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Presidente Francês oferece à Dilma o Caça “independente”

por Vianney Jr.,
DefesaNet Agência de Notícias

Leia também – Dassault – Oferece entrega acelerada de Rafales  Link

O presidente francês François Hollande desembarca no Brasil trazendo em sua pauta uma ousada proposta de negociação para o caça Rafale. Uma demonstração de quão resoluto Hollande está, em propor um acordo irrecusável, é a participação em sua comitiva, do Presidente e CEO da fabricante francesa, Eric Trappier, para pessoalmente explicar todos os detalhes técnicos, políticos e financeiros envolvidos na oferta.

O Diretor da Dassault International do Brasil, Jean-Marc Merialdo, nos antecipou os mais atualizados detalhes da proposta francesa para o caça Dassault Rafale, short-listed no F-X2, a concorrência pública para compra dos 36 aviões à Força Aérea Brasileira.

Uma oferta de “independência” em Defesa Aérea

Eric Trappier, Presidente e CEO da Dassault Aviation, registra em seu currículo grande parte do sucesso mundial do antecessor do Rafale, o Mirage, cuja venda em largos números no Oriente Médio tem sua assinatura. Quando perguntado sobre as perspectivas do caça conquistar um desempenho de vendas semelhante, guardadas as devidas proporções da realidade atual de redução do número de aeronaves e restrições orçamentárias, Monsieur Trappier afirma que o momento dos resultados está em franco caminho de concretização. Ele explica que o processo de venda de aeronaves militares tem um tempo absolutamente próprio, principalmente se levarmos em conta as transformações em curso.

“O Rafale incorpora hoje um Radar AESA operacional, peça imprescindível a um caça de primeira linha. Isto é um exemplo da maturidade e consolidação das capacidades de nosso produto, ajustadas à realidade, e que o mantém em estado-da-arte, apto a competir com as mais modernas tecnologias”, define. Outro aspecto levantado em defesa do caça da Dassault, é independência. “Uma vantagem que podemos oferecer, é o acesso de nossos clientes a uma plataforma que permite a incorporação de desenvolvimentos próprios nacionais de cada operador”, e complementa que, no caso do Brasil, a Dassault e o Governo François Hollande já garantiram oficialmente todos os itens da oferta ao Governo Brasileiro, o que inclui 100% de transferência de tecnologia, inclusive repassar à Força Aérea os códigos-fonte do Rafale, o “coração digital” dos programas de computador que controlam a aeronave e suas armas.

Além do que acreditar ser a melhor oferta ao Brasil, Trappier tem confiança no que chama de “parceria ideológica e política natural”, uma vez que “a visão socialista da França é a que mais se assemelha com a do Governo Brasileiro”, definindo seu ponto de vista sobre as vantagens estratégicas acerca de tal decisão.

Os detalhes da proposta

Jean-Marc Merialdo, Diretor da Dassault International do Brasil, explica que a oferta francesa se pautou pelo integral atendimento às exigências da RFP (request for proposal) do Governo Brasileiro, sem aspas em nenhum item, nem pendências referentes à sujeição de autorizações. Quando da oferta da Dassault, havia já então, plena aprovação da República Francesa para todas as questões sensíveis de transferência de tecnologia e conhecimento.

“O ponto de partida de nossa oferta foi oferecer a transferência de autonomia ao Brasil para fazer melhorias ao avião, integrar novas capacidades e novos armamentos além de incorporar itens específicos de desenvolvimento adequados à realidade brasileira. Também já no início da formatação da proposta, a capacidade de fazer toda a manutenção do avião no próprio país, tendo em vista o que aconteceu no passado com os Mirage, cujos motores tinham que ser enviados à França. Esta foi a primeira linha geral”, especifica o Diretor da Dassault.

“A segunda linha geral foi a imposição da transferência de tecnologia para a indústria brasileira e para a própria Força Aérea, o que significa que o DCTA será um dos principais receptadores desta tecnologia”, completa Merialdo.

