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Militares da FAB revelam experiências em missões humanitárias

Ten Raquel Timponi

“Saímos de Manaus (AM) com destino a Medellín, na Colômbia. De volta ao Brasil, outra equipe do esquadrão assumiu a aeronave e seguiu até o velório, em Chapecó (SC). O resgate envolveu três aviões C-130 Hércules. Minha incumbência foi acompanhar a Defesa Civil colombiana no embarque de cerca de 20 urnas funerárias e conferir as certidões de óbito dos jogadores”.

O depoimento é do Capitão Rafael Portella Santos, piloto de C-130 Hércules, do Esquadrão Cascavel (1º GTT), ao contar sua experiência na Aviação de Transporte. No mês em que se comemora o Dia da Aviação de Transporte, o NOTAER selecionou histórias de profissionais sobre missões de ajuda humanitária.

Emoção no transporte em ajuda às causas humanitárias Entre as diversas missões vivenciadas pelo Capitão Portella, em seus 17 anos de atuação na FAB, ele destaca as três mais relevantes. Transporte das vítimas da Chapecoense – novembro de 2016 – “Sabemos que somos sujeitos a várias situações inerentes a nossa atividade.

O traslado das vítimas do time da Chapecoense foi uma triste, mas importante missão. O que nos motivou foi saber que muitas famílias e parentes precisavam daquele retorno. Focamos em fazer o melhor que podíamos no cumprimento da missão”.

Combate ao incêndio no Chile – janeiro de 2017 – No caso específico do Chile, optamos por atuar de forma concentrada no combate ao incêndio por voo, em regiões próximas às populações. O incêndio estava descendo a montanha, quase atingindo uma pequena vila na cidade de Dichato. Com o jato concentrado, conseguimos controlar e impedir que o fogo chegasse às casas”, conta emocionado. “Quando saíamos para o mercado ou restaurante, a população nos abraçava, falava sobre o C-130 Hércules, nos agradecia. Foi muito gratificante”, revela.

Enchentes no Peru – março e abril de 2017 – No Peru, uma das regiões mais atingidas com alagamentos foi Piúra. Como eram muitos desabrigados, adaptamos a aeronave, de forma alternada, para o transporte de pessoas e mantimentos. Nos sobrevoos, víamos casas alagadas, estradas interditadas. Levávamos mantimentos e, quando retornávamos para Lima, a gente trazia passageiros, para que pudessem ter uma assistência melhor.

Variedade do serviço da Aviação de Transporte na FAB

O serviço de aviação de transporte existe desde a criação da Força Aérea Brasileira, em 1941. No segmento, a FAB atua em diversas atividades que atendem todo o País, como: segurança, transporte de cargas, de enfermos, Correio Aéreo Nacional (CAN), apoio às aviações de caça, helicóptero, patrulha e reconhecimento. Além disso, executa ressuprimento aéreo, lançamento de paraquedista, transporte de autoridades e também de órgãos para transplantes.

Cada missão exige um tipo específico de aeronave, conforme salienta o Tenente Aviador Renan da Silva de Souza, do Esquadrão Guará (6º ETA). “Alguns dos pré-requisitos técnicos devem ser observados para a escolha, como o tipo de missão, o tempo necessário para o cumprimento, o modelo de aeronave e o local do apoio prestado, de acordo com as características da pista”, informa.

A logística do transporte na ajuda humanitária ao Haiti

Outra história impactante foi a vivenciada pelo Brigadeiro do Ar Mozart de Oliveira Farias, Comandante da Ala 11, no Rio de Janeiro. Ele era piloto do Esquadrão Corsário (2º/2º GAV) e atuou no controle logístico da operação de transportes no terremoto do Haiti, em 2010.

O oficial-general conta como aconteceu o início da missão do terremoto. “Partíamos para uma missão rotineira, no dia 12 de janeiro de 2010. Eu era o comandante da aeronave Boeing KC-137 e faria um voo direto do Rio de Janeiro até Porto Príncipe. Quando sobrevoávamos o mar do Caribe, recebemos a informação sobre o terremoto no Haiti. A partir daquele dia, teria início a ponte aérea Brasil-Haiti de ajuda humanitária, durante os quatro primeiros meses do ano de 2010”, relembra.

A respeito da logística de transporte para a operação no Haiti, o Brigadeiro Mozart explica como ocorria o planejamento. “Trabalhávamos em turnos, para não interromper o fluxo de saída dos C-130 Hércules e do KC-137 – aeronaves escolhidas devido à característica de velocidade, para facilitar a chegada ao local do desastre.

Na época, o Centro do Correio Aéreo Nacional (CECAN) passou a ser o principal órgão logístico responsável pelo recebimento, montagem do material para embarque e desembarque das cargas. Transportava-se de tudo. Desde água, medicamentos, roupas, comida e até equipamentos sanitários. Foram enviadas aproximadamente 2 mil toneladas de carga, além do transporte do Hospital de Campanha da FAB”, conta. Ao final da participação, a Força Aérea cumpriu cerca de 200 missões.

Foto: NOTAER / FAB

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