Mariana Laboissière
Muitos deles morreram sem ver a capital do Brasil retribuir, em seus contornos, merecida homenagem aos que conseguiram regressar do front de batalha. Eles são veteranos e ex-combatentes da nação, soldados da Força Expedicionária Brasileira (FEB) que lutaram em solo europeu ou guardaram a costa brasileira de investidas de navios alemães durante a Segunda Guerra Mundial.
Para reverenciar o feito, dois projetos foram desenvolvidos pelo arquiteto Oscar Niemeyer em 1987, alimentando o imaginário e o coração desses bravos guerreiros, mas nunca executados pelo Governo do Distrito Federal (GDF).
Embora o Executivo tenha feito a doação de dois terrenos no Eixo Monumental, há mais de 10 anos, para a edificação das obras — Memorial Heróis da Pátria e Monumento à Força Expedicionária Brasileira (veja ilustrações) —, elas nunca saíram do papel.
A falta de vontade política e a ausência de verba, segundo membros das entidades representativas dos soldados, foram as culpadas pela inércia, mas a Associação Nacional dos Veteranos da FEB, Seção Regional de Brasília, coordena um projeto para transformar o antigo sonho em realidade.
Além de levantar fundos para a construção das duas obras, a iniciativa visa reunir um acervo sobre fatos marcantes da história nacional, especialmente, sobre a participação do país em uma das maiores guerras da história. E, para conseguir o dinheiro necessário, os envolvidos no projeto vão arregaçar as mangas e guerrear em prol de um objetivo diferente do de outrora: buscar parceiros. A ideia é contatar empresas privadas e pessoas físicas interessadas em fazer doações.
Esperança Mesmo assim, o presidente da Associação Nacional dos Veteranos da FEB, Vinícius Vênus Gomes da Silva, tem esperanças em relação à sensibilização do governo e também ao envolvimento das autoridades na construção desses marcos históricos. “Em todos os outros países que participaram da Segunda Guerra Mundial, há monumentos que homenageiam os soldados. No Rio de Janeiro, foi construído um quando a cidade ainda era a capital do Brasil.
Mas, na Brasília de hoje, não há nada que recorde os feitos da Força Expedicionária”, lamentou. Filha de um ex-combatente da FEB, a arquiteta aposentada Cristina Soares abraçou a causa em favor da construção das obras. Ela é uma das mais engajadas nas ações em busca de recursos.
No cargo de coordenadora do projeto, Cristina destaca a necessidade da preservação da história e da cultura dos povos. “Patrimônio não é apenas um resgate do que ocorreu, é a construção do que está por vir”, afirmou. “Nós, brasileiros, negligenciamos muito a nossa história, mas monumentos em homenagem a eventos importantes, como serão esses, suprem lacunas nesses âmbitos.
Esse resgate tem de acontecer. Do contrário, há prejuízo para a geração de agora e para as próximas”, argumentou. Procurada, a Secretaria de Estado de Cultura do Distrito Federal, por meio da assessora de imprensa, informou que recebeu os projetos recentemente das mãos dos ex-combatentes e, por conta disso, ambos ainda estão em processo de análise.
Contato Para conhecer mais sobre a história dos soldados brasileiros que participaram da Segunda Guerra Mundial e sobre as obras projetadas por Oscar Niemeyer, os interessados devem entrar em contato com a Associação Nacional dos Veteranos da FEB, Seção Regional de Brasília, pelo telefone: (61) 3317-3204.