Cerca de 44% dos 2,4 milhões de militares americanos enviados ao Iraque e ao Afeganistão têm problemas para se readaptar à vida quando retornam ao país, segundo um relatório divulgado nesta terça-feira. O estudo do Instituto de Medicina da Academia Nacional de Ciências assinala que quase metade dos veteranos se considera "incompreendido" por parte do Departamento de Defesa e da Agência de Assuntos de Veteranos.
Apesar de o governo oferecer ajuda, nem todos os veteranos recorrem a esse meio, afirmaram os autores da pesquisa, que identificaram outros problemas como a reintegração à vida civil, trabalhista, universitária e familiar.
"O número de pessoas afetadas, o retorno de pessoal à medida que os conflitos são concluídos e as consequências potenciais a longo prazo do serviço chamam atenção para a urgência de empregar recursos e conhecimentos apropriados" para facilitar o retorno e a reintegração dos militares, disse George Rutherford, da Universidade da Califórnia e responsável pelo grupo de pesquisadores.
Apesar disso, 56% dos soldados enviados às áreas de guerra avaliaram que seu serviço militar foi "gratificante", e que não tiveram problemas de adaptação após o retorno aos Estados Unidos. O restante se queixa de dificuldades de readaptação e das situações de tensão que enfrentaram no convívio com os parentes, consequências do estresse pós-traumático adquirido durante o período de combate.
Entre as recomendações do relatório está o desenvolvimento de políticas que ajudem os militares a superar os traumas, um apoio mais concreto às famílias e medidas para reduzir o desemprego entre os veteranos, que é mais alto do que a média.
Em 2011, mais de 300 soldados se suicidaram e mais da metade deles tinha procurado ajuda profissional por problemas mentais. Mais de 60% dos soldados em atividade que se suicidaram em 2011 nunca tinha estado em locais de guerra e 83% deles sequer haviam sido colocados em combate, segundo dados do Pentágono.