Bernardo Bortolotto
A manhã desta quinta-feira (13) foi de despedida para as famílias dos militares de Santa Maria que embarcaram rumo ao Haiti para integrar a missão de paz. O primeiro grupo a ir nessa fase deve chegar a Porto Príncipe na manhã de sexta (14). O batalhão está sendo treinado desde julho deste ano.
"Cada missão é missão diferente. Claro que a família sente, e eu também, mas que é por uma causa maior", diz o soldado Rauger.
Esse foi o primeiro de sete grupos que vão embarcar este ano do estado rumo ao Haiti. Os outros seis voos vão ser fretados pela Organização das Nações Unidas (ONU), e devem sair de Porto Alegre. Em todo o país, até o dia 4 de dezembro, 1,2 mil soldados embarcam rumo ao Haiti. Em seis meses, eles esperam ter importantes experiências para contar.
Dos 44 soldados do primeiro grupo, 33 saíram de Santa Maria com o objetivo de ajudar na assistência humanitária e na segurança do Haiti. A missão de paz da ONU já dura dez anos.
Antes de sair do Brasil, a aeronave faria duas escalas, no Rio e em Brasília, onde outros 15 militares se juntariam à missão, e uma terceira, para manutenção, na cidade de Boa Vista, em Roraima. Os 48 oficiais são os primeiros integrantes do Batalhão de Infantaria de Força de Paz do 21º Contingente Brasileiro (Brabat 21) a viajar. Ao longo do mês, outros seis grupos devem embarcar, com saídas de Porto Alegre.
Cada um deles deve trabalhar em funções diferentes: comunicação, logística, inteligência ou operações. Mas a missão é a mesma para todos: dar suporte de assistência humanitária e de segurança. É preciso estar preparado para situações de conflito, mas o fundamental é garantir a paz no país onde permanecerão por seis meses.
A Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah) conta com apoio brasileiro desde 2004. Nos últimos 10 anos, milhares de brasileiros trabalharam para ajudar o país que tem um histórico de pobreza e conflitos políticos.
Renato Ullrich, o sargento Alencar, do 29º Batalhão de Infantaria Blindado (29ª BIB), saiu de Santa Maria ontem para sua terceira participação na missão. Ele foi em 2007 e em 2010. Na segunda vez, um terremoto causou estragos de grandes proporções no país. Há quatro anos, no dia em que soube que viajaria, o militar recebeu a notícia de que seria pai.
– Na época do terremoto, foi tudo bem rápido. Dei meu nome em um dia e logo já estava fazendo a documentação. Em questão de dias, embarquei. Cheguei em casa e minha esposa disse que estava grávida. Eu também tinha algo a dizer a ela, que iria para o Haiti. Quando voltei, meu filho, Miguel, estava com 11 dias – relembra o sargento.
Mesmo já conhecendo o país e o trabalho no local, ele diz que cada missão é única e "imprevisível".
Com ZH via Notimp/FAB