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P3BR – CL-X – FAB assina hoje contrato com EADS

Publicado Gazeta Mercantil

Virgínia Silveira


São José dos Campos (SP), 12 de Janeiro de 2005 – Acordo prevê a modernização de oito aviões P-3 e a compra de 12 aeronaves C-295. O Comando da Aeronáutica assina hoje com o consórcio europeu Eads Casa os contratos de modernização de oito aviões de patrulha marítima P-3 e da compra de 12 aeronaves de transporte militar C-295 para a Amazônia. A informação foi confirmada ontem pelo Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Aeronáutica (Deped), órgão responsável pela execução do programa de reaparelhamento da Força Aérea Brasileira (FAB). Avaliados inicialmente em US$ 596 milhões, dos quais US$ 326 milhões para o P-3 e US$ 270 milhões para o C-295, os dois contratos sofreram um reajuste, publicado no Diário Oficial no último dia 28 de dezembro. A Eads Casa foi selecionado, em outubro de 2002, pelo Conselho de Defesa Nacional para executar os dois programas.

A negociação com a empresa, no entanto, chegou a ser interrompida em 2003, devido a falta de recursos, mas foi retomada no começo de 2004, quando a Aeronáutica atualizou a verba prevista para o projeto. Com o reajuste, o contrato do P-3 subiu para US$423,3 milhões e o dos aviões C-295 para US$ 298,7 milhões  . Os dois projetos já tem garantidos US$ 30 milhões no orçamento do programa de reequipamento da FAB para 2005.

O projeto de aquisição das novas aeronaves, bem como da modernização do P-3, também aguardam aprovação de financiamento externo pelo Senado. O esquema de financiamento proposto será feito por meio de um consórcio formado pelos agentes financeiros BBVA, Santander Central Hispano e BNP Paribas.

A operação conta ainda com o respaldo do governo espanhol através do Cesce (Exporet Credit Agency), que propôs prazos de amortização de até 10 anos. O contrato do C-295 prevê a entrega da primeira aeronave em novembro de 2006 e da última em janeiro de 2009. O primeiro P-3 modernizado será entregue à FAB em agosto de 2008 e o último em 2010.

O contrato com a Eads Casa, segundo a Aeronáutica, também inclui um acordo de offset (compensação comercial), no qual a empresa fica obrigada a investir 100% do valor do contrato na indústria aeroespacial brasileira. No caso dos aviões C-295 ou projeto CL-X, como é chamado na FAB, foram definidos um conjunto de 28 projetos de compensação, totalizando o valor de US$ 392,1 milhões, envolvendo transferência de tecnologia e subcontratação de serviços. Segundo levantamento feito pela Eads em 2004, os programas de offset acordados com a FAB, vão movimentar mais de US$ 860 milhões em bens, serviços e novas tecnologias para empresas como a Varig Engenharia e Manutenção (VEM), a Atech e o consórcio HTA, de pequenas empresas do setor aeronáutico, além do Centro Técnico Aeroespacial.

O projeto CL-X é visto com especial atenção pela FAB, tendo em vista a necessidade de assegurar a capacidade de transporte aéreo logístico em apoio ao Programa Calha Norte. Esse tipo de missão é desempenhada hoje pelos velhos C-115 Búfalo, adquiridos na década de 70 e que serão substituídos pelos C-295. Os novos aviões também atuarão junto ao Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), às diversas organizações militares localizadas em regiões remotas do país, bem como nas comunidades isoladas da Amazônia, região sob permanente ameaça de ilícitos transnacionais, incluindo o narcotráfico, atividades de grupos guerrilheiros, biopirataria e agressões ambientais.

O C-295, segundo a FAB, estará capacitado para o cumprimento de missões de transporte aéreo logístico, aeroterrestre, lançamento aéreo, evacuação aeromédica e, em segundo plano, em operações de busca e salvamento. O governo também estuda a possibilidade de adaptação da aeronave para atender a situações de calamidade pública ou para apoiar outros órgãos da administração em situações especiais, como o transporte de urnas e de funcionários em períodos de eleição. Campanhas de vacinação, participação do Brasil em missões da ONU, em localidades remotas e de alto risco, como a da Missão de Observação Militar Equador-Peru, são outros exemplos de emprego da C-295 pela FAB.

Para a modernização do P-3, segundo a FAB, foram negociados acordos de compensação no valor de US$ 467 milhões. A FAB comprou 12 aeronaves P-3 do governo americano a um custo de US$ 800 mil cada. Com o P-3 modernizado, a FAB espera retomar a sua capacidade de vigilância dos sete mil quilômetros da costa brasileira.
 

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