A Embraer, que já conta com um contrato para o fornecimento de 28 aviões KC-390 para a Força Aérea Brasileira (FAB), assinou nesta semana com a empresa italiana Selex ES o fornecimento de radares Gabbiano T20. O equipamento será instalado no nariz das aeronaves e poderá ser utilizado, por exemplo, para localizar embarcações em alto-mar.
O primeiro KC-390 deve ser entregue para a FAB no fim do próximo ano e o objetivo será cumprir todas as missões atualmente realizadas pelos C-130 Hércules. A capacidade de levar até 23,2 toneladas de combustível nas asas, necessária para voos de transporte de longo alcance ou para reabastecer outras aeronaves em voo, também torna possível a utilização do KC-390 para a realização de missões de busca, e o radar irá auxiliar nessa tarefa.
O Gabbiano T20 poderá ajudar a identificar manchas de óleo ou realizar o mapeamento de áreas terrestres. No modo de acompanhamento de alvos, poderá rastrear mais de 200 embarcações simultâneamente, podendo ainda ser usado no combate a atividades ilegais, como pesca predatória e pirataria.
O foco da aquisição das 28 unidades para a FAB, contudo, é outro: a frota deverá se tornar a espinha dorsal da aviação de transporte da FAB. Versátil, o avião vai cumprir missões como operar em pequenas pistas na Amazônia, lançar paraquedistas, reabastecer outras aeronaves em voo, pousar na Antártica e lançar carga em pleno voo, dentre outras.
O compartimento de carga terá 18,54 metros de comprimento, 3,45 de largura e 2,95 de altura. Maior que uma quadra de vôlei (18,00 metros de comprimento), o espaço é suficiente para acomodar equipamentos de grandes dimensões, além de blindados, peças de artilharia, armamentos e até aeronaves semi-desmontadas. O blindado Guarani, por exemplo, cabe dentro do compartimento de carga do KC-390.
Também poderão ser levados 80 soldados equipados ou 64 paraquedistas em uma configuração de transporte de tropa ou 74 macas mais uma equipe médica em uma configuração de evacuação aeromédica. O peso máximo para cargas é de 23 toneladas. Como reabastecedor, o KC-390 será capaz de transferir combustível em voo para aviões e helicópteros, e também poderá ser reabastecido em voo por outra aeronave.
O investimento total foi de 12,1 bilhões de reais, sendo R$ 4,9 bilhões para o desenvolvimento da aeronave e 7,2 bilhões para a encomenda da frota. O primeiro protótipo voou em fevereiro, na sede da Embraer em Gavião Peixoto (SP), e passará por uma série de testes e procedimentos de certificação até a entrega da primeira aeronave de série para a FAB.
Com 35,05 metros de envergadura, o KC-390 é o maior avião já desenvolvido no Brasil. Mais de 50 empresas brasileiras participam do projeto, que conta ainda com a colaboração da Argentina, de Portugal e da República Tcheca.
Esses países também deverão se tornar operadores do KC-390, que já chama a atenção no mercado internacional de aviação militar. Além de incrementos tecnológicos frente aos C-130, utilizados por dezenas de países e com centenas de unidades próximas ao fim de suas vidas úteis, o uso de turbinas a jato permitirá alcançar uma velocidade de até 870 km/h. Já o antecessor não passa dos 671 km/h.