Diferencial competitivo da oferta francesa

O coração da oferta está “articulado em torno de todos os pedidos de modificações do Rafale feitos pela FAB, por volta de 18 itens, que envolve um leque de especificidades bem brasileiras”. A execução deste processo já está desenhada de forma concreta, segundo Merialdo, em três etapas. Na primeira, técnicos e engenheiros brasileiros vão para a França receber uma formação que inclui toda a documentação física e eletrônica do Rafale, o que faz parte da NAP – National Autonomy Package, para poder intervir no próprio Rafale. Depois disso, ainda na França, junto com técnicos e engenheiros franceses, os brasileiros irão começar a trabalhar nas primeiras modificações a serem implantadas no avião. Numa segunda etapa, brasileiros e franceses vão se deslocar para o Brasil nas respectivas empresas ou entidades, como no caso do DCTA, e vão continuar desenvolvendo e adequando novas capacidades ao avião, no Brasil, sob supervisão francesa. Na terceira etapa, então, o comando destas modificações passa em definitivo aos técnicos e engenheiros brasileiros, ficando seu pares franceses no apoio, até terminar todo o conjunto de modificações previstas. Merialdo define que “este esquema é o coração de nossa oferta de transferência prática e real de tecnologia e conhecimento”.

Além do próprio caça, autonomia de armamentos

No que diz respeito ao armamento ar-ar, aquele utilizado para interceptações e combate aéreo, foi oferecido o míssil MICA (Missile d'Interception et de Combat Aérien), como também foi considerada a pedido da FAB, a integração de todos os outros mísseis disponíveis no inventário ou programas da Força, como o A-Darter. Para missões ar-solo foi oferecido o AASM (Armement Air-Sol Modulaire – com capacidade para ataque a seis alvos diferentes ao mesmo tempo), além da integração de qualquer outro de posse do Brasil. Merialdo destaca que o próprio Ministério da Defesa Francês já aprovou a disponibilização e desenvolvimento conjunto ao Brasil de novos armamentos a serem integrados no Rafale. “Dentro da oferta da Dassault, também foi oferecido o Pod de designação precisa de alvos, Damocles, e obviamente, já foi aberta a possibilidade de integrar outros Pods de posse da FAB, como o LITENING”, esclarece.

Offset –  As contrapartidas do contrato

Hoje, já celebrados, são 78 acordos com empresas e universidades. À Embraer, por exemplo, estão previstos desde todos os testes em voo à produção de asas de aviões de caça supersônicos, dentre outras partes e sistemas. Em um número global, o percentual de compensação da oferta da Dassault alcança os 160%, nas contas de Merialdo, que também aborda o cronograma destas contrapartidas: “Em termos de tempo, tudo o que está relacionado ao desenvolvimento de novas funções no Rafale Brasileiro, evidentemente está enquadrado no prazo de entrega da ordem de 3 anos a partir do T-zero”, quantifica.

O Diretor da Dassault ressalta a carta oficial na qual o Governo Francês se compromete à comprar no mínimo dez KC-390, para as Forças Armadas daquele país, quando da escolha do Rafale pelo Brasil.

Para ilustrar concretamente o tipo de qualificação internacional que favoreceria empresas e profissionais brasileiros, Merialdo menciona o caso da empresa Omnisys, sediada em São José dos Campos. “A Omnisys foi criada por engenheiros brasileiros, trabalhando em diversos projetos de radares, e em 2000 a Thales adquiriu participação na empresa transferindo à Omnisys a produção de radares de vigilância aérea para a aviação civil. Depois de produzir esse radar, passou a desenvolver novas funções e performances para este produto, passando a exportar do Brasil para diversos países como Cingapura, China e a própria França. Está prevista para a Omnisys receber a tarefa de desenvolver a nova parte do software do radar AESA do Rafale e também produzir as antenas ativas do próprio radar para os aviões brasileiros e para futuros compradores no exterior. A previsão é que ela possa dobrar a sua mão de obra com esse aumento de carga do programa Rafale”, esclarece.

Merialdo complementa destacando que a oferta da Dassault é mais focada em transferência de tecnologia do que a transferência de carga industrial. “Nossa experiência demonstra que essa tecnologia gera atividade econômica, não só restrita a uma área específica, mas sim estendendo-se à outras áreas tecnológicas, tão logo absorvida pelo próprio país”, defendendo o que em ditado local traduz-se em “ensinar a pescar tem mais valia do que simplesmente dar o peixe”, conclui.

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