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Índia informa Brasil sobre compra de caças

CLÓVIS ROSSI

O governo indiano relatou à delegação brasileira, que encerrou ontem uma visita oficial ao país, como está o seu programa de compra dos caças franceses Rafale.

Mas nenhum dos integrantes da delegação quis entrar em detalhes sobre a exposição indiana e menos ainda sobre as observações brasileiras. Limitaram-se a admitir que o tema fora levantado, por parte dos indianos.

O ministro Fernando Pimentel (Indústria, Comércio e Desenvolvimento) contou apenas que os brasileiros disseram aos indianos que ficariam observando, até porque a decisão sobre a compra de aviões para a FAB (Força Aérea Brasileira) ainda não foi tomada.

Os Rafale concorrem com o norte-americano Boeing F-18 e o sueco Gripen, o preferido da FAB.

O ministro desconhecia completamente denúncia inicialmente veiculada pelo canal de notícias "Times Now" faz dois dias: a emissora anunciou ter documentos em que "oficiais superiores" não especificados questionam as condições da compra.

As objeções são de duas naturezas: o valor a ser pago pelos caças, calculado em cerca de US$ 15,7 bilhões (R$ 28,7 bi) pelas 126 unidades; e a falta de clareza quanto à transferência de tecnologia.

Os indianos têm requisitos de transferência tecnológica que implicam a construção do avião no país, como eles já fazem com o caça pesado russo Sukhoi-30.

Os dois itens aplicam-se exatamente à concorrência aberta pela Força Aerea Brasileira para comprar 36 caças, um pacote no valor de aproximadamente R$ 10 bilhões.

O Rafale, o favorito no momento, é mais caro do que seus concorrentes.

Transferência de tecnologia é considerado ponto essencial para a definição por um modelo, mesmo que seja seu preço seja mais alto.

Se há dúvidas sobre a real transferência de tecnologia, a compra dos caças pode emperrar de novo (a concorrência arrasta-se desde 2001 e já houve outros momentos em que o avião francês foi dado como seguro vencedor, até pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva).

Pimentel soube pela Folha da denúncia, mas ele não fez comentário, como é óbvio, em se tratando de assunto interno indiano.

Pimentel tampouco comentou a informação de que haveria a possibilidade de o Brasil virar parceiro de Nova Déli caso também venha a escolher o Rafale.

O ministro usou exatamente o argumento de que não há decisão sobre qual avião será comprado, o que tornaria pura especulação discutir cooperação com quem já comprou um dado modelo.

A Folha apurou que o cálculo que se faz no governo é o de que a decisão não será anunciada antes da eleição francesa de 6 de maio (segundo turno) para não ajudar o presidente Nicolas Sarkozy, se o Rafale for escolhido, ou prejudicá-lo, se for um dos concorrentes.

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