O jornal Le Monde que chegou às bancas na tarde dessa terça-feira comenta o fracasso das negociações de compra dos aviões Rafale. Em reportagem de página inteira o vespertino explica o impasse nas discussões, que já duram mais três anos e se questiona se finalmente o esperado contrato para a compra dos 36 caças será fechado e durante a viagem de Estado da Dilma Rousseff a Paris.
Com o título “A história de um fiasco”, Le Monde retraça as negociações feitas até agora para a compra dos 36 aviões de combate Rafale. O jornalista aproveita a passagem de Dilma Rousseff por Paris para comentar os principais pontos das discussões nos últimos três anos e explica porque até agora o contrato, estimado em 4,5 bilhões de euros (mais de 12 bilhões de reais), não foi assinado.
Segundo o vespertino, as equipes de negociações dos dois países têm pela frente o desafio de apagar a série de erros cometidos no passado, principalmente do lado de Paris. Pois para o jornal, mesmo se os militares brasileiros se mostraram divididos sobre a escolha do futuro avião de caça, os franceses se precipitaram várias vezes anunciando que o contrato estava praticamente assinado, o que prejudicou as discussões.
Principalmente após as declarações feitas pelo então presidente francês Nicolas Sarkozy, durante uma visita no 7 de setembro de 2009, quando o chefe de Estado assinou um projeto de acordo de venda e insinuou que Paris havia vencido a disputa. Um episódio que não apenas irritou os militares brasileiros, mas também teria feito com que a Dassault, fabricante dos caças, considerasse, de acordo com Le Monde, que o negócio já estava concluído e diminuísse seus esforços na concorrência. “Tal abandono é um passo em falso estratégico em um país onde os negócios devem ser seguidos de perto e até o último momento”, disse uma fonte próxima da Dassault ouvida pelo jornal.
As mudanças de governos nos dois países não ajudaram as negociações, explica o vespertino. Mas a aproximação de Brasília com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, cristalizada pelo encontro de Lula com o líder de Teerã em 2010, também contribuíram para um certo mal-estar entre França e Brasil. Enquanto isso, analisa o artigo, a diplomacia norte-americana não parou de avançar em sua política de sedução e os suecos continuaram tentando provar que seus caças eram os melhores.
Le Monde termina o texto lembrando que nenhuma reunião sobre o assunto está prevista durante a viagem de Estado que termina nessa quarta-feira em Paris e que, segundo as últimas informações, nenhuma decisão será tomada antes de 2013.