Já era quase noite, quando o P-3AM Orion, chamado de Guardião do Pré-Sal, decolou da Base Aérea de Florianópolis, na quarta-feira, 20, para detectar, identificar e localizar um suposto submarino inimigo no mar territorial da região Sul.
No treinamento conjunto com a Marinha, os militares empregaram equipamentos e táticas reais em um ambiente de guerra simulada. Curvas apertadas e voo a baixa altura são as características exigidas neste tipo de missão.
A aeronave com modernos sensores e vários operadores especialistas a bordo varreu uma área delimitada pela Marinha em busca de ameaças que pudessem cruzar o o caminho da Força Naval amiga lá embaixo. No jargão militar, a ação é chamada de guerra antissubmarina (ASW, na sigla em inglês).
Durante o exercício, o P-3AM lançou sonobóias, equipamentos que captam sons emitidos por submarinos e embarcações. Em contato com a água do mar, as sonobóias se abrem e hidrofones passam a enviar para os computadores a bordo as informações sonoras.
Durante oito horas de voo, mais de 70 embarcações reais foram registradas pelos sensores e analisadas pelos operadores que têm alto grau de especialização. Um deles, por exemplo, é especialista em identificar o tipo de embarcação ou submarino apenas pelo som das hélices. "Cada navio ou submarino têm uma assinatura acústica, como se fosse uma impressão digital", explica o técnico em comunicações formado pela FAB.
Além dos modernos sensores eletrônicos, a autonomia também é outro diferencial do P-3AM. O quadrimotor pode permanecer em voo durante 16 horas – o que equivalente a uma viagem de Recife a Madri sem escalas. Tudo isso confere ao P-3AM a capacidade estratégica de vigilância marítima de longo alcance.
O treinamento faz parte da Operaçao Atlântico que reúne até o fim do mês 10 mil militares em uma faixa do litoral entre Santa Catarina e Espírito Santo.
Coordenado pelo Ministério da Defesa, a manobra militar aprimora técnicas e doutrinas de forma conjunta para a defesa dos recursos do mar e das estruturas estratégicas do Brasil como portos, refinarias e usinas hidrelétricas.