Vassili Kashin
O aumento do parque da aviação militar de transporte pesado é ditado não apenas por preocupações militares, mas também pelo crescimento da influência global chinesa.
As fotografias apresentam o protótipo na pista de pouso e decolagem, o que significa que o programa, novo e complexo para a indústria de defesa chinesa, está sendo realizado dentro dos prazos previstos. O seu futuro cumprimento aumentará as capacidades das forças armadas chinesas e permitirá à China reagir melhor a situações de emergência, assim como garantir a segurança dos seus cidadãos no estrangeiro.
É do conhecimento geral que a Corporação Aeronáutica de Xian começou, por sua própria iniciativa, a desenvolver um avião militar de transporte pesado semelhante pelas suas dimensões e características ao Il-76 russo ainda no início dos anos de 1990. Mas ele, provavelmente, não terá tido continuidade. Em 2006, o projeto foi incluído no programa de desenvolvimento científico e tecnológico da China de médio e em longo prazo. Em maio de 2008, o premiê do Conselho de Estado da China Wen Jiabao sublinhou, ao visitar a fábrica de aeronáutica de Xian, e de acordo com o jornal Xian Wanbao, a importância do programa do avião de transporte pesado. O mesmo artigo referia que o avião deveria efetuar o seu primeiro voo em 2012.
Segundo a informação disponível, se pode prever que o primeiro voo desse avião deverá realizar-se no primeiro trimestre de 2013. Assim, a discrepância com os prazos anunciados há vários anos será pouco significativa. Nos projetos desta complexidade são típicos os incumprimentos de prazos e os atrasos nos trabalhos em alguns anos.
Nos seus trabalhos de desenvolvimento deste avião, a corporação de Xian se apoiou na larga ajuda em peritagem da companhia ucraniana Antonov que é o principal produtor dos aviões de transporte que eram usados pela força aérea soviética. O Y-20 é, na sua essência, um projeto conjunto sino-ucraniano cujos trabalhos se iniciaram no início de 2007. As soluções que nele foram utilizadas representam uma combinação dos projetos An-77 e An-170, de autoria da Antonov, assim como do Il-76 bem estudados pelos chineses.
O avião será equipado com 4 motores D-30KP2 de fabricação russa. Nos anos de 2009 e 2011, a China assinou contratos de compra à Rússia de 239 motores D-30KP2. Esses motores foram bem estudados pela parte chinesa. Eles são usados nos aviões Il-76 da força aérea chinesa e também estão sendo instalados nos novos bombardeiros chineses H-6K.
A parte chinesa prefere comprar motores mais antigos, mas já bem conhecidos e comprovados, enquanto os novos Il-76 fabricados pela Rússia são equipados com os PS-90A-76. Os chineses parecem já ter na sua força aérea um sistema em pleno funcionamento para manutenção e reparação desses motores e, por isso, não estão dispostos a gastar tempo e dinheiro para implementar o novo motor. No futuro, o avião irá ser equipado com o motor original chinês WS-18. Os problemas estruturais da indústria de motores aeronáuticos chineses não permitem, por enquanto, prever quando irá isso acontecer.
O Y-20 é um Il-76 um pouco aumentado nas suas dimensões e bastante melhorado nos equipamentos eletrônicos e na cabine modernizada. Todo o ciclo de testes e o desenvolvimento da produção em série desses aviões poderá exigir bastante tempo. Durante esse período, a China irá, provavelmente, adquirir Il-76 novos que estão sendo fabricados em Ulianovsk, na Rússia. Além disso, a China está comprando Il-76 usados à Rússia e a uma série de outros países da CEI.
Os acontecimentos dos últimos anos demonstraram de forma evidente a necessidade para a China de aviões militares de transporte pesados. Os Il-76 desempenhou um papel importante no transporte de cargas para a zona do terremoto de Sichuan em 2008, assim como na evacuação de cidadãos chineses da Líbia e do Quirguistão em 2011.
O aumento do parque de aviões militares de transporte pesados não é apenas ditado pelas necessidades militares, mas também pelo crescimento da influência global da China, pelo alargamento do seu sistema de ligações internacionais e pelo interesse crescente da direção chinesa em proteger os interesses dos seus cidadãos.