embraer, Itaú Unibanco, Bradesco, J. Safra Group, Petrobras e Vale.
Palco privilegiado
Bolsonaro terá o palco exclusivamente para seu discurso, na terça-feira, dia 22. Mas ele também dividirá, em outro momento, o cenário com presidentes latino-americanos para debater o futuro da região.
De fato, a presença latino-americana promete ser forte, com o presidente Ivan Duque da Colômbia, Lenin Moreno do Equador, além de Mario Abdo Benitez do Paraguai, Costa Rica e Peru.
Um dos temas centrais de Bolsonaro será sua estratégia econômica e comercial.
“Na próxima semana embarco rumo a Davos, Suíça, para participar do Fórum Econômico Mundial”, escreveu o presidente nas redes sociais. “Estou confiante e feliz com essa grande oportunidade de apresentar a líderes do mundo todo um Brasil diferente, livre das amarras ideológicas e corrupção generalizada”, insistiu.
“Mostrarei nosso desejo de fazer comércio com o mundo todo, prezando pela liberdade econômica, acordos bilaterais e saúde fiscal. Com esses pilares, o Brasil caminhará na direção do pleno emprego e da prosperidade. Espero trazer boas experiências e avanços ao nosso país”, completou.
Para os organizadores, sua mensagem foi interpretada como um sinal claro de que seu governo vem ao evento com a intenção de dar garantias aos empresários internacionais de que a abertura da economia vai continuar, assim como as privatizações e a busca por acordos comerciais bilaterais.
"O que significa ser anti-global?"
Nesta terça-feira, ao apresentar o programa do evento de 2019, fundador do Fórum Econômico, Klaus Schwab, deixou claro o interesse dos organizadores pelo novo presidente brasileiro. “Ele (Bolsonaro) será muito bem vindo para comunidade global”, disse. “Claro, a comunidade global está muito curiosa para ouvi-lo”, afirmou. Questionado se ele não teria valores contrários ao de Davos, o executivo minimizou. “Veremos. O que significa ser anti-global? Ele também tem de trabalhar num cenário global. Caso contrário, não viria para Davos”, apontou.
Bolsonaro, segundo Davos, tem um desafio imediato: unificar o Brasil, depois de um processo eleitoral tenso. “Estamos esperando por sua primeira aparição num plano global”, disse Borge Brende, presidente do Fórum e ex-ministro de Relações Exteriores da Noruega. “Ele deve construir pontes entre as diferentes forças políticas, unificar o País”, insistiu o executivo durante a apresentação oficial do programa do evento, em Genebra.
Segundo o presidente do encontro, Bolsonaro apresentou um programa “ambicioso” de combate à corrupção e espera que sua equipe econômica possa dar “detalhes” do que ocorrerá no País em 2019 aos principais executivos do mundo. “As empresas vão querer saber mais detalhes”, explicou.
Corrupção em foco
De fato, outro foco da participação brasileira em Davos será a apresentação de Moro aos empresários e seus planos para reforçar o combate à corrupção.
No passado, o Fórum chegou a ter Marcelo Odebrecht, condenado por corrupção, como um de seus co-presidentes para a América Latina. Já a Petrobras, antes da Operação Lava Jato, chegou a fazer parte de uma coalizão internacional de empresas em Davos para lutar contra a corrupção.
“Precisamos de uma remoralização da globalização”, defendeu Schwab. No dia 22 de janeiro, o ministro da Justiça será um dos principais integrantes de um debate sobre “restaurar confiança e integridade”. Ele divide o palco com a presidente da entidade Transparência Internacional, Delia Ferreira Rubio, e com o especialista suíço Mark Pieth.
“Níveis historicamente baixos de confiança entre acionistas estão no coração de muitos desafios políticos e económicos no mundo”, escreveu o Fórum. “Como empresários, governos e sociedade civil podem restaurar integridade e confiança em liderança?”, questiona Davos.
Dois dias depois, Moro será o principal nome de um debate sobre “crime globalizado”. Ele divide o palco com o secretário-geral da Interpol, Jurgen Stock, e com uma especialista britânica, Karin von Hippel.
¹Jamil Chade – swissinfo.ch
Fotos: Sargento Bianca Viol/CECOMSAER e Cabo André Feitosa/CECOMSAER