Roberto Godoy
A Eurocopter europeia está capacitando a sua coligada no Brasil, a Helibras, de Itajubá, no sul de Minas, para desenvolver, até 2025, o primeiro helicóptero de projeto e construção nacionais.
"A aeronave será entregue ao mercado mundial em meados da década de 2020", disse ontem ao Estado o CEO internacional do grupo, Lutz Bertling, que participa, hoje, da inauguração da nova fábrica, dedicada à linha de produção do modelo militar EC725. Para o presidente da Helibras, Eduardo Marson, o helicóptero brasileiro "era um plano, agora é meta".
O governo comprou 50 unidades do EC725, um contrato de 1,9 bilhão. O lote principal, de 48 unidades, será destinado à Marinha, Exército e Aeronáutica. Os outros dois estão destinados ao GTE, o Grupo de Transporte Especial da Força Aérea, responsável pela frota da Presidência.
O pavilhão industrial em Itajubá, com as unidades dos serviços de apoio – de um banco digital de testes e centro de treinamento à área de qualificação de empresas fornecedoras de peças e componentes -, implicam investimentos de R$ 420 milhões. O programa prevê índice de nacionalização de 50% no EC725/Br. O número de empregos locais na Helibras passou de 260 em 2009 para os atuais mais de 700.
Segundo Lutz Bertling, a Eurocopter "está aberta para receber sinais positivos do governo federal no sentido de compartilhar a aspiração (de produzir um helicóptero próprio no País)". "Estou preparado para debater com a presidente Dilma Rousseff e com o ministro Celso Amorim a melhor maneira de prosseguir rumo ao nosso objetivo", disse.
O CEO mundial considera desafio prioritário, "consolidar, na Helibras, toda a capacidade para torná-la uma fabricante de helicópteros a serviço dos mercados globais". Isso está sendo realizado, revela, "por meio do estabelecimento da gestão das cadeias de fornecimento nas quais estamos integrando soluções oferecidas pelas nossas áreas de pesquisa e desenvolvimento". O resultado, diz, "é um consistente processo de transferência de tecnologia para os operadores brasileiros". Até setembro, a Helibras já havia assinado contratos com 14 grupos nacionais para fornecimentos diversos, incluindo serviços.
A planta industrial do EC725, está em atividade. O espaço principal é de 12,7 mil m², acrescentados de 1,7 mil ² descobertos para manobras e ensaios de campo. No local estão abrigadas duas linhas: do grande EC725-Super Cougar e do pequeno Esquilo.
A aposta da hora é o EC725. A aeronave leva dois pilotos e mais 28 combatentes a distância máxima de 808 km e a velocidade de 262 km/hora. O futuro tipo a ser projetado será definido mediante pesquisa do mercado em geral e da demanda específica de clientes – as Forças Armadas, por exemplo. As providências internas da empresa avançam. A Helibras recebeu há duas semanas o certificado de engenharia de projeto, atribuído no grupo Eurocopter apenas à França, à Alemanha e à Espanha.