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Líderes desenvolvendo líderes

Sub Ten Anderson Fetzer Rodrigues


Investir no crescimento dos subordinados formando uma base para equipes de alto desempenho é um dos aspectos mais importantes da liderança. Bons líderes trabalham incansavelmente para desenvolver pessoas, buscando garantir não só o seu legado, mas também a melhoria de toda a organização. Afinal, líderes que não investem no crescimento de seus sucessores permanecem reféns de sua liderança, sem ter quem lhes represente em momentos de ausência, certo?

Desenvolver líderes não é uma tarefa fácil. Em poucas palavras, liderança é a capacidade de influenciar pessoas a fazerem o que é certo o tempo todo, mesmo que ninguém esteja vendo. Entretanto, as responsabilidades do líder vão muito além disso. Os líderes, incluídos todos os militares em seus respectivos níveis, devem estar constantemente preocupados em buscar novos conhecimentos, modernas técnicas e maneiras de despertar a liderança nos militares mais jovens, pois esses serão os próximos a ocupar cargos e funções de responsabilidade dentro da Instituição e deverão ter o perfeito entendimento de seu papel como líderes.

Dentre todos os papéis desempenhados pelos graduados, estar presente e servir de referência é mais do que apenas aparecer e ser visto. Suas ações e palavras, assim como a maneira como esses líderes se comportam, devem transmitir confiança e estimular o desenvolvimento da liderança, além de gerar exemplos positivos que possam ser reproduzidos. Graduados capazes de fazer o que pedem aos seus subordinados geram uma reputação positiva que contribui para sua presença efetiva e para o aperfeiçoamento de atributos indispensáveis nos liderados.

As responsabilidades dos militares mudam à medida que assumem novas posições de liderança. Nesse sentido, para garantir que a qualidade de futuros graduados não diminua, todos têm a responsabilidade de aperfeiçoar suas competências e de desenvolver continuamente seus subordinados. Além de materializar a liderança do círculo das praças, os subtenentes e sargentos são os responsáveis diretos pelo ensino da liderança aos graduados mais modernos. O exemplo é o pilar mestre e a influência é a palavra-chave para essa liderança.

Desenvolver lideranças pode ser uma tarefa trabalhosa no início; contudo, a longo prazo, os próprios líderes criarão um ciclo de desenvolvimento que facilitará o trabalho. Basta dar o pontapé inicial. A lista, a seguir, apresenta alternativas e ideias para serem aplicadas em qualquer nível, buscando amadurecer a liderança nos militares mais jovens. Está dividida em duas vertentes: criar a cultura da liderança e fornecer direção e motivação.

Criando uma cultura de liderança

  • Sirva de exemplo – esse é o requisito básico para um desenvolvedor de líderes. O líder influencia os subordinados ao demonstrar segurança e ao agir como é esperado de seus subordinados em todas as ocasiões. Ao fazê-lo, ele criará modelos de conduta desejados e inspirará seus subordinados a se comportarem da mesma maneira.
  • Esteja disponível – o desenvolvimento de outros líderes será proporcional ao tempo que lhes é destinado. Quando o líder disponibiliza seu tempo para conversar com seus liderados, além de evitar o surgimento de problemas, demonstra que está interessado em saber o que acontece com eles. Tempo é um bem muito caro, e quando os subordinados percebem que o líder está investindo seu mais caro recurso neles, eles buscarão retribuir o investimento.
  • Mostre empatia – empatia é a habilidade de entender os outros. A empatia permite que o líder entenda melhor como as diversas decisões tomadas no dia a dia da organização influenciam sentimentos e reações nos subordinados. A empatia mostra que o líder se importa com a pessoa por trás do militar e facilita a construção do relacionamento positivo. Demonstrar empatia não é concordar com reclamações ou sentimentos negativos, mas escutar e explicar o “porquê” de determinadas decisões ou situações.

