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Le Bourget, céu azul na aviação

O evento bienal no aeroporto de Le Bourget, inaugurado em 17 de junho, é o maior evento mundial de aviação, e toda marca e fornecedor fazem o possível para atrair mais negócios.

As coisas parecem positivas hoje para o lado civil do setor aeroespacial, mas não para a defesa, com cortes de orçamentos nos países desenvolvidos. Enquanto as economias emergentes crescem, o entusiasmo pelas viagens aéreas aumenta ainda mais depressa. Avanços tecnológicos tornaram os aviões mais baratos e menos poluidores, por isso as companhias aéreasde toda parte estão ávidas para substituir seus aparelhos mais antigos.

Segundo a previsão anual da Boeing, publicada neste mês, mais de 35 mil novos aparelhos – no valor aproximado de 4,8 trilhões de dólares – serão necessários nos próximos 20 anos. Perto de 25 mil deles serão aviões de um só corredor, e quase 13 mil irão para Ásia. É um mercado dominado por dois fabricantes ocidentais.

A Airbus conseguiu uma liderança precoce de publicidade com o voo inaugural de seu A350. A aeronave de 314 lugares teria um custo operacional 25% menor que as antecessoras, graças a materiais leves e a um novo motor RollsRoyce. NA metade da semana, a Airbus acrescentou 59 encomendas às 613 originais, além das dos modelos mais antigos.

A Boeing, sediada em Seatle, insistiu que esperava ser superada em vendas em Paris pelo time da casa (a Airbus é propriedade da Franco-alemã-espanhola Eads). Ainda conseguiu dar um salto considerável. A Boeing lançou também uma versão estendida de seu 787 Dreamliner, brevemente estacionado este ano por problemas de bateria, para concorrer com o ligeiramente maior A350, com mais de cem novas encomendas dele. A companhia norte-americana também aumentou as apostas contra a versão atualizada "neo" do Airbus A320, de corredor único, prometendo antecipar as primeiras entregas de seu concorrente 737 MAX, do fim de 2017 para o terceiro trimestre.

Pela primeira vez não foi apenas "o pingue-pongue habitual entre Boeing e Airbus", como disse a televisão francesa. Outras firmas, inclusive de países em desenvolvimento, há muito visam ao mercado dominante de corredor único, onde o crescimento é mais forte. Elas estão chegando perto.

A mais próxima é a Bombardier, do Canadá. Pierre Beaudoin, o patrão, promete que seus novos CSeries, destinados ao mercado de 100 a 150 lugares, farão o voo inaugural neste mês ou na primeira semana de julho, e as entregas começarão em 2014. A Bombardier tem 177 encomendas "firmes" do avião até agora. Será o primeiro a usar o motor turbofan "geared" da Pratt e Whitney, o mais próximo de uma grande ideia que os fabricante sde motores tiveram em algum tempo. Ao substituir o eixo habitual entre a hélice e a turbina por uma engrenagem que permite a cada uma girar em sua velocidade ideal, deverá reduzir significativamente o consumo, as emissões e o ruído.

A brasileira Embraer, maior rival da Bombardier no mercado de jatos "regionais" menores, confirmou que vai reformular seu E-jet, projetando para o mercado de 70 a 130 lugares, e disse já ter 300 encomendas e opções da nova versão. Ela não pretende (ainda) concorrer com Airbus e Boeing, mas vai se sobrepor à versão menor do CSeries da Bombardier. E também usará o novo motor da Pratt e Whitney.

A Rússia também tem aspirações. Em Paris, a Irkut, propriedade da United Aircraft Corporation, exibiu um protótipo do MC-21, com 130 e 150 lugares, que mais uma vez usará o motor turbofan com marchas (e eventualmente um russo). A Irkut pretende começar a construir um avião este ano. Outra firma do grupo UAC, a Sukhoi, até agora vendeu seu Superjet menor principalmente na Rússia e em outros países do antigo bloco oriental. Graças a uma joint venture com com a Alenia Aermacchi, da Itália, o primeiro Sukhoi Superjet destinado a companhia ocidental foi entregue em Paris para a Interjet do México.

Entre os ausentes da exposição esteve o candidato da China para enfrentar a Boeing e a Airbus, o Comac C919. O avião de mais de 150 lugares estava agendado para um voo inaugural em 2014, mas seu desenvolvimento foi interrompido. São os chineses que tanto a Boeing quanto a Airbus afirmam classificar como seu único concorrente sério, apesar da liderança da Bombardier.

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