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ESA – Exército planeja investir R$ 1 Bi em escola de sargentos

Andrea Jubé e Fernando Exman

Valor

05 Janeiro 2022

 

 

O Exército pretende investir até RS 1 bilhão na construção da futura Escola de Formação e Graduação de Sargentos (ESA), no Recife, que vai concentrar em uma sede única as diversas unidades da instrução militar, hoje distribuídas em várias Estados.

O processo de licitação será aberto nos próximos meses e deverá prever contrapartidas ambientais para solucionar os impasses em tomo do projeto, localizado em uma área de preservação, onde já está instalado um campo de treina-mento militar.

O anúncio, em outubro, de que Recife foi a cidade escolhida em uma seleção que envolveu mais de uma dezena de concorrentes animou os pemarnbucanos, porque a nova estrutura, que deverá abrigar pelo menos 4 mil pessoas, promete movimentar a economia local. Na etapa final, a capital nordestina venceu o páreo contra outras duas cidades de porte médio: Santa Maria (RS) e Ponta Grossa (PR).

O general-de-exército André Luis Novaes Miranda, chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército, ressalva que o valor estimado de RS 1 bilhão será aplicado ao longo de uma década, período projetado para a execução da obra. Até abril, a previsão é que o Batalhão de Engenharia da Força Terrestre apresente os primeiros estudos e o projeto arquitetônico. Pelo cronograma, os próximos quatro anos serão dedicados à elaboração dos projetos básico e executivo da futura escola.

“É um valor calculado para uma obra sustentável, que vai durar dez anos", explicou ao Valor o general Novaes. Os recursos sairão da dotação orçamentária do Exército e de emendas parlamentares, principalmente da bancada de Pernambuco. Depois de pronta, a expectativa é que o nova prédio abrigue a escola de sargentos por cem anos, pelo menos. A inspiração da sede da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), de formação de oficiais do Exército, que funciona em Resende {RJ) há 77 anos.

“A construção da escola vai movimentar a economia local, gerar emprego. Nós [Exercito] somos um polo indutor de desenvolvimento economico e social onde chegamos", afirma o general. Ele acrescenta que há articulações com os governos estadual e federal para melhorar a infraestrutura do local. A rodovia de acesso, por exemplo, tem trechos sem asfalto, que serão pavimentados, e deverá ser triplicada. O governo também vai garantir infraestrutura hídrica, de energia e internet no local. “Vamos construir uma pequena cidade de 5 mil habitantes", diz Novaes.

 

A escola será construída na região metropolitana do Recife, onde se localiza o Centro de Instrução Marechal Newton Cavalcanti (CIMNC). Por isso, além dos requisitos técnicos, a opção pela capital pernambucana também implicou uma motivação histórica, na década de 1940, o local funcionou como centro de treinamento para os soldados da Força Expedicionária Brasileira (FEB), enviados para lutar na Segunda Guerra Mundial.

Naquela ocasião, para recepcionar as saldados, o Exército desapropriou uma área onde funcionavam engenhos de cana-de-açúcar e reflorestou o local. Passados cerca de 70 anos, a área representa hoje 7,5 mil hectares de Mata Atlântica, com pelo menos sete nascentes de rios, sendo a maior faixa continua desse bioma ao norte do rio São Francisco.

Por isso, organizações não governamentais (ONGs) reagiram ao anúncio da construção da escola, com receio do desmatamento de trechos de Mata Atiantica. Mas o Exército pondera que os primeiros estudos arquitetônicos já contemplam as compensações ambientais e argumenta que a área construída ocupará cerca de 140 hectares dos mais de 7,5 mil hectares de mata replantada

“Jamais faríamos uma escola, cujo objetivo é educar pessoas, que começasse errada do ponto de vista ambiental, observa o general "Vamos obter primeiro as licenças antes de cortar a primeira árvore, vamos replantar as árvores", reforçou. Os primeiros estudos preveem o pleno aproveitamento da topografia do terreno, uma estação de tratamento de água e 100% de energja solar.

O projeto contempla alojamento para cerca de 2 mil alunos, refeitório e auditório para 4 mil pessoas, salas de aula, biblioteca e um amplo campo de treinamento e parque desportivo, com piscina.

Atualmente, o curso de dois anos compreende duas etapas, sendo que o básico está distribuí-do em 13 unidades escolares, em diferentes municípios. O segundo ano, que componde ao período de qualificação, ocorre em três municípios: a Escola de Sargentos das Armas (ESA), em Trés Corações (MG); a Escola de Sargentos de Logística (EsSLog), no Rio de janeiro (RJ) e o Curso de Fomação de Sargentos no Centro de instrução de Aviação do Exército (CFS/CIAvEx), em Taubaté (SP).

A demanda pelo curso cresceu nos últimos quatro anos, relata Novaes. Neste ano, 126 mil candidatos se inscreveram para concorrer a 1.100 vagas. Foi o recorde de inscrições desde a fundação da instituição. Em 2020, foram 115 mil postulantes ao mesmo número de vagas.

Novaes vê dois fatores para explicar o aumento da procura pelo curso. Em primeiro lugar, afirma que o Exército aprimorou a comunicação da instituição, com mensagens voltadas aos jovens, e em formato adequado às redes sociais.

Em 2016, foi lançada a campanha "Vem ser cadete". Os alunos Fizeram filmes curtos e publicaram nas redes sociais, mostrando o interior dos alojamentos, dos campos de treinamento, do parque aquático. Outro fator é o econômioco. a aluno recebe um auxílio de R$ 1,2 mil., além de alimentação, alojamento, uniformes e assisténcia médica.

Com a concentração do curso em uma sede única, o general salienta, por fim, que pela primeira ser será possível criar o “espírito de turma". Esse sentimento de união entre os formandos existe no curso de formação de oficiais, em Resende, mas não entre os sargentos, porque os cursos estão espalhados em sedes diferentes pelo país. "As turmas da AMAN têm espírito de união muito forte, eles são irmãos por escolha. Não é o corporativismo, é espirito de corpo", define o general.

Ele acredita que, com a inauguração da futura escola, esse sentimento finalmente poderá ser compartilhado entre os sargentos.

Além da passagem referente à Segunda Guerra, existe outra conexão histórica entre Pernambuco e o Exército. A Força considera as batalhas dos Guararapes, ocorridas no século XVII,  o momento de sua fundação e um marco da nacionalidade brasileira.

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