Fornecendo direção e motivação

  • Elogie o bom desempenho – ninguém gosta de investir seu tempo em tarefas sem importância, mesmo nas mais comuns. Os jovens líderes colocarão toda a sua energia para cumpri-las da melhor maneira possível, e o líder deve perceber esse tipo de atitude, recompensando com elogios, seja em público seja em particular. Não é necessário muito tempo, ou formalidade, para dar um elogio; entretanto, ele deve ser sincero, do contrário, causará um efeito negativo. O elogio tem um grande poder de motivar as pessoas; quando bem aplicado, faz brotar a sensação de reconhecimento e abrirá as portas para a motivação e o aprendizado.
  • Escute ideias e sugestões – nem sempre as situações ocorrem conforme o planejado. Todas as atividades castrenses fornecem oportunidades de aproveitamento para o líder exercer sua liderança e desenvolver seus subordinados. Ao presenciar essas oportunidades, o líder pode perguntar a seu aprendiz como ele está cumprindo a tarefa; qual seria a melhor maneira de realizá-la; e se ele possui sugestões que facilitariam a sua execução. Esse interesse proporcionará uma sensação de importância e de valorização do que está sendo feito, principalmente se, em situações semelhantes futuras, o jovem líder perceber que suas sugestões estejam sendo utilizadas.
  • Forneça feedback – líderes precisam saber como suas ações estão sendo percebidas. Essa é a única forma que eles têm para saber se estão ou não no caminho certo. O feedback é um presente para o líder promover o aprendizado e aumentar o desenvolvimento dos jovens aprendizes. Ao prover um feedback sincero e objetivo, o líder encorajará e motivará seus subordinados a se manter na direção certa ou a corrigir seus rumos, aumentando seu desempenho e aperfeiçoando a capacidade de adaptação e, principalmente, de aprendizagem.

O Exército depende diretamente da atuação de seus líderes para o cumprimento de sua missão constitucional. Por mais estruturada que esteja a Instituição, sempre haverá espaço para a inovação e para a busca de processos que melhorem a motivação e a satisfação de seus componentes. O sucesso do líder, apesar de estar vinculado à motivação e ao planejamento de suas ações, também dependerá da persistência e da vontade de melhorar e de não desanimar diante dos obstáculos e das dificuldades que possam aparecer pelo caminho. Desenvolvendo líderes, o graduado, além de contribuir para o sucesso no cumprimento da missão institucional, dará continuidade ao seu trabalho na profissão militar.


Referências:

Exército Americano. (2019). Army Leadership and the Profession (ADP 6-22). Disponível em: < https://armypubs.army.mil/epubs/DR_pubs/DR_a/ARN20039-ADP_6-22-001-WEB-0.pdf>. Acesso em: 10 de janeiro de 2022.

MAXWELL, John. C. The 360 Leader: Developing Your Influence from Anywhere in the Organization. 2ª Edição. Nashville: Thomas Nelson Inc, 2011.

Sobre o autor:

Sub Ten Anderson Fetzer Rodrigues Ingressou nas fileiras do Exército em 18 de março de 1996. Em 1998, formou-se sargento de Artilharia na Escola de Sargentos das Armas (ESA). Possui o Curso de Aperfeiçoamento na EASA (2008) e o Curso de Aperfeiçoamento na Arma de Artilharia na Escuela Sargento Cabral – Argentina (2010). Possui, ainda, o Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais (CHQAO) (2021) e o Curso de Sergeant Major – na U.S. Army Sergeant Major Academy (USASMA) – Fort Bliss, Texas (2015).

Foi Adjunto de Comando na 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, em Dourados (MS), de 2015 a 2018 e Instrutor do Departamento de Operações Militares da USASMA (2019-2021). Sua educação civil inclui a graduação em Gestão de Recursos Humanos, o MBA em Liderança e Coaching de Recursos Humanos, o MBA em Gestão de Projetos e a Pós-Graduação em Docência do Ensino Superior, todos pela faculdade Anhanguera/UNIDERP. Atualmente é o Adjunto de Comando da Secretaria-Geral Exército.

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