Patrícia Comunello
A Força Aérea Brasileira (FAB) participou recentemente do Exercício de Busca e Salvamento em Combate (CSAR) para melhorar a precisão e o trabalho em equipe durante as missões de resgate perigosas por trás das linhas inimigas.
“Os militares têm de ser muito bem treinados na tarefa de resgatar pessoas em terreno hostil ou sob controle inimigo”, explicou o Coronel Aviador Eduardo Rodrigues da Silva, chefe do Estado-Maior da Segunda Força Aérea (II FAE), unidade responsável pelo preparo operacional de busca e salvamento da Força Aérea e situada na Ponta do Galeão, no Rio de Janeiro.
De 29 de junho a 3 julho, 350 militares com 15 aeronaves participaram do treinamento CSAR nas instalações da Base Aérea de Campo Grande (BACG) em Mato Grosso do Sul.
“O exercício também ajuda a sedimentar a doutrina de emprego entre os participantes”, disse o Cel. Av. Rodrigues, coordenador do programa anual que é a principal operação de treinamento da FAB.
Os militares das unidades da FAB que têm aeronaves de asas rotativas adequadas para missões de salvamento participam da capacitação uma vez por ano. Eles passam a maior parte do ano cumprindo missões de busca e salvamento no território brasileiro em terra ou no mar, muitas vezes no resgate a vítimas de acidentes de veículos ou de barco.
“Os tripulantes precisam estar preparados para agir, em tempos de guerra ou de paz", afirmou o Cel. Av. Rodrigues.
Treinamento com esquadrões de todo o país
O maior desafio para os 350 militares dos 10 esquadrões mobilizados em Campo Grande é atuar de forma sincronizada e padronizada.
Nos cinco dias, esquadrões de Belém (PA), Santa Maria (RS), Rio de Janeiro (RJ), Anápolis (GO), Campo Grande (MS), Manaus (AM) e Porto Velho (RO) praticaram e testaram táticas, técnicas e procedimentos de busca e resgate em combate. O treinamento avalia as habilidades dos esquadrões, o que inclui verificar a eficiência de equipamentos e das tripulações no cumprimento dos manuais de doutrina.
“Somente com o treinamento contínuo, integrado e de forma anual é possível manter as habilidades para realizar as missões”, destacou o Cel. Av. Rodrigues.
Os militares da operação em Campo Grande treinaram com helicópteros H-60 Black Hawk, H-36 Caracal, AH-2 Sabre, H-34 Super Puma, H-50 Esquilo e H-1H Iroquois e tiveram apoio do 1º Grupo de Comunicação e Controle e do Núcleo da Brigada de Artilharia Antiaérea.
No exercício, cada militar realiza sua função específica. O piloto é responsável pela manutenção de voo; o copiloto fica na escuta da torre de controle e auxilia o primeiro piloto; o mecânico ajuda o piloto na verificação de instrumentos da aeronave; o operador de equipamentos checa o terreno para o pouso, além de operar o guincho de resgate, se necessário. Para as operações com baixa luminosidade, os militares usam óculos de visão noturna.
“Com esse equipamento, é possível fazer um pouso visual seguro mesmo à noite”, garantiu o Cel. Av. Rodrigues.
Show aéreo atrai 35 mil visitantes
Depois de cinco dias de treinamento, cerca de 500 militares realizaram um show aéreo para os moradores de Campo Grande e região. O evento Portas Abertas levou 35 mil visitantes para a Base Aérea – 10 mil a mais do que em 2014.
“O evento é uma saudável integração entre sociedade civil e os militares da Aeronáutica”, definiu o Coronel Aviador Rodrigues.
Por sua vez, os visitantes doaram um quilo de alimento não perecível que os militares entregaram a pessoas necessitadas. Sete toneladas de alimentos foram arrecadadas em dois dias, segundo o Coronel Aviador Potiguara Vieira Campos, comandante da Base Aérea de Campo Grande.
Os civis puderam ver bem de perto as aeronaves A-29 Super Tucano, os caças A-1, aviões de transporte C-105 Amazonas e helicópteros envolvidos no treinamento. Os militares simularam ações de busca e salvamento, utilizando técnicas de rapel e de içamento.
“Tenho uma grande paixão pela aviação, e meu filho adorou os helicópteros de combate”, disse o bancário Leandro Mossa, de 35 anos, que, com seu filho Miguel, de 8 anos, foi ao evento Portas Abertas e visitou a Base Aérea de Campo Grande pela primeira vez. Miguel ficou impressionado com as missões de paz de que o Brasil participa, disse Mossa, que tirou uma foto dele e do filho sentados dentro do helicóptero da Força Aérea. Ele também ganhou, em um sorteio, um voo panorâmico em um das aeronaves expostas.
“Foi um pouco de história, mas de um jeito bem diferente.”
O programa Portas Abertas ajuda a aproximar a Força Aérea da comunidade e despertar nos jovens o interesse em ingressar nas Forças Armadas. “Faz parte da nossa doutrina e buscamos comunicar positivamente aos cidadãos como está nossa estrutura e nossos equipamentos”, ressaltou o Coronel Aviador Campos.