brasileira Embraer e a franco-italiana ATR, fabricantes de aviões para voos regionais, tiveram uma boa 'colheita' de contratos na 51ª edição do Salão Internacional de Aeronáutica de Le Bourget, resistindo ao embate de novas concorrentes de Japão, China e Rússia.
Já a canadense Bombardier, que no fim conseguiu fazer decolar sua CSeries, deixou o salão de mãos abanando.
Desde o primeiro dia do evento, a Embraer anunciou vários contratos, terminando com 103 pedidos, sendo 50 firmes.
A empresa brasileira confirmou, assim, seu terceiro lugar em escala global, assegurando pelo menos 2,6 bilhões de dólares (US$ 5,4 bilhões, contando as opções e as intenções de compra) de receita.
A metade destas vendas abrangerá a futura gama de aeronaves EJets-E2, que entrará em serviço a partir de 2018 e que já recebeu 640 compromissos de compra, enquanto a construtora de aviões com turbo-reatores conta com um mercado de 6.350 entregas de seus aviões de 70 a 130 lugares nos próximos vinte anos.
Desde a abertura do salão, a franco-italiana ATR anunciou 81 encomendas, 46 delas firmes, com um valor de quase US$ 2 bilhões.
A ATR, fabricante de turbo-propulsores, deu detalhes de oito contratos assinados desde o começo do ano, a começar por um com a Japan Air Commuter, seu primeiro cliente na terra do sol nascente.
"É um país onde a ATR tenta voltar há trinta anos. Entramos pela porta da frente e esperamos nos reunir com as outras" companhias aéreas, comemorou o diretor-geral, Patrick de Castelbajac.
Os mais de 300 pedidos garantem à fabricante de aviões mais de três anos de produção no ritmo atual, inclusive mais de quatro anos, se forem somadas as opções de compra (umas 120).
"Nestes dez últimos anos, 94% das nossas opções foram concluídas, sendo assim, o livro de pedidos está mais perto dos 400", assegurou.
Bombardier empaca
Com os dados do Salão, a Embraer superou sua concorrente canadense, Bombardier, que não conseguiu mais de 603 pedidos de seus CSeries, sendo 243 firmes.
"Nós nos propusemos 300 vendas antes da entrada em serviço (…) e estamos muito seguros de alcançar esta meta", afirmou Fred Cromer, presidente da divisão de aviões comerciais do grupo de Montreal.
Apesar da primeira demonstração em voo do avião, não foi oficializada nenhuma nova venda em Le Bourget. A companhia Swiss, cliente de lançamento dos CSeries, apenas trocou uma encomenda de 10 modelos CS100 por outra de 10 CS300, maiores.
O programa, que devia ser entregue antes da saída dos aviões de média distância A320neo, da Airbus, e 737MAX, da Boeing, "teve que enfrentar circunstâncias desfavoráveis, principalmente atrasos no desenvolvimento", lembrou a consultoria IHS. Sua colocação em serviço é aguardada para o começo de 2016, ou seja, mais de dois anos depois da data prevista em um primeiro momento.
"Todo mundo passa por este tipo de dificuldades. Eles acabarão por superá-las e serão uma concorrência a ser temida, como sempre foram para nós", afirmou Frederico Curado, diretor-geral da Embraer.
Até mesmo o diretor comercial da Airbus, John Leahy, admitiu que a Bombardier tem "um belo aviãozinho", apesar não considerá-lo uma ameaça.
De Castelbajac, por outro lado, mostrou-se convencido de que a canadense "voltará" e disse esperar "muito mais agressividade comercial até o fim do ano". A Bombardier, que também fabrica turbo-propulsores, só pôde anunciar esta semana a confirmação de seis opções de compra da companhia WestJet Encore.
Durante estes dias, novas empresas tentaram conquistar espaço no mercado. A russa Sukhoi vendeu em Le Bourget três Superjet100 à companhia Yakutia Airlines. O avião entrou em serviço em 2011 e recebeu mais de 150 pedidos firmes até hoje, principalmente na Rússia e no México.
A chinesa Comac também vendeu durante o salão sete exemplares de seu ARJ21-700, modelo que recebeu mais de 270 encomendas e cuja primeira entrega está prevista para o fim do ano.
Por fim, a japonesa Mitsubishi se juntará ao clube em 2017, com os pedidos de 407 exemplares de seu MRJ90, 223 deles, firmes.