Jussara Peccini
A iniciativa de aproveitar a energia solar para suprir o consumo das unidades do Comando da Aeronáutica pode se tornar exemplo para outros órgãos da administração pública federal. O assunto foi tema de reunião entre o Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato, e o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, nesta quarta-feira (26/10), em Brasília (DF).
“Temos áreas propícias para instalar [as usinas] e queremos utilizar mais o recurso da usina da energia solar nas nossas unidades. Os norte-americanos, por exemplo, utilizam muito isso”, exemplificou o Comandante da Aeronáutica. A Força Aérea dos Estados Unidos dispõe de 18 usinas solares, contabilizando em operação e ainda em desenvolvimento, distribuídas por todo o país.
Os primeiros projetos desenvolvidos para geração de energia prevêem a construção de usinas fotovoltaicas (parques solares) em áreas da FAB para suprir o consumo de energia elétrica em unidades no Rio Grande do Sul e em Anápolis (GO). A ideia envolve duas modalidades de contrato: permuta e compensação feitos com a iniciativa privada. Os projetos desenvolvidos pelo Quinto Comando Aéreo Regional devem ser apresentados em seminário sobre sustentabilidade que será realizado no próximo ano pela Consultoria-Geral da União.
“Não tenho dúvida que o projeto da Aeronáutica será o primeiro a sair”, afirmou o ministro, que destacou a experiência já acumulada por técnicos e engenheiros da instituição nos projetos de construção de energia solar. Ele também ressaltou o pioneirismo da Força Aérea Brasileira entre os órgãos da esfera federal. “E que sirva de exemplo, não só para as outras forças – das Forças Armadas, mas também universidades, institutos federais, enfim, vários outros órgãos pelo País afora que podem, no futuro, também contar com esse tipo de apoio”, complementou. Os técnicos da Aeronáutica e do Ministério de Minas e Energia devem trabalhar juntos para aprimorar o modelo já desenvolvido pela FAB.
O ministro acredita que, nos próximos anos, o uso de energia solar no Brasil vai expandir anos em “uma velocidade muito rápida”. Uma das razões é o compromisso que o país assumiu na COP 21 (acordo internacional que busca manter o aquecimento global abaixo dos 2°C) de aumentar as fontes renováveis de energia além da hídrica.
O comandante do Quinto Comando Aéreo Regional (V COMAR), localizado em Canoas (RS), que desenvolveu os primeiro projetos de usinas na FAB, Major-Brigadeiro Jeferson Domingues de Freitas, explica que a resolução 687 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) restringe em 5 MW a potência de geração para usinas conectadas à rede de distribuição. Segundo o oficial-general, o consumo de energia das unidades operacionais, como bases aéreas, requerem pelo menos o dobro de potência instalada de geração.
“Nossa prioridade é usar os recursos da instituição para cumprir a atividade fim da FAB. A energia elétrica é um ponto de apoio”, explica o Major-Brigadeiro Domingues sobre a necessidade de reduzir despesas.
Energia solar abastece destacamentos isolados na região Norte – O Comando da Aeronáutica já utiliza a geração de energia solar para abastecer Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA) em regiões isoladas do Norte. As unidades são responsáveis por manter radares, estações meteorológicas e antenas VHF, entre outros serviços essenciais ao tráfego aéreo no espaço brasileiro. Tiriós, localizado no Estado do Pará na fronteira com o Suriname, por exemplo, só é acessado por transporte aéreo. Não há estrada ou rios navegáveis na região. A energia gerada por placas solares abastece o sítio radar durante o dia, à noiteé utilizado óleo diesel. Em funcionamento desde 2015, possibilitou a economia de 45 % nos custos de energia.
Outro exemplo está em Surucucu, no noroeste do Estado de Roraima. As 144 placas fotovoltaicas produzem até 20kw de potência, capazes de sustentar, de forma autônoma, o funcionamento do DTCEA por até 15 horas diárias desde 2013.
Condecoração – Após a reunião, o ministro recebeu a Ordem do Mérito Aeronáutico no grau de Grande Oficial. A OMA, considerada a maior condecoração da FAB, é concedida em 23 de outubro pela passagem do Dia do Aviador e da Força Aérea Brasileira.
Trata-se de uma homenagem a personalidades civis e militares, brasileiras ou estrangeiras, por terem se destacado no exercício da sua profissão ou em reconhecimento aos serviços prestados ao País. Neste ano, a comenda foi entregue a 180 personalidades.