Nicholle Murmel
Especial para o DefesNet
No dia 07 de outubro, a equipe do DefesaNet pôde ver de perto o ciclo de testes que marca a etapa final de modernização dos blindados M-113 nas instalações do Parque Regional de Manutenção/5, PrqRMnt/5, em Curitiba (PR). As atividades do começo do mês marcam a conclusão dos trabalhos nas últimas oito unidades, totalizando os 150 carros previstos no primeiro contrato firmado entre o governo brasileiro, o governo dos Estados Unidos e a empresa BAE Systems. Os testes aconteceram no campo de instrução do Exército, a 33km de Curitiba, em direção à Serra da Graciosa.
O percurso do PqRMnt/5 até o campo é um teste em si, já que permite avaliar a performance dos blindados rodando sobre concreto e asfalto com as lagartas de borracha concebidas como particularidade do M-113 brasileiro.
As unidades passam primeiro pelo teste de pivoteamento – manobra na qual uma das lagartas é travada para que o carro faça uma curva fechada e desenhe um círculo no chão. De acordo com o capitão Julio Cesar Rodrigues Yuasa, da Divisão Técnica do PqRMnt/5, o objetivo é testar o sistema hidráulico do blindado.
“O carro deve fazer um semi-pivoteamento. E o importante é que a lagarta fique travada e imóvel”, explica. O capitão comenta ainda que após os carros saírem da linha de montagem, não é possível regular o sistema hidráulico, e que é justamente nesse teste que se observam possíveis incidentes. “Caso a lagarta não seja travada, esse carro passa por uma drenagem de ar no sistema, recalibragem, regulação, e será novamente testato”, descreve.
À medida em que concluem as manobras de pivoteamento, as unidades se agrupam à beira de um lago próximo, onde realizam o próximo teste, de flutuação e navegabilidade – requisitos especificos do emprego do M-113 no Brasil.
Segundo o capitão Yuasa, nessa etapa são avaliados vários aspectos: a carcaça dos blindados, que já vem de anos de serviço, borrachas de vedação das tampas, escotilhas e rampas. “O objetivo é que não entre água”, resume o capitão. Mas se isso acontecer, ele explica que há a oportunidade de testar as duas bombas que compõem o o sistema de drenagem. “Esse equipamento é acionado antes de começar o teste, mas só irá funcionar mesmo se entrar água no carro”.
Entre as falhas que podem ser detectadas nesse teste estão justamente a do sistema de drenagem, nas borrachas de vedação que podem permitir entrada de água no blindado. Nesses casos, a avaliação é interrompida e a unidade retorna ao Parque para troca de peças.
Outro ponto importante é dar aos motoristas a oportunidade de operar o M-113 na água. O capitão explica que o tempo de resposta da máquina em relação ao comando do motorista é mais demorado na água. “Essa manobra não é tão intuitiva. A percepção do movimento precisa ser antecipada, e só a prática e a vivência dão isso ao operador”, conclui.
Sobre a linha de modernização do M-113
A modernização dos blindados M-113 do Exército Brasileiro é resultado da parceria firmada entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos, e da empresa BAE Systems. Os trabalhos começaram em 2012 com a construção de um protótipo fabricado com mão-de-obra americana. No ano seguinte, foi estabelecida a linha de montagem no Parque Regional de Manutenção/5 em Curitiba.
Em outubro deste ano foi finalizado o primeiro contrato para a modernização de 150 unidades, que serão repassadas a vários batalhões de infantaria blindada como o: 29º BIB de Santa Maria (RS), o 7º BIB de Santa Cruz do Sul (RS), o 13º BIB de Ponta Grossa (PR) e o 20º BIB de Curitiba.
O acordo entre governos e BAE System, no formato FMS (Foreign Military Sales), tem vantagens como redução do custo dos kits de peças para modernização, transferência de tecnologia e acesso ao repertório de engenharia da empresa que, junto com a Divisão Técnica do Parque/5, já concebeu diversas soluções e elementos customizados para o M-113BR totalmente adaptado às necessidades doutrunárias do EB, como as lagartas de borracha, que permitem operação no asfalto, e farois de LED, mais econômicos e duráveis.
Segundo a diretoria do Pq Mnt/5, a previsão é de que os kits de modernização para o segundo contrato – que prevê 236 unidades – cheguem ao Brasil em novembro deste ano. A linha de montagem em Curitiba deve voltar a operar em ritmo total entre janeiro e fevereiro do ano que vem.
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