Em 19 de julho de 2017, o Hospital Militar de Área de Recife (HMAR) comemorou 200 anos de história, que foi celebrado com uma série de atividades. Criado em 1817, essa organização militar de saúde atuou em diversos momentos da história do Brasil, como a Guerra de Canudos, quando o seu Diretor, o Major Médico José de Miranda Cúrio, destacou-se como habilidoso cirurgião durante o conflito.
A abertura das comemorações do Bicentenário do Hospital deu-se com a Jornada Científica Multidisciplinar, realizada entre 17 e 18 de julho, dias em que o tema “Saúde – 200 anos de Disciplina Consciente!” foi amplamente debatido.
O ponto alto aconteceu no próprio dia 19, com a realização, pela manhã, de um Culto Ecumênico, com a participação de um Coral composto por integrantes do HMAR. No período da tarde, o Hospital recebeu a homenagem da Casa da Moeda do Brasil e da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.
A casa da Moeda, por intermédio do Senhor Joaquim Paulo Monteiro, Superintendente Substituto do Departamento Comercial de Cédula, Moeda e Medalhas, juntamente com o Coronel Médico Ronaldo Smolentzov, Diretor do Hospital, lançou o Medalhão comemorativo ao Bicentenário, cuja peça ficará no acervo da instituição.
Em seguida, a Senhora Deyse Viana Ferraz de Araújo Sobreira, Superintendente dos Correios em Pernambuco, e o Diretor do HMAR realizaram a obliteração do selo alusivo à data.
Dentre os presentes na solenidade, o Comandante Militar do Nordeste, General de Exército Artur Costa Moura, o Comandante da 7ª Região Militar, General de Divisão José Luiz Jaborandy Rodrigues, e o Inspetor de Saúde do Comando Militar do Nordeste (CMNE), General de Brigada Sergio dos Santos Szelbracikowski, receberam exemplares do medalhão e do selo.
Além disso, durante a cerimônia, personalidades civis e militares que, de alguma forma, contribuíram para a boa imagem do HMAR, também foram homenageadas com a entrega do selo e do medalhão comemorativos. Destaca-se, dentre os homenageados, o General Severino Ramos de Oliveira, antigo Diretor do HMAR e antigo Diretor de Saúde do Exército, e o Servidor Civil José Luiz da Silva, funcionário mais antigo do Hospital.
O encerramento das comemorações aconteceu com a formatura alusiva ao aniversário do Hospital, oportunidade em que foram entregues Diplomas de “Amigo do HMAR” a militares e civis que colaboraram para a preservação e manutenção da imagem da instituição. Estiveram presentes ao evento autoridades civis, militares, antigos integrantes e familiares de integrantes do HMAR.
Histórico do HMAR
O ano de 1817 foi um período caracterizado pela instabilidade política e econômica entre o Governo Regencial e as Províncias. Em Pernambuco, foi deflagrado um dos mais sérios movimentos enfrentados pela coroa portuguesa, sediada no Rio de Janeiro, a Revolução de 1817. Dom João VI reprimiu-a com rigor e violência, enviando tropas terrestres e navais para combater os insurretos, que haviam instalado, na província, um Governo Provisório separatista.
Em 19 de julho de 1817, o Governador da Província de Pernambuco, Capitão General Luiz do Rego Barreto, autorizou o início das atividades de um Hospital Militar, que utilizou, inicialmente, o pavimento térreo e o primeiro andar do lado norte do Convento do Carmo. O hospital recebeu os doentes militares que se encontravam no Hospital da Misericórdia de Olinda e teve como seu primeiro Diretor o Físico-Mor Dr. José Joaquim de Carvalho.
Um dos integrantes desse Hospital Militar, o Dr. José Eustáquio Gomes, estabeleceu uma escola de cirurgia, que formou “habilíssimos e distintos facultativos”, conforme linguajar daquela época.
Em 1820, foram instituídos, por Decreto, os Hospitais Militares no Brasil e, como tal, foi incluído o Hospital Militar de Pernambuco.
Em 1832, por força de imposição regulamentar, o Hospital Militar de Pernambuco foi transformado em Hospital Regimental e transferido para um edifício junto à Igreja da Soledade.
Em 1844, os recursos dos Hospitais Regimentais existentes na guarnição foram incorporados em um único Hospital Militar, que passou a ser denominado Hospital Militar da Corte.
O movimento conhecido como Revolta Praieira, ocorrido em 1848, representou um grande desafio para o Hospital Militar da Corte, pois suas acomodações ficaram superlotadas de feridos.
Seis anos depois, em 1854, o Ministro da Guerra determinou a construção de um edifício para o Hospital Militar da Corte, cuja localização ficou definida como sendo o terreno situado no fundo do aquartelamento da Rua do Hospício.
Na fachada histórica deste hospital, voltada para a Rua Gervásio Pires, encontra-se, ainda hoje, uma placa em mármore com a seguinte inscrição: “Reinando o Sr. Dom Pedro II, Imperador Constitucional e Perpétuo Defensor do Brazil, e sendo Presidente da Província o Excelentíssimo Sr Conselheiro José Bento da Cunha e Figueiredo, foi começada esta obra sob a direcção do Major Engenheiro José Joaquim Rodrigues Lopes. 1854”
Com a conclusão da obra no final de 1858, as atividades hospitalares puderam, efetivamente, ter início em 1859.
Por ocasião da Guerra do Paraguai, houve uma redução significativa das tropas existentes em Recife, que se deslocaram para a área do conflito. Por esse motivo, o Hospital foi transformado em Enfermaria.
Alguns anos após o término do conflito, a Enfermaria foi novamente transformada em Hospital. Em 1890, foi incluído na categoria de Hospital Militar de 2ª Classe e seu primeiro Diretor foi o Major Médico José de Miranda Cúrio, que viria a se destacar como habilidoso cirurgião durante a Campanha de Canudos.
Em 19 de janeiro de 1942, esta Organização Militar de Saúde foi elevada à categoria de Hospital Militar de 1ª Classe e, em 08 de julho de 1953 passou a ser denominado Hospital Geral do Recife.
Em 1989, o Comandante da 7ª Região Militar/7ª Divisão de Exército, General-de-Divisão Amaury Sá Freire de Lima, atendendo estudo e proposta do Diretor do Hospital Geral do Recife, Coronel Médico Severino Ramos de Oliveira, autorizou a ocupação das instalações do Quartel-General do Comando da 7ª Região, que fora transferido para os pavilhões do antigo Colégio Militar do Recife.
Em 2003, foram construídos os prédios que hoje abrigam a Policlínica, o Pronto Atendimento Médico, o Setor de Radiologia e o Setor de Fisioterapia.
Finalmente, por força da Portaria nº 729, de 07 de outubro de 2009, este hospital foi transformado em Hospital Militar de Área, recebendo, a partir de 1º de janeiro de 2010, sua atual denominação.
Nesses 200 anos, o HMAR vem se destacando na busca da assistência de qualidade aos usuários do FUSEx e a seus dependentes, no âmbito do CMNE, proporcionando tecnologia, aliada à humanização hospitalar.
É o “Braço Forte” na gestão hospitalar e a “Mão Amiga” na excelência do atendimento à família militar.