Relatório Reservado
Edição 5998 – 21 Novembro 2018
A não ser que ocorra uma abrupta guinada, está decidido: o General-de-Exército Edson Leal Pujol, 63 anos, será o próximo Comandante do Exército Brasileiro. O RR confirmou a informação com uma fonte seguríssima – na edição de 6 de julho deste ano, a newsletter já apontava o oficial como nome de consenso na Força para o posto.
Com a decisão, Jair Bolsonaro evitará qualquer pirotecnia ou contorcionismo na escolha do sucessor do General-de-Exército Eduardo Villas Bôas. Bolsonaro respeitará o critério de antiguidade, que costuma ditar a nomeação do Comandante do Exército. A rigor, neste momento o oficial com mais tempo de generalato é o atual chefe do Estado-Maior do Exército, General-de-exército Paulo Humberto César de Oliveira.
No entanto, ele está completando 12 anos no posto de general e automaticamente irá para a reserva em dezembro. Com isso, ainda neste ano o general Pujol passará a ser o quatro estrelas mais antigo e substituto natural do general Villas Bôas.
Por uma dessas coincidências da vida, sua nomeação significará o reencontro de velhos colegas: nos anos 70, Pujol e Bolsonaro integraram a mesma turma na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). O general Pujol tem uma trajetória à altura do desafio de suceder o general Villas Bôas, o mais emblemático e influente Comandante do Exército na história recente do país. Chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército (DCT), Pujol é um dos mais respeitados oficiais da sua geração.
Trata-se de um dos raros tríplices coroados das Forças Armadas: foi primeiro colocado das turmas de cavalaria da AMAN e da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (ESAO) e no curso da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME). Estudou na Escola de Blindados do Exército norte-americano de Fort Knox (Armor School), uma das mais renomadas academias militares do mundo. Formou-se também em Operações de Informações (Curso de Inteligência).
Para além da invejável formação acadêmica, Pujol é conhecido pelo seu perfil de “tropier”. Entre outras importantes funções, chefiou o Comando Militar do Sul, que reúne 70% do contingente do Exército brasileiro. Trata-se da maior força militar do Rio Grande (México) à Patagônia, que também foi chefiada pelo vice-presidente, general Hamilton Mourão.
Antes, comandou a 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada de Santiago (RS). A julgar pelo perfil do general Leal Pujol, que ninguém espere por um comandante do Exército com o mesmo grau de exposição do general Villas Bôas. O general Pujol prima por um estilo mais reservado.
Diferentemente de outros generais, que passaram a se manifestar publicamente de forma regular, sobretudo pelas redes sociais, Pujol tem se mantido longe das mídias digitais. Outra diferença importante é o seu distanciamento do establishment político. Villas Bôas chegou a ser chefe da Assessoria Parlamentar do Exército, o que naturalmente o transformou em um liason entre a Força e o Congresso.
No caso de Pujol, não se tem notícia de que ele mantenha interlocução de natureza política. Mesmo entre seus colegas de oficialato, o general Pujol é conhecido como um homem de poucas, mas firmes palavras. Sua capacidade de liderança e prestígio junto à Força, ressalte-se, são incontestáveis. Sabe se ainda que o general Pujol coaduna dos princípios que sempre pautaram o general Villas Bôas – de quem, inclusive, é muito próximo – de respeito e defesa intransigente da Constituição.
É seguidor da doutrina que o atual Comandante do Exército talhou no ápice da crise institucional e do apelo das ruas por uma intervenção das Forças Armadas: estabilidade, