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Embraer prevê menos vendas e entregas em 2018

João José Oliveira


A Embraer avisou aos investidores que 2018 vai ser mais difícil que 2017, ao divulgar, na sexta-feira, um cenário que apresenta para a empresa retração para receitas, lucro operacional, margens de ganhos e entregas de aviões ante os patamares que a companhia ainda tem para 2017.

Os investidores não gostaram do que ouviram, e a ação da Embraer fechou o dia com queda de 4,17%, cotada a R$ 15,61. O impacto negativo foi tão forte que o mercado ignorou o balanço trimestral, também anunciado na sexta-feira, que reportou números positivos, como o lucro líquido de R$ 351 milhões entre julho e setembro, revertendo perda, de R$ 111,4 milhões, no mesmo período do ano passado.

"O ano de 2018 será atípico", afirmou o presidente da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva. O motivo é a nova família de aviões comerciais da Embraer, aqueles vendidos para companhias aéreas que transportam passageiros em linhas regulares, segmento que representa 62% do faturamento da empresa. A fabricante inicia em 2018 a entregar as primeiras unidades da nova família de jatos E-2, projeto que começou a ser desenvolvido há meia década e consumiu investimentos de quase US$ 2 bilhões. A carteira de pedidos soma 205 firmes e 297 opções de compra.

Esse fator é positivo, mas existe um desafio: os novos modelos vão dividir linhas de produção com os modelos da família atual de jatos, os E-Jets, que ainda estão sendo produzidos e entregues, por causa de compras feitas anos atrás. Essa duplicidade vai gerar "ineficiências" nas linhas de produção, segundo a direção da companhia, afetando vendas e margens.

Segundo o presidente da Embraer, há ainda outro fator que vai afetar o desempenho da companhia em 2018: a demanda ainda fraca na aviação executiva, a de jatos particulares, que responde por 20% do faturamento da empresa. Souza e Silva trabalha com um cenário em que as margens de lucro voltarão a subir após 2018, quando espera aceleração nas entregas dos novos jatos comerciais e reação na aviação executiva.

O presidente da Embraer acredita ainda em fortalecimento das vendas na unidade de segurança e defesa a partir de meados de 2018. Segundo ele, a empresa já negocia com Portugal a venda de cinco unidades do cargueiro militar KC-390 – desenvolvido há quase dez anos e que também terá as primeiras entregas em 2018 para o governo brasileiro.

Ele afirmou ainda que o Super Tucano, aeronave militar leve fabricado pela empresa, deve ganhar novas encomendas. De qualquer forma, a direção da Embraer admite que terá um ambiente competitivo mais agressivo em 2018 por causa da sociedade recém anunciada entre a Airbus e a canadense Bombardier, para a fabricação dos jatos CSeries, principal rival da empresa brasileira no mercado de aeronaves comerciais.

O vice-presidente executivo financeiro e de relações com investidores da Embraer, José Filippo, disse que ainda não vê motivos para revisar cenários de vendas. "Ainda precisamos aguardar os desdobramentos." Mas admitiu, entretanto, que a Embraer considerou no cenário para 2018 conjuntura na qual a canadense Bombardier terá de pagar tarifas extras de importação, de quase 300%, para vender aeronaves no mercado americano, o maior do mundo.

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