Matéria Publicada no DCI de 16 Janeiro 2013
Nota DefesaNet
O jornalista Júlio Ottoboni foi o primeiro a noticiar a demissão de 4.300 funcionários da EMBRAER. Negada pela empresa e posteriormente confirmada pelos fatos, o que lhe valeu uma ferrenha perseguição pela empresa de São José.
Nesta nota, do dia 16JAN13, lança alerta para a possível repetição do fato em 2013.
O editor
Júlio Ottoboni
São José dos Campos
O balanço financeiro de 2012 apresentado nesta semana pela direção da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) mostrou que a crise está cada vez mais próxima da Companhia e já gera críticas dos especialistas. A ex-estatal Fechou o exercício com 106 aviões comerciais entregues e outros 99 na aviação executiva.
Praticamente os jatos executivos, que são de menor valor de mercado, chegaram em situação de igualdade no volume de produção da companhia. E sua carteira de pedidos é a pior desde 2005. Esse foi o segundo ano seguido com um total de entregas semelhante ao ano de 2008, no auge da crise norte-americana e que foi apresentada pela direção da Embraer como motivador das demissões de 4,3 mil empregados em fevereiro de 2009.
O volume entregue pela Embraer em 2010 foi de 246 aeronaves, Em 2009 foram 244 e em 2008 outras 204 unidades. Em 2011 o número foi o mesmo apresentado no ápice da crise, 204 aparelhos.
Já existem rumores que a empresa possa estar preparando um novo plano de demissões no Brasil, pois tem potencializado seus investimentos em unidades no exterior,como Portugal e Estados Unidos.
A carteira de pedidos firmes a entregar, denominado backlog fechou o ano de 2012 em US$ 12,5 bilhões. No ano anterior foi de US$ 15,4 bilhões. No ano da crise, em 2008, a carteira de pedidos era de US$ 20,9 bilhões. É o menor valor desde 2005, quando registrou US$ 10,4 bilhões. Por esses números, a direção da empresa tem sofrido duras críticas de especialistas pela demora em lançar novos modelos dentro do competitivo mercado da aviação comercial.
A perda de uma encomenda de jatos regionais no valor de US$ 1,85 bilhão da Delta AirLines, dos Estados Unidos, para sua principal concorrente, a canadense Bombardier, aguçaram ainda mais as preocupações dos especialistas na área.
O foco reside na demora excessiva da ex-estatal em lançar uma nova linha de aeronaves. Os aviões maiores voltaram a ganhar espaço dentro deste mercado, mas esse segmento é ocupado pelas gigantes Boeing e Airbus. A Delta foi a única operadora norte americana a fazer uma grande encomenda no ano passado.
Em editorial no maior portal de assuntos aeroespaciais do País, o DefesaNet, seu editor, um dos maiores entendidos em aeronáutica do País, Nelson Francisco Düring, fez um alerta sobre a situação:
“A inatividade da Embraer e o atraso já oceânico em apresentar o sucessor da Família EMB170/190, devem ser considerados um caso próximo da Marcha da Insensatez da atual administração. Frederico Curado, do alto da sua inócua gestão, tem permitido rodadas e rodadas de incertezas e indecisões administrativas. Assim a carteira de pedidos encurta perigosamente. Permitir que a empresa tenha sido politizada com a entrada de membros como Arno Augustin no conselho de administração deve sinalizar que a empresa buscará a sua boia salvadora no Tesouro Nacional”. (Publicado na Newsletter DN Link)
Entre os exercícios financeiros de 2011 e 2012 foi registrada uma queda de 18,3% no montante existente na carteira de pedidos da companhia. O presidente da Embraer disse em 2010 que projetava um aumento da carteira de pedidos para os períodos de 2011, 2012 e 2013. Até o momento essa perspectiva não se concretizou e Já causa preocupação no polo aeronáutico, principalmente na cadeia produtiva da ex-estatal.