Marcelo Rochabrun
A Embraer registrou prejuízo líquido de 84 milhões de reais no terceiro trimestre, principalmente devido à entrega de menos jatos comerciais no período. O valor dos aviões vendidos, mas ainda a serem entregues, atingiu uma mínima de cinco anos neste trimestre.
A empresa também foi afetada pela perda de pedidos da Jet Blue para a rival Airbus, e teve que cortar 100 jatos comerciais de suas previsões de vendas devido a incertezas se pilotos concordariam em comandar aviões E175-E2 nos Estados Unidos.
O resultado ficou abaixo da previsão consensual para lucro líquido trimestral de 4,2 milhões de reais, segundo pesquisa da Refinitiv com analistas, e reverteu o lucro de 355 milhões de reais no mesmo período do ano passado. A receita caiu 12 por cento ano a ano.
Agora, muito depende de a Embraer conseguir concluir a venda de 80 por cento de seus negócios de aviação comercial a Boeing. O acordo foi fechado em julho, mas foi apenas nesta semana, após a eleição de Jair Bolsonaro à presidência, que a Embraer recebeu sinais claros de que o governo aprovaria a venda.
O provável futuro ministro da Defesa de Bolsonaro disse à Reuters que o presidente eleito é a favor do acordo e que poderia ser aprovado ainda no mandato de Michel Temer.
A venda, no entanto, significaria que a Embraer teria que sustentar a companhia em grande parte com suas divisões de jatos executivos e de defesa, ambas operando com prejuízo nos últimos trimestres.
A divisão de jatos executivos registrou prejuízo operacional de 32 milhões de reais nos primeiros nove meses do ano, enquanto a divisão de defesa teve prejuízo operacional de 443 milhões de reais.
A empresa informou que o resultado negativo da divisão de defesa foi por causa de um evento isolado quando o protótipo do KC-390 saiu da pista durante um teste em solo, atrasando a entrega e aumentando os custos de desenvolvimento. A divisão comercial, por sua vez, obteve um lucro operacional de 355 milhões de reais nos nove meses até 30 de setembro.