Militares do Esquadrão Orungan (1º/7º GAV), sediado em Salvador (BA), encerram na sexta-feira (12/02) o curso de carregamento de armamentos convencionais da aeronave P-3 Orion. O objetivo é capacitar os militares da unidade aérea a realizar, com segurança, os procedimentos necessários para o carregamento e o descarregamento de mísseis, torpedos e bombas nas aeronaves.
Realizado na cidade de Oak Harbor-WA, localizada no extremo oeste dos Estados Unidos da América, na divisa com o Canadá, o curso é ministrado no Center for Naval Aviation Technical Training (CNATT) por militares norte-americanos.
O currículo didático das atividades, iniciadas no dia 26 de janeiro, incluiu conhecimentos na área de publicações técnicas, programa de capacitação, configurações de carregamento e descarregamento de itens bélicos, procedimentos normais e manuseio de armamentos do P-3.
“É um privilégio participar desse curso que é um ponto de partida para o Esquadrão Orungan e para a Força Aérea Brasileira adquirir a capacidade técnica para empregar os torpedos MK-46 e os mísseis AGM-84L Harpoon”, explicou um dos participantes do curso, Capitão Francisco Roza Kosaka.
Para este ano, a Força Aérea Brasileira planeja executar o primeiro lançamento de torpedo MK-46 pelo P-3, a fim de elevar a capacidade de neutralização de objetivos submarinos hostis e, consecutivamente, garantir a soberania nacional, por meio desse meio de dissuasão.
As aeronaves P-3AM possuem 18 pontos de armamento, sendo dez nas asas e oito no interior do bomb bay, podendo ser carregada com até 10.712 quilos de itens bélicos, em diversas configurações, sejam elas com bombas, torpedos, mísseis e minas.
Todas as atividades do curso foram realizadas com aulas teóricas em laboratórios específicos para cada tipo de armamento, além de treinamento prático nas aeronaves P-3C da Naval Air Station (NAS) Whidbey Island.
Emprego armado das aeronaves P-3 – O Esquadrão Orungan tem como missão manter o preparo técnico-profissional necessário para realizar: ações antissubmarino, busca e salvamento, controle aéreo avançado, minagem aérea, patrulha marítima, reconhecimento aéreo e posto de comunicações no ar. O preparo visa permitir e potencializar as características de flexibilidade e versatilidade das aeronaves nas diferentes situações operacionais, em ações isoladas ou integradas a outras forças.
Em 2011, uma nova era operacional se iniciou para o Esquadrão Orungan, com a chegada, em Salvador, da primeira aeronave P-3AM, recebida pela Força Aérea Brasileira. O recebimento das nove aeronaves foi concluído em 2014.
A FAB realizou em 2015, pela primeira vez, o lançamento de bombas a partir da aeronave de patrulha marítima P-3AM. O Exercício Orunganitas II, explorou os sensores e as capacidades de armamentos da aeronave.
AGM-84L Harpoon
Um lote de míssil antinavio AGM-84L Harpoon foi adquirido para ser utilizado pelos aviões de patrulha marítima P-3AM, da Força Aérea Brasileira (FAB). Com 278 km de alcance, o armamento permitirá a proteção do mar territorial brasileiro.
Esse será o primeiro míssil antinavio a ser operado por aviões no País. As oito aeronaves P-3AM, operadas a partir da Base Aérea de Salvador (BASV), têm capacidade de ir a mais de três mil quilômetros de distância, podendo atuar em todo o litoral.
"Esse é um armamento estratégico, de altíssimo poder dissuasório", afirma o Brigadeiro do Ar Roberto Ferreira Pitrez, Comandante da Segunda Força Aérea (II FAE), unidade responsável pelos esquadrões de patrulha marítima da FAB.
Para se ter uma ideia do alcance da nova arma, seria como um avião lançar o míssil da cidade de Aracaju (SE) para atingir um alvo em Maceió (AL), por exemplo. Também é a mesma distância entre a cidade do Rio de Janeiro (RJ) e Ubatuba, no litoral de São Paulo.
Com 3,8 metros de comprimento e 519 kg, o Harpoon é movido por uma turbina e atinge 850 km/h. Somente a ogiva tem 221 kg de material explosivo, o suficiente para causar danos que levem um navio de guerra a afundar.
O míssil utiliza dados dos sistemas da aeronave lançadora para calcular a sua rota até o alvo e conta ainda com um radar próprio para corrigir a rota. Depois do lançamento, o Harpoon voa próximo ao mar para evitar ser detectado.