As Instituições e a Imprensa
General-de-Exército Valério Stumpf Trindade
Comandante Militar do Sul
Há cerca de 10 anos os economistas Daron Acemoglu e James A. Robinson publicavam a obra intitulada “Why Nations Fail”. O livro, em síntese, consolidava a tese de que países com instituições fortes e confiáveis, com respeito à lei e aos contratos, experimentam maior desenvolvimento mesmo em desvantagem em recursos naturais.
O fortalecimento de nossas instituições é, portanto, de interesse de todos nós brasileiros, é construção coletiva, que se faz todos os dias. E a Imprensa tem um papel importante nesse processo, por sua contribuição na formação da opinião pública.
As Forças Armadas estão dentre as instituições mais respeitadas do Brasil. A confiança que nos é depositada decorre do trabalho anônimo de cada militar, nos mais distantes rincões deste país continental. Ocorre que, não raramente, reportagens levianas, sem compromisso com a verdade, atacam a imagem de nossas instituições.
Foi o caso da recente matéria “Exército gasta R$ 3,5 milhões em próteses…” que repercutiu em todo o país. A manchete, no entanto, é inverídica. A verdade é que dois hospitais militares adquiriram três próteses para pacientes do Sistema de Saúde do Exército (cerca de 700 mil usuários) que realizaram cirurgia por recomendação médica. Os recursos do Fundo de Saúde do Exército não provêm dos impostos, mas de desconto no contracheque dos usuários. Fora de contexto e tendenciosas foram também as manchetes da aquisição do Viagra para serem utilizados em UTIs.
Não estamos buscando uma “imprensa chapa branca”. A Imprensa livre e investigativa é fundamental para a Democracia, ela mostra ao cidadão acertos e erros, e assim contribui para uma boa governança. O que propugnamos é uma análise melhor da fonte e do contexto, a confirmação dos fatos, antes da publicação de notícias inverídicas ou tendenciosas que, pela repetição, terminam por minar a imagem das instituições. E, a longo prazo, todos perdemos.
O enfraquecimento das Instituições é caminho para o autoritarismo e a anarquia. Não interessa a ninguém. Vamos preservá-las e fortalecê-las.
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