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Morre no Rio o general Leônidas Pires Gonçalves, aos 94 anos

Morreu nesta quinta-feira (4), aos 94 anos, o general Leônidas Pires Gonçalves, ministro do Exército durante o governo de José Sarney (1985-1990). O velório será realizado no sábado, no Palácio Duque de Caxias, das 8h30m às 11h30m, com honras militares. O corpo será cremado a partir das 13h, no Crematório São Francisco Xavier, no Caju. O general deixou esposa, dois filhos, quatro netos e sete bisnetos.

Leônidas nasceu em 1921, no município de Cruz Alta (RS). Graduou-se aspirante-a-oficial de artilharia em 1942, na Escola Militar do Realengo e exerceu inúmeras funções de destaque, ao longo de sua carreira.

Foi Aspirante a Oficial no 6° GMAC, na cidade de Rio Grande-RS. Integrou o contingente de cerca de 2 mil homens que fizeram a guarnição do litoral sul do Brasil durante a Segunda Guerra Mundial.

Foi o primeiro colocado de sua turma na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e, por este motivo, recebeu a Medalha Marechal Hermes de prata dourada com uma coroa. Como coronel, comandou o 2º Regimento de Obuses – Regimento Deodoro, em Itu.

Como oficial general, foi chefe do Estado-Maior do I Exército no Rio de Janeiro (1974-1977) e Comandante Militar da Amazônia. No período de 23 de dezembro de 1983 a 8 de março de 1985, foi Comandante do III Exército, em Porto Alegre.

Tancredo Neves o designou para ser seu ministro do Exército. Após a morte de Tancredo, o general pôs fim à polêmica sobre quem assumiria no seu lugar, já que havia uma corrente que defendia a posse de Ulysses Guimarães. Na madrugada do dia 15 de março de 1985, determinou de forma direta e objetiva, como era o seu estilo. "A Constituição será respeitada. Quem assume é o Sarney."

Permaneceu à frente do ministério durante os cinco anos do governo de José Sarney. Desenvolveu projetos como a FT-90 (Força Terrestre 1990), que permitiram a modernização do Exército Brasileiro.

Anos mais tarde, por ocasião da eleição de Lula para a presidência, e com rumores de que poderia haver uma revolução, Leônidas – que mesmo não ocupando cargo no Executivo tinha posição central nas Forças Armadas – se reuniu com o petista e garantiu que ele presidiria o país sem qualquer ameaça. 

Em nota divulgada em seu site, Sarney fez uma homenagem ao general:

"Morre com o General Leônidas Pires Gonçalves o último dos grandes chefes militares que tomaram parte nos acontecimentos centrais da História do Brasil na última metade do século passado.

Foi um grande soldado, um profissional exemplar, com virtudes patrióticas e morais que o fizeram uma referência nas Forças Armadas.

Sua participação na transição democrática foi decisiva e a ele devemos grande parte da extinção do militarismo — a agregação do poder militar ao poder político — no Brasil. Ele deu suporte a que transição fosse feita com as Forças Armadas e não contra as Forças Armadas. Pacificou o Exército e assegurou e garantiu o poder civil. Reconduziu os militares aos seus deveres profissionais, defendendo a implantação do regime democrático que floresceu depois de 1985.

A obra da transição foi uma união de forças e líderes políticos e militares em que podemos destacar as figuras de Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Paulo Brossard, Aureliano Chaves e do General Leônidas Pires Gonçalves, do Almirante Maximiano da Fonseca, do Brigadeiro Murilo Santos, do Almirante Henrique Sabóia, entre tantos outros que compreenderam o momento histórico que vivíamos e asseguraram as condições para a volta da democracia.

Como Presidente da República que conduziu o processo sei a importância daquele momento e a contribuição do General Leônidas Pires Gonçalves.

Ele foi um exemplo de dignidade, de amor ao Brasil, de dedicação às instituições democráticas.

Perdi um grande amigo de que conheci o valor, o Brasil um grande soldado, o Exército Brasileiro um dos seus maiores generais de todos os tempos, cujo nome se inscreve entre os que fizeram sua grandeza e sua História."

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