O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, nomeou o General de Divisão Elias Rodrigues Martins Filho, do Exército Brasileiro, o novo comandante militar da Missão de Estabilização das Nações Unidas na República Democrática do Congo, a MONUSCO.
Substituindo o General da África do Sul, Derrick Mgwebi, o novo Force Commander contará com um efetivo de cerca de 17 mil militares, de diferentes países. Pela segunda vez, a MONUSCO irá contar com um comando brasileiro, já que o General de Divisão Carlos Alberto dos Santos Cruz esteve à frente da missão de 2013 a 2015.
Com mais de 35 anos de serviço, o General Elias ocupava cargo no Escritório de Organismos Americanos do Ministério da Defesa, e já foi vice-conselheiro militar junto à ONU, em Nova Iorque; bem como integrante da Missão de Verificação das Nações Unidas em Angola. Além dos cursos militares, o General também é pós-graduado em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília e graduado pela Faculdade de Defesa da Escola Superior de Guerra.
O novo Force Commander ainda explica que a missão de paz na República Democrática no Congo (RDC) possui características específicas: “é uma missão que já ocorria em 1960, quando o Brasil participou com um pequeno contingente naquela operação e, depois, ressurgiu no final década de 1990. Desde 2010, a missão segue em um novo modelo com um mandato que prioriza a proteção de civis”. Confiante, o General completa: “estou pronto para dedicar o melhor de mim à comunidade internacional”.
A Missão na República Democrática no Congo
O país está localizado na região central do continente africano e conta com uma série de problemas sociais e conflitos armados. Trata-se de um dos maiores países do mundo em extensão territorial e possui grandes riquezas naturais, o que, infelizmente, não é sinônimo de desenvolvimento nacional. O baixo Índice de Desenvolvimento Humano e o alto índice de mortalidade infantil são apenas alguns dos tristes registros da República Democrática do Congo.
Segundo publicação de fevereiro deste ano na página web brasileira das Nações Unidas, “a situação na República Democrática do Congo é uma das mais complexas do mundo e piorou em virtude do aumento de vários conflitos locais.
No início de 2018, existiam cerca de 5 milhões de congoleses deslocados: aproximadamente 674.879 refugiados em outros países africanos e cerca de 4,35 milhões de deslocados internos. Esses números colocam a RDC entre os países com as maiores crises de deslocamento do mundo”.
O General Elias explica que “para que ocorra uma Operação de Manutenção da Paz, como as que o Brasil participa, alguns requisitos precisam ser cumpridos: o primeiro é o consentimento do país anfitrião; o segundo é a existência de um acordo de paz entre as partes envolvidas; e o terceiro diz respeito aos atores que estão contribuindo para o processo de paz: civis, militares e agentes humanitários que devem ser imparciais e representar todos os continentes na área da missão. E, por fim, tudo isso deve que estar sob o comando das Nações Unidas”.
Ao ser abordado sobre os desafios da nova missão, o Force Commander ressalta algumas características do País: “os conflitos nessa região, em particular no leste, são bastante sangrentos e têm provocado desastres humanitários que não têm tido notoriedade diante da comunidade internacional.
A República Democrática do Congo tem mais deslocados no interior do País do que o que a guerra da Síria provocou. Estudos indicam que há mais de 200 grupos armados, e bem armados, na região, causando grandes danos às populações civis. Nos últimos anos, tornaram-se comuns os ataques às tropas das Nações Unidas, portanto é um ambiente bastante tenso, uma situação de risco elevada que tem provocado mortes de peacekeepers, que são os militares na missão de paz”.