Diretriz do Comandante do Exército Brasileiro 2023 – 2026
No alvorecer de 2023, testemunham-se mudanças aceleradas na conjuntura internacional. A pandemia da Covid-19, que ainda produz efeitos, o retorno da guerra de alta intensidade no continente europeu, a competição pelo desenvolvimento de tecnologias disruptivas, entre outras muitas características dos tempos atuais, conformam um ambiente de intensa competição interestatal, com o surgimento de novos polos de poder e desarticulação de alinhamentos políticos e econômicos, colocando em xeque o chamado “mundo globalizado”.
Entretanto, há questões que, por sua própria natureza, exigem soluções concertadas. As mudanças climáticas são o melhor exemplo, uma vez que fronteiras não restringem as forças da natureza. Por sua vez, o irrefreável fluxo informacional, que também desconhece fronteiras políticas, favorece o exercício de pressões internacionais, promovidas por Estados ou por grupos organizados.
Nesse cenário complexo, ambíguo, volátil e incerto, em que forças desagregadoras competem com iniciativas que podem vir a desafiar soberanias, o Exército Brasileiro (EB), Instituição de Estado, apolítica e apartidária, deve estar permanentemente pronto para o cumprimento de suas missões, garantindo a soberania do povo brasileiro, sua segurança e de suas riquezas naturais, sua cultura, seus valores e suas tradições. Deve possuir uma capacidade militar que forneça ao Estado brasileiro as ferramentas dissuasórias necessárias para resguardar seus interesses e seu território, contribuindo para o desenvolvimento nacional nos limites de suas atribuições constitucionais.
Assim, o Exército continuará trabalhando para o aperfeiçoamento da gestão ambiental e para o desenvolvimento e a difusão de tecnologias que permitam estabelecer um modelo de aproveitamento sustentável das riquezas disponíveis, sobretudo na região amazônica, garantindo maior integração e proteção àquela área.
É nesse ambiente desafiador que os integrantes da Força, homens e mulheres, alicerçados no caráter de nossa gente e unidos pelo amor à Pátria, trabalharão para que o EB continue a cumprir suas missões previstas na Carta Magna, alinhado aos anseios da sociedade e aos valores e tradições nacionais. Priorizaremos nossa operacionalidade, mantendo a coesão e o estado de prontidão. Zelaremos pela confiança que a sociedade brasileira em nós deposita, preparando-nos para responder com eficácia e eficiência aos desafios que se apresentam ao Brasil.
Ressalta-se que as demonstrações de liderança e os exemplos do passado devem inspirar os líderes militares de hoje, em todos os níveis. Devemos fortalecer o elo entre os militares
da ativa e os veteranos. Esse vínculo se consubstancia nos valores militares, fundamentados no patriotismo, no civismo e no culto das tradições históricas, na fé na missão do Exército, no acendrado espírito de corpo, no vocacional amor à profissão das armas e no constante aprimoramento técnico-profissional.
A par da defesa da Pátria, da garantia dos poderes constitucionais e da lei e da ordem, o Exército de Caxias continuará comprometido em apoiar a população brasileira em situações de emergência. A “mão amiga” da Força prosseguirá desempenhando ações subsidiárias em apoio à sociedade. Também nesse contexto, a Força Terrestre (F Ter) seguirá fielmente o planejamento do seu Órgão de Direção Geral, otimizando a aplicação de seus recursos e a gestão dos meios disponíveis.
Por fim, a F Ter deve continuar a envidar esforços nas ações de preparo para um possível retorno de tropas brasileiras em missões de paz ou em ações de caráter humanitário sob a égide da Organização das Nações Unidas (ONU) ou de outros organismos internacionais.
A presente Diretriz, desse modo, entre os seus objetivos, busca orientar os órgãos e os comandos na atuação dos integrantes da Força. De forma sinérgica, o EB continuará sua transformação e racionalização, com vistas a dispor de tropas conveniente e permanentemente adestradas e preparadas.
Gen Ex TOMÁS MIGUEL MINÉ RIBEIRO PAIVA Comandante do Exército