Guilherme Vieira da Rocha integra o Quarto Esquadrão de Transporte (4º ETA), em São Paulo, e Naiara de Senna o Terceiro Esquadrão de Transporte Aéreo (3º ETA), no Rio de Janeiro. Pilotos do Bandeirante, os tenentes-aviadores recém formados aguardam o momento de operar o novo avião KC-390.
“A aeronave vai além das minhas expectativas, além da oportunidade, vai trazer mais experiência para cumprir as missões para a qual fomos formados”, resume o Guilherme após assistir a palestra sobre o projeto KC-390 realizada neste sábado (08/06) no Rio de Janeiro na Reunião da Aviação de Transporte 2013 (RAT). “As missões da FAB serão cumpridas com muito mais facilidade e recursos”, avalia Naiara.
Enquanto os jovens militares estão na expectativa de operar a aeronave, os mais experientes foram os responsáveis por apontar as necessidades operacionais da FAB. Eles participaram com os engenheiros em missões reais, missão na Antártica, na Amazônia, de ressuprimento, de lançamento. “Com essa colaboração, troca de informações, os engenheiros conseguem entender melhor os requisitos e as expectativas da Força Aérea para que esse avião cumpra a missão da melhor maneira possível”, explica o chefe do projeto KC-390 da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC), coronel engenheiro Sérgio Henrique da Silva Carneiro.
Um exemplo dessa contribuição é a configuração da aeronave para atender diversos cargas transportadas na região amazônica. Os engenheiros compreenderam que não é usada apenas carga paletizada. “Muitas vezes é necessário transportar um equipamento pesado para fazer um reparo numa pista no meio da floresta”, exemplifica o chefe do projeto. “O avião tem que ser robusto suficiente para suportar nas condições isoladas sem, às vezes, equipamento de apoio em solo”.
Tecnologia e ensaios – A aeronave deve cumprir diferentes missões como busca e resgate, lançamento de carga e tropas, evacuação aeromédica, combate a incêndios florestal, reabastecimento em voo e transporte. Em conjunto com a Marinha e o Exército, foram realizados ensaios de embarque e desembarque para que o avião esteja adaptado a todos os equipamentos das Forças Armadas.
Com capacidade para transportar 64 paraquedistas ou 80 combatentes, o projeto investe em itens que possibilitem aos militares aumentar a concentração na missão a ser cumprida. Para a tripulação, haverá mudança na maneira de operar, em função da tecnologia embarcada. Um exemplo é o full fly by wire, que não voa mais superfície de comando. O sistema controla o avião automaticamente. No caso dos passageiros busca-se mais conforto durante o voo. Para isso o projeto prevê pressurização, ar condicionado e menores índices de ruído e vibração. “O objetivo é que o combatente chegue ao local de lançamento, por exemplo, com menos estresse”, explica o engenheiro da Embraer Jairo Sotero.
Saiba mais – O projeto do cargueiro KC-390 atende a Estratégia Nacional de Defesa. Ele vai proporcionar mais mobilidade estratégica para as forças de defesa. O projeto conta, até o momento, com 60 intenções de compra. A FAB deve adquirir 28 aeronaves. O primeiro voo está previsto para 2014. As primeiras aeronaves devem ser entregues em 2016. Em março deste ano o projeto recebeu sinal verde para a construção dos protótipos.