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Índia propõe parceria tecnológica do caça Rafale

TÂNIA MONTEIRO

Na reunião bilateral entre Brasil e Índia, ontem, na Hyderabad House, o governo indiano informou à presidente Dilma Rousseff que, caso ela opte pela compra dos caças Rafale (da empresa francesa Dassault), os indianos estão interessados em estabelecer uma parceria tecnológica com os brasileiros para montagem de um projeto conjunto de transferência de tecnologia. A Índia anunciou que vai comprar 126 caças franceses.

A disposição do governo indiano é de transferir informações que eles recebam em relação ao Rafale. Assim, os três países – Brasil, Índia e França – poderiam trabalhar juntos em um projeto de parceria tecnológica. O governo indiano já havia feito oferta semelhante ao ministro da Defesa, Celso Amorim, durante sua visita à Índia em fevereiro.

A presidente Dilma, no entanto, não deu nenhuma resposta aos indianos, ou teceu qualquer comentário mais detalhado sobre o tema. "Nem cabia ela comentar. A oferta foi feita no momento em que a Índia apresentava proposta de parceria em várias áreas e esta seria apenas mais uma delas", contou um integrante da delegação brasileira presente à reunião. "Eles ofereceram cooperação e o Brasil ainda vai analisar isso", confirmou outro interlocutor da presidente.

O governo brasileiro não quer discutir a compra dos caças para Força Aérea Brasileira (FAB) antes do mês de maio. O processo de compra dos aviões, o projeto FX-2, está suspenso desde o início do governo Dilma. Na transição, o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim entregou um relatório para a presidente com a avaliação completa dos três concorrentes: o Rafale, o sueco Gripen, da Saab, e o americano F-18 Super Hornet, da Boeing.

Em 2010, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante visita do presidente francês Nicolas Sarkozy anunciou a opção pelo Rafale. O fato gerou polêmica, pois o processo de escolha ainda estava em andamento. A preferência de Lula pelo modelo francês estava ligada à promessa de "transferência irrestrita" de tecnologia ao Brasil. O maior impedimento, no entanto, era o preço do caça francês, o maior dos três. Esse custo era maior porque, até então, nenhuma outra força aérea havia optado por comprar o Rafale.

Com o anúncio da Índia de comprar os aviões franceses, o projeto está salvo e há uma sensível redução no preço do Rafale. O total do pacote indiano é de US$ 12 bilhões. O brasileiro, com 36 unidades, está estimado em cerca de US$ 6 bilhões.

Polêmica.

Um escândalo tomou conta da imprensa indiana, nos últimos dias, envolvendo a compra dos caças. O comandante do Exército indiano, general V.K. Singh, encaminhou uma carta ao ministro da Defesa da Índia, A.K. Antony, denunciando irregularidades na compra de diversos equipamentos de defesa. A Índia sofre com graves problemas de corrupção.

A carta vazou para a imprensa, o que irritou o ministro que prometeu "punição máxima" para quem deixou vazar o documento.

Reportagem do jornal The Times of India informa que o ministro "falou grosso" e disse que vai cancelar acordos "sombrios", acrescentando que, se quaisquer irregularidades forem encontradas em qualquer acordo, mesmo que estejam em fase final, o negócio "será cancelado".

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