Ten João Elias e Cap Oliveira
Alberto Santos-Dumont nasceu em 20 de julho de 1873 e, desde cedo, já buscava impactar o mundo. Filho de Henrique e Francisca Dumont, aos 18 anos, já se mudava para Paris, França, e, antes de completar 25 anos, tinha sua primeira decolagem bem sucedida a bordo de um balão livre. Viveu em um período de grandes revoluções na tecnologia – e, nos ares, foi protagonista.
Em 1900, o magnata Henri Deutsch de la Meurthe ofereceu um prêmio àquele que conseguisse conduzir um dirigível do campo de Saint Cloud, contornar a Torre Eiffel e retornar em segurança ao ponto de partida em até meia hora. Santos-Dumont, já reconhecido como aeronauta na capital francesa, aceitou o desafio. Após tentativas frustradas, o brasileiro superou todas as limitações de voo conhecidas até então: em 19 de outubro de 1901, o voo do balão número 6 durou 29 minutos e 30 segundos.
Após o sucesso com balões e dirigíveis, Santos-Dumont partiu para outra linha de pesquisa: queria, agora, voar com um veículo mais pesado que o ar. O protótipo era composto por uma fuselagem longa, com a nacele do balão número 14 na parte de trás – um biplano com uma construção parecida com pipas japonesas, portando um motor de oito cilindros e sobre três rodas: o primeiro trem de pouso que se tem notícia. A inovação era pulsante desde os testes. O aviador construiu um sistema de cabos inclinados para testar a dirigibilidade do 14-Bis: um inovador simulador de voo.
A primeira tentativa de voo foi em 21 de agosto de 1906, mas o insucesso fez Santos-Dumont buscar um motor melhor, com 40 ou 50 cavalos de potência. Em 13 de setembro, houve o primeiro voo; contudo, após poucos metros, uma aterrissagem violenta danificou o trem de pouso e a hélice da aeronave. Finalmente, em 23 de outubro, o sonho se concretizou: no Campo de Bagatelle, uma multidão viu o 14-Bis voar por aproximadamente 60 metros e pousar sem dificuldades. Foi a primeira vez que o homem conseguiu decolar e aterrissar por meios próprios em um objeto mais pesado que o ar.
A partir daí, o voo só se tornava mais sólido. Menos de um mês depois, o 14-Bis já superava 220 metros de distância e 21,5 segundos de voo a 41 km/h. Desde então, a evolução foi constante. O próprio Santos-Dumont seguiu desenvolvendo projetos de aeronaves, como o número 19, posteriormente chamado de Libellule e, em seguida, Demoiselle: um monoplano de menos de 100 kg idealizado para a popularização do voo, cujo projeto foi cedido para vários fabricantes de motores, permitindo a produção em maior escala.
Santos-Dumont realizou seu último voo em 18 de setembro de 1909. Em 1915, com a saúde abalada, retornou ao Brasil e encontrou refúgio em Petrópolis (RJ), onde projetou seu chalé “A Encantada”, com diversas criações próprias, como um chuveiro de água quente, por exemplo. Após isso, passou a se dividir entre Europa, São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Petrópolis e a Fazenda Cabangu. Em junho de 1931, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras.
A data de 20 de julho de 2018 marca os 145 anos do nascimento do inspirador e destemido brasileiro, exemplo de coragem e determinação àqueles que almejam tornar sonhos em realidade.
Casa onde Santos-Dumont nasceu é tombada por órgãos federal, estadual e municipal
O Pai da Aviação nasceu em 1873 no Sítio Cabangu – local que, em 1890, passou a pertencer ao município de Palmyra (MG) -, e sua casa é um dos bens tombados sob tutela da FAB. Em 31 de julho de 1932, a cidade passou a denominar-se Santos Dumont, em homenagem ao Pai da Aviação.
Localizada dentro do Parque Cabangu, no alto da Serra da Mantiqueira, a construção da casa é datada do final do século XIX. Foi residência de mantenedores da ferrovia e, de 1872 a 1875, abrigou a família do engenheiro Henrique Dumont, pai de Santos-Dumont, que tinha a missão de empreender a construção do prolongamento da atual Estrada de Ferro Central do Brasil.
A casa térrea fica numa pequena elevação, à beira de um lago. Ela possui uma área construída de 187,89 m² e tem influência arquitetônica colonial. É composta por dois quartos, sala, banheiro, sala de refeições, cozinha, dispensa e varanda. Em 1973, foi transformada no Museu Casa Natal de Santos-Dumont.
Atualmente, nomeada simplesmente de Museu Santos-Dumont, expõe parte do acervo existente, que é composto tanto pela casa quanto pelos registros históricos referentes a sua vida, além de outros ícones da aviação brasileira. É possível observar objetos pessoais, a mobília original, fotografias históricas e réplicas de invenções.
O Parque possui, ainda, a Casa de Máquinas, três Pavilhões, que são destinados a exposições de curta duração, uma sede administrativa, uma área de lazer com quiosques, lanchonete e sanitários, e uma casa para a hospedagem da guarda.
O patrimônio é protegido em três esferas. São elas:
-Tombamento Federal – Processo 421-T-50, de 02/05/1950 – Casa e Sítio Cabangu;
-Tombamento Estadual – Decreto nº 19.482, de 24/10/1978 – Parque Cabangu e respectivo acervo; e
-Tombamento Municipal – Decreto nº 1.435, de 28/12/1998 – Conjunto Arquitetônico – exteriores e fachadas.
A responsabilidade da manutenção do museu é dividida entre a Fundação Casa de Cabangu, que toma conta do acervo; a Prefeitura do município, que provê recursos para manutenção dos funcionários; e a FAB, por meio da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR), que é responsável pela proteção do local.
A manutenção de áreas verdes e edificações é realizada a cada trimestre (ou conforme necessidade) por uma equipe de 10 militares. Já a equipe de serviço da guarda e segurança das instalações é composta por 10 militares e é trocada semanalmente.
“A Casa de Cabangu guarda a memória de um dos maiores inventores do país, o Pai da Aviação e Patrono da Aeronáutica, Santos-Dumont, e nós trabalhamos para ajudar a preservar esse patrimônio para que ele esteja sempre aberto à população”, ressalta o Comandante da EPCAR, Coronel Aviador Mauro Bellintani.
Museu Aeroespacial promove evento em homenagem a Santos-Dumont¹
Cerca de 30 mil pessoas prestigiaram as atividades promovidas pelo Museu Aeroespacial (Musal), localizado no Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro (RJ), nos dias 21 e 22 de julho. As atrações fazem parte das comemorações alusivas aos 145 anos do nascimento de Santos-Dumont, o Patrono da Aeronáutica Brasileira.
O evento contou com exposição da réplica em tamanho real do avião 14-Bis. Projetado por Santos-Dumont, este foi o primeiro avião mais pesado que o ar a conseguir decolar por seus próprios meios. Outras aeronaves do acervo do Musal também ficaram expostas, dentre elas o P-47 Thunderbolt, avião utilizado durante a Segunda Guerra Mundial.
Claudia Regina Lima de Brum visitou o Musal pela primeira vez. “Eu vim com a minha família e estou encantada com tudo. Já entrei nas aeronaves e tirei foto com o 14-Bis. Acho muito importante este momento para conhecermos a nossa aviação”, disse.
Na programação ainda teve salto de paraquedistas da aeronave C-130 Hercules, exibição de filmes históricos sobre Santos-Dumont, apresentação de aeromodelos, acrobacias aéreas da Esquadrilha Céu e Corrida Santos-Dumont, sob a coordenação da Comissão de Desportos da Aeronáutica (CDA).
A aeronave H-36 Caracal da FAB também fez demonstrações aéreas. Lindomar Ramos Junior acompanhou atento cada movimento. “Eu tenho muito interesse por aviões e helicópteros. Estou filmando tudo porque quero guardar este dia por muito tempo na minha memória”, observou.
O estudante Henrique Lima e Costa acompanhou as atividades no primeiro dia e recomendou o passeio para os amigos. “Eu e meus amigos estamos estudando para ingressar na FAB e estar mais próximo das aeronaves fortalece ainda mais este objetivo”, disse.
O Vice-Diretor do Musal, Coronel da Reserva Luiz Fernando da Costa, falou da organização do evento. “Este é um dia muito especial, pois celebramos o nascimento do Santos-Dumont. Para promover esta celebração, aliamos atividades para entreter toda a sociedade”, ressaltou.
A comemoração contou com parcerias de outras instituições, civis e militares, como a Secretaria Municipal de Saúde, para a realização de vacinas contra a Febre Amarela e a gripe H1N1, além da Marinha do Brasil, do Exército Brasileiro e do Corpo de Bombeiros do Rio Janeiro.
Cerimônia marca o 145º aniversário do Pai da Aviação²
O Hino dos Aviadores e as honras militares anunciaram o início das comemorações dos 145 anos do nascimento do Patrono da Aeronáutica e Pai da Aviação, Alberto Santos-Dumont. Para celebrar o dia 20 de julho, a Força Aérea Brasileira (FAB) realizou uma cerimônia militar na Ala 1, em Brasília (DF). O evento foi marcado pela imposição da Medalha Mérito Santos-Dumont e da Medalha Eduardo Gomes – Aplicação e Estudo a personalidades civis e militares, além do desfile aéreo de dois caças F-5M do Esquadrão Jaguar (1º GDA).
A solenidade foi presidida pelo Presidente da República, Michel Temer, e contou com a presença do Ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, do Ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Sergio Westphalen Etchegoyen, do Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, Almirante de Esquadra Ademir Sobrinho, do Comandante do Exército, General Eduardo Villas Bôas, do Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira, e do Comandante da Força Aérea Brasileira, Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato.
O Tenente-Brigadeiro Rossato falou da importância histórica de Santos-Dumont. “Ele foi um desses homens que transformou a imaginação do seu escritor favorito, Júlio Verne, em realidade. Exemplo de dedicação, perseverança, desprendimento, generosidade e idealismo. Santos-Dumont foi acima de tudo um sonhador e com persistência e entusiasmo transformou a história da aviação e da humanidade”, disse.
Durante a cerimônia, 38 militares da FAB foram agraciados com a Medalha Eduardo Gomes – Aplicação e Estudo. A honraria que leva o nome do Patrono da Força Aérea Brasileira é destinada a incentivar a aplicação nos estudos e na instituição e reconhecer o mérito intelectual de oficiais e praças do Comando da Aeronáutica que se distinguem nas atividades escolares.
O Tenente-Brigadeiro do Ar Lélio Viana Lôbo, Ministro da Aeronáutica entre os anos de 1995 e 1999, foi premiado por ter obtido o melhor desempenho da turma de 1951 da Academia da Força Aérea (AFA). “É uma alegria muito grande, a essa altura da vida, a gente ter a oportunidade de reviver todo o esforço, o trabalho e a luta que teve, sempre procurando fazer o melhor, ser um profissional de alto gabarito dentro da Força, um profissional realmente à altura da FAB”, comemorou.
O mesmo evento premiou 173 personalidades com a Medalha Mérito Santos-Dumont. A honraria foi criada em 1956, durante as comemorações dos 50 anos do primeiro voo do 14-Bis. É concedida a civis e militares, brasileiros ou estrangeiros, que prestam destacados serviços à Aeronáutica brasileira.
Um dos homenageados, o Suboficial de Comunicações João Alexandre Porto, do efetivo do Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I), falou da emoção de ser homenageado no 145º aniversário de Santos-Dumont. "Eu nunca sonhei em ganhar essa medalha, é algo muito grande para nós, militares. Me sinto muito orgulhoso por ter sido agraciado, porque sei que todo o serviço que eu prestei foi compensado e a FAB viu o que fiz", disse o especialista com 30 anos de serviço na Força.
História
Alberto Santos-Dumont nasceu no dia 20 de julho de 1873, no sítio Cabangu, no Distrito de Palmira, em Barbacena (MG). Em 1905, após voar com balões e dirigíveis, começou a planejar um veículo mais pesado que o ar: o 14-Bis. Em 7 de setembro de 1906, o avião deu um primeiro salto no ar, mas faltou potência. Em 23 de outubro, com outro motor, o 14-Bis voou, decolando, mantendo-se no ar por uma distância de 60 metros, a três metros de altura e aterrisou. Era o primeiro voo homologado do mais-pesado-que-o-ar, para uma multidão de testemunhas eufóricas no campo de Bagatelle, em Paris. Santos-Dumont ainda construiu os aviões n°19 e n°20, conhecidos como Demoiselle, com grande sucesso.
FAB disponibiliza acervo de documentos no 145º aniversário de Santos-Dumont
Para comemorar os 145 anos de nascimento de Santos-Dumont, o Centro de Documentação da Aeronáutica (CENDOC) disponibilizou online, pela primeira vez, um acervo de 3.454 unidades documentais relacionadas ao inventor. O acervo, disponível na página do CENDOC na internet, foi doado pela sobrinha-neta de Santos-Dumont, Sophia Helena Dodsworth, e fotografados um a um – pois a digitalização poderia danificar. Trata-se de fotografias inéditas, cartas e recortes de jornais da época, entre outros documentos.
Fotos: Sargento Johnson Barros – Cabo André Feitosa / CECOMSAER.
¹por Tenente Cristiane Santos, Tenente Jonathan Jayme – Revisão: Major Alle
²por Tenente Jonathan Jayme, Tenente Felipe Bueno – Revisão: Major Alle