Ten Jussara Peccini
O orçamento do governo federal para 2017 já tem assegurado o valor de R$1,5 bilhão para o projeto Gripen NG. A afirmação do ministro da Defesa, Raul Jungmann, foi feita na terça-feira (22/11) após a inauguração do Centro de Projetos e Desenvolvimento do Gripen (na sigla em inglês: GDDN – Gripen Design Development Network), em Gavião Peixoto (SP).
“Os recursos estão garantidos para que o projeto siga seu cronograma, que está indo muito bem”, afirmou Jungmann.
O Brasil investirá cerca de U$$ 5 bilhões no projeto que inclui compra de 36 aeronaves de caça que serão entregues entre 2019 e 2024. O GDDN é o principal marco no processo de transferência de tecnologia entre Brasil e Suécia do projeto Gripen NG. Trata-se do primeiro da lista de 60 projetos de offset (compensações de natureza industrial, tecnológica ou comercial) avaliados em U$$ 9 bilhões.
O local é o ambiente para a execução de projetos de desenvolvimento, testes e verificação, bem como para o armazenamento de sistemas de suporte para o novo avião de caça do Brasil, o Gripen NG. Por meio do GDDN, principalmente, vai ocorrer o processo de transferência de tecnologia, cujo pacote envolve capacitação, produção e manutenção.
O ministro também defendeu que a escolha da aeronave de caça sueca para equipar a Força Aérea Brasileira foi a melhor sob os pontos de vista de tecnologia, de defesa e de transferência de tecnologia, o que vai incrementar a capacidade técnica e operacional da indústria brasileira de aeronáutica.
“O entendimento da Força Aérea Brasileira foi de que o melhor projeto para o Brasil, para a defesa do Brasil, era exatamente o Gripen. Hoje, podemos comprovar isso, de fato nós fizemos a melhor opção”, avaliou o ministro durante o evento.
Jungmann classificou o momento da inauguração do GDDN como um marco, devido ao longo processo que envolveu o projeto F-X2, entre a decisão do Brasil de substituir as aeronaves de caça, tomada há 20 anos, até culminar na escolha do Gripen, anunciada em 2013.
Para o Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato, a inauguração do GDDN é um passo importante na construção do projeto Gripen NG. “Começou quando iniciamos o projeto; depois de muitos anos, quando o governo federal decidiu que esse seria nosso avião; posteriormente, com a assinatura dos contratos e, no ano passado, com o financiamento”, lembrou. O oficial-general destacou que futuramente o centro de engenharia também servirá a outros projetos. “É uma etapa importantíssima, mas lembro que é um passo em vista da meta que queremos atingir”, afirmou.
Desenvolvimento conjunto – Já em 2017, o local receberá metade do total dos 300 engenheiros e técnicos previstos para quando estiver em pleno funcionamento. Até 2024, o Brasil enviará 350 engenheiros para a Suécia. Segundo a Saab, eles serão divididos em cinco grupos e cumprirão 25 mil horas de treinamento teórico e prático na Suécia. O GDDN será a base de trabalho e de transferência de tecnologia entre a Saab e a Embraer, além de outras empresas como Akaer, AEL Sistemas e Inbra.
As conexões seguras do local, que estará em rede com o centro equivalente na Suécia, vão proteger informações do projeto. Na parte central do edifício estarão concentradas as áreas de projeto estrutural, cargas e estresse. A construção também vai abrigar espaços para telemetria e monitoramento de ensaios em voo.
KC-390 – Logo após a inauguração, o ministro da Defesa e o relator do Orçamento da União, senador Eduardo Braga, conheceram o maior avião já produzido no Brasil, o KC-390. O avião multimissão, que será a principal base estrutural da aviação de transporte da Força Aérea Brasileira, em fase de ensaios em voo, será produzido no complexo da Embraer em Gavião Peixoto, planta que concentra produtos de defesa da empresa.
“Esse projeto [KC-390] nos coloca em condições de competir com as maiores indústrias do mundo que desenvolvem aviões”, afirmou o ministro da Defesa.
Para ele, quando o novo cargueiro entrar em ritmo de produção, a capacidade produtiva será de 18 unidades por ano. Jungmann informou que, segundo a Embraer, há uma carteira de pedidos que pode chegar a 500 aeronaves. “Isso significaria dizer que nós teríamos um impacto na balança comercial ao ano de U$$ 1 a 1,5 bilhão só com a venda do KC-390”, diz o ministro sobre o potencial de exportação da aeronave.
Porém, o ministro indicou a necessidade de mais R$ 200 milhões para construir o terceiro protótipo da aeronave e, assim, garantir a certificação. “O País sai na frente, mas precisa se manter na frente. Se o projeto atrasar, o que vai acontecer é que outros países também desenvolverão seus produtos e ocuparão esse lugar”, explicou o ministro.