Ten Evellyn Abelha
Novos conhecimentos, novas possibilidades, novas doutrinas. Essas são as propostas do Instituto de Aplicações Operacionais (IAOP) da Força Aérea Brasileira. A unidade concentra profissionais capacitados para realizar avaliações operacionais e gerar conhecimento operacional nas áreas de Guerra Eletrônica, Análise Operacional, Comando e Controle e Sistema de Armas.
Por cerca de três anos, a unidade funcionou como Núcleo do Instituto de Aplicações Operacionais (NuIAOp) e, em novembro de 2016, tornou-se Instituto. O IAOP fica em São José dos Campos (SP), no Campus do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA). A localização, considerada estratégica, aproxima as necessidades operacionais da FAB à parte científica. “O objetivo principal é gerar conhecimento operacional, que é o resultado final de toda uma cadeia produtiva do Instituto, usualmente iniciada nas Avaliações Operacionais”, explica o Diretor do IAOP, Coronel José Virgílio Guedes de Avellar.
Criação do IAOP
Após a extinção do Centro de Estudos da Arte da Guerra do COMGAR (CEAGAR), que concentrava a análise e avaliação operacional voltadas para a Guerra Eletrônica, a coordenação para consecução dos trabalhos de definição dos requisitos operacionais para a FAB tornou-se mais difícil. Além disso, a formação dos oficiais nos Cursos de Pós-Graduação em Aplicações Operacionais (PPGAO) e no Curso de Especialização em Análise de Ambiente Eletromagnético (CEAAE) necessitava de acompanhamento e direcionamento para as exigências da Força. Diante deste cenário, em 2013, foi iniciada a criação do IAOP.
Projetos
“O IAOP está inserido no projeto de offset (compensações de natureza industrial, tecnológica ou comercial) do FX-2 e nas Avaliações Operacionais (AVAOP) de interesse do COMGAR. A unidade realiza a orientação e acompanhamento dos trabalhos de todos os alunos do CEAAE, propondo temas que visem associar a pesquisa dos alunos às necessidades da FAB, além do acompanhamento das propostas de avaliações operacionais e contratuais que envolvam questões de recebimento de equipamentos e checagem de requisitos”, observa o Vice-Diretor do IAOP e Chefe da Divisão de Gestão do Conhecimento, Tenente-Coronel Ricardo Augusto Tavares Santos.
Desafios
“Com certeza, o maior desafio é manter os avaliadores motivados, atualizados e com foco na missão de gerar conhecimento operacional para o COMGAR, contribuindo para o preparo e o emprego da Força. Este trabalho demanda muita disciplina, dedicação e conhecimento acadêmico associado ao conhecimento operacional que cada integrante possui, exigindo-se constante atualização teórica e prática”, comenta o Coronel Avellar.
Resultados obtidos
Um dos destaques é a verificação do alcance de detecção do radar do F-5EM em suas diversas configurações. “O trabalho auxiliou no levantamento de novos parâmetros táticos para o planejamento de missões, possibilitando uma maior consciência situacional das tripulações e uma melhor eficácia nos diversos tipos de cenário”, considera o Chefe da Divisão de Avaliação Operacional, Tenente-Coronel Aviador Jorge Luís Lessa Júnior.
Além disso, a Avaliação Operacional do Padrão de Busca Noturna com NVG (Óculos de Visão Noturna) complementou a capacidade de realizar missões de busca e salvamento. Após essa AVAOP, duas missões de busca noturna reais já foram realizadas.
Com relação à aeronave de patrulha P-3 Orion, a primeira avaliação teve foco no sensor MAGE. O experimento permitiu conhecer mais sobre o sistema, suas limitações e levantar possíveis melhorias. “O estudo continua em andamento e o conhecimento gerado contribuirá para a consolidação da doutrina necessária à melhor utilização da plataforma”, conclui o Tenente-Coronel Lessa.
Outro exemplo foi o estudo realizado com o radar SABER M-60. “Esse trabalho gerou uma mudança de doutrina e a confecção de um manual de procedimentos. Essa Avaliação Operacional proporcionou a utilização plena do equipamento”, esclarece o Major Daniel Ferreira Manso, Chefe da Divisão de Emprego de Sistemas e instrutor dessa AVAOP.
Além desses exemplos, estão em andamento estudos para a ampliação da capacidade de utilização do LINK BR1. “O importante é que o IAOP continue contribuindo para a geração de conhecimento operacional que possibilite a atualização doutrinária, essencial para o adequado preparo e o correto emprego da Força Aérea”, finaliza o Diretor da Unidade.