1º Ten Nascimento – CI Bld
A edição de dezembro de 2016 da revista IHS Jane's International Defence Review publicou a matéria “More bang for Bundeswehr behemoths”, em tradução livre, “Mais poder para os gigantes da Bundeswehr” (Forças Armadas Alemãs), que trata da modernização de 104 Leopard 2 para a versão A7V.
Esta nomenclatura é devida, oficialmente, à inclusão da palavra Verbessert, “melhorado” em alemão, à designação do Leopard 2 A7. Extraoficialmente, especula-se que também remonte ao primeiro blindado fabricado pela Alemanha, em 1917, o A7V.
Estão previstas para a modernização 20 VBCCC Leopard 2 A7, 16 Leopard 2 A6 e 68 Leopard 2 A4 em serviço na Alemanha e nos Países Baixos. Após esse processo, as Forças Armadas Alemãs ainda utilizarão 155 Leopard 2 na versão A6 e outros 50 na versão A6M, que aguardarão novos contratos de modernização. As VBC que ainda estão nas versões A6 e A4, maior parte da frota a ser modernizada, receberão as seguintes melhorias, a fim de passarem à versão A7:
– Sistema de climatização;
– Unidade de energia auxiliar Steyr M12, de 17 KW;
– Sistema digital de intercomunicação Thales SOTAS;
– Gerenciador do Campo de Batalha IFIS;
– Equipamento de visão termal da Airbus ATTICA para o atirador e comandante;
– Sistema de camuflagem móvel Barracuda, da SAAB;
– Kit de proteção contra minas; e
– Módulo de programação da munição multipropósito DM11 na culatra.
Todas as 104 VBCCC, nessa primeira modernização, receberão um novo sistema de armamento principal, com uma versão repotencializada do canhão L55, já em uso desde a versão A6, e com freios de recuo K900.
O novo canhão de 120 mm de alma lisa, modelo L55A1, que dotará os Leopard 2 A7V, está sendo desenvolvido para suportar maior pressão interna do que o seu antecessor L55, sem perdas para a vida útil do tubo, que deve ser de 1500 disparos, conforme requisitado pela Bundeswehr.
A compatibilidade de munições entre as versões será total. Juntamente com os 104 futuros Leopard 2 A7V da Alemanha, 128 Leopard 2 A4 (que possuem canhões L44), do Exército Polonês, receberão os K900.
Essa alteração visa ao aumento das chances de sobrevivência da guarnição da VBCCC caso essa venha a ser atingida em combate, minimizando os riscos de incêndio no interior da torre.
Isso se deve à não utilização de óleo hidráulico no funcionamento dos K900, cujo mecanismo foi desenvolvido para trabalhar com uma solução de água e glicol. O projeto conta, ainda, com a substituição do sistema eletro-hidráulico de controle e estabilização da torre por um sistema totalmente elétrico.
O artigo da IHS Jane's traz, ainda, informações sobre o projeto de desenvolvimento de um canhão de alma lisa 130 mm, da Rheinmetall. O projeto parte da premissa que o futuro do carro de combate demandará armamento de maior potência do que os canhões 120 mm de alma lisa.
Três “canhões de demonstração” no calibre 130mm já se encontram prontos, mas são encarados pela própria empresa como meros protótipos, cujo objetivo é avaliar as diferenças no desempenho entre os calibres 130 mm e 120 mm, quando empregados contra um novo rol de alvos, projetados como as ameaças a serem enfrentadas pelas VBC do futuro.
O desenvolvimento do canhão 130 mm não tem sido focado, até o momento, em compatibilizá-lo com a torre das VBC em uso atualmente no mundo.
Porém, algumas variantes do armamento, compatíveis com a torre do Leopard 2, podem ser desenvolvidas mediante proposta da Bundeswehr, como sugerido pela Rheinmetall. Presume-se que essa versão possa ser apenas 200kg mais pesada que o atual L55.
O canhão 130 mm possui um tubo de 51 calibres (6.630 mm de comprimento) e 1.400 kg. Com uma câmara de aproximadamente 15 litros (5 litros maior do que a do L55), seu comprimento total é de 7.160 mm, incluída a sua culatra multi-ranhurada de alta pressão.
Projeto do canhão de 130 mm.
Culatras multi-ranhuradas podem ser consideradas como uma inovação promissora, considerando-se que as Forças Armadas dos EUA também possuem um canhão com este tipo de culatra como forte candidato à modernização dos M1A2 Abrams, o XM360E1.
No tocante à munição, a situação torna-se um tanto mais complicada, visto que o projeto prevê a fabricação de munições encartuchadas indivisíveis, como a maioria das munições 105mm e 120mm para VBCC em uso atualmente. Dessa forma, estima-se que uma munição para o canhão 130mm terá 1,3m e pesará 30kg, o que exigirá um sistema de carregamento automático do canhão.
Um representante da Rheinmetall, no entanto, ressaltou que munições divididas em duas partes poderão ser desenvolvidas a fim de adaptar-se ao sistema de manejo e empaiolamento da viatura em que o canhão venha a ser instalado, como já acontece com as munições da VBCCC Challenger 2, em uso pelo Reino Unido.
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