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Judoca Chibana, agora 3º Sargento, exalta “experiência única” no EB

Número 1 do mundo da categoria meio-leve (66kg) e uma das apostas do Brasil na busca por uma medalha olímpica nos Jogos do Rio de Janeiro em 2016, o judoca Charles Chibana, de 25 anos, passou por uma "experiência única" no último mês, logo depois de disputar o Mundial de Chelyabinsk, na Rússia.

Ao lado de outros atletas, ele participou de um período de estágio no Exército Brasileiro, na Fortaleza de São João, no bairro carioca da Urca. Chibana foi incorporado como 3º Sargento Técnico Temporário, com a qualificação em "desporto de alto rendimento", e agora integra o Programa de Atletas de Alto Rendimento (PAAR).

O programa do Exército surgiu em 2009 e hoje tem 198 atletas de alto rendimento distribuídos por 18 modalidades. Eles são incorporados nas graduações de sargento e soldado, dependendo do nível esportivo.

O salário gira em torno de R$ 2.700 para os sargentos e R$ 1.200 para os soldados, além de outros benefícios. O tempo de duração é de no máximo oito anos. Naturalmente, o atleta tem que se manter em alto nível, competindo e treinando.

Outros importantes atletas brasileiros fazem parte das forças de combate e defesa e do país. No Programa Olímpico da Marinha (Prolim) estão nomes como as judocas Sarah Menezes, Mayra Aguiar, Erika Miranda, Maria Portela, Ketleyn Quadros e Maria Suelen Altheman, assim como atletas de vôlei de praia, natação, taekwondo, futebol feminino e luta olímpica, esta última modalidade com a presença da campeã mundial Aline Silva. Nesse ano, a Aeronáutica formou sua primeira turma de sargentos atletas, e entre eles está o bicampeão da Maratona de Nova Iorque, Marilson Gomes dos Santos.

– Não conhecia nada mais profundo sobre o Exército. Tive a oportunidade, fui convidado, aceitei, e achei muito legal a vivência do soldado, dos pelotões. Entrei como 3º Sargento. É uma vivência nova, tivemos até curso de sobrevivência na selva. Foi muito prazeroso.

O próximo passo é levar todos os ensinamentos que aprendi no Exército para a vida inteira, foi uma experiência única o que passei. Foram três semanas de muitos ensinamentos – contou Chibana.

O PAAR tem em seu programa 17 judocas, entre eles Alex Pombo, Eric Takabatake, Felipe Kitadai, Leandro Guilheiro, Luciano Corrêa, Rafael Silva e Victor Penalber, assim como Gabriela Chibana, prima de Charles – todos fazem parte da seleção brasileira de judô.

Gerente do programa, o Major Romão, que foi atleta de pentatlo moderno por 14 anos, com participações em Olimpíadas e Jogos Pan-Americanos, explicou um pouco mais sobre os objetivos do PAAR.

– O objetivo inicial era melhorar a representatividade do Brasil nos V Jogos Mundiais Militares, que seriam realizados no país em 2011. Como o país seria sede, teríamos que ter no mínimo uma resposta à altura de tanto investimento. Além do mais, já era hora de as Forças Armadas lançarem o PAAR no Brasil, uma vez que praticamente todos os outros países já haviam feito isso no Conselho Internacional do Desporto Militar (CISM).

Países como a Alemanha, França, Itália, todo o Leste Europeu e os países asiáticos já possuíam seus programas de atletas de alto rendimento. Com isso, o PAAR foi lançado – disse o Major Romão, também comentarista do pentatlo moderno no SporTV.

Charles Chibana fez sua última luta no dia 29 de setembro, quando ajudou a equipe do Brasil a vencer o Japão no Desafio Internacional de Judô, evento inédito realizado em um teatro em São Paulo. Ele venceu Jumpei Morishita por ippon, na última luta do confronto, e fez a festa dos torcedores na cidade que nasceu. Antes disso, contou que passou por apertos durante o estágio.

– Quando estávamos no acampamento, fomos divididos em três grupos e tínhamos que montar o nosso abrigo. Como somos iniciantes nisso, imagina como ficou. Tínhamos que usar o que tínhamos, no caso um poncho (vestimenta) de cada integrante e um barbante, só que não tínhamos muito barbante, então começamos a usar esparadrapo. Depois, ele acabou e usamos fita isolante, e por fim usamos fio dental, ficou uma belezura (risos). Mas deu para a gente dormir bem, já que estávamos todos exaustos – relembrou.

O estágio serviu para adaptar os jovens sargentos à vida militar.

– Os objetivos do PAAR são estimular a prática desportiva junto ao público interno, transmitir conhecimento para as áreas envolvidas no esporte, projetar a imagem da Força Terrestre, representar o Exército e as Forças Armadas em competições nacionais e internacionais e por fim colaborar com o desenvolvimento do desporto nacional – completou o Major Romão.

Chibana promete se dedicar durante o período em que estiver no Exército e ainda cita a possibilidade de integrar a delegação brasileira nos próximos Jogos Mundiais Militares, que acontecem na Coreia do Sul. A sexta edição da competição será entre os dias 29 de maio e 5 de junho, na cidade de Mungyeong.

– Vou aproveitar ao máximo esse tempo. Acabei de começar. No ano que vem tem Jogos Mundiais Militares na Coreia do Sul e posso participar, mas vai depender de outras coisas. É uma competição muito forte no judô, com várias potências como Rússia, Coreia, Cazaquistão e Uzbequistão – disse o judoca, ainda impressionado com a experiência que teve.

– Essas três semanas que passei na Fortaleza de São João foram uma experiência única, onde conheci amigos de várias modalidades e tive aprendizados que levarei para a vida – finalizou.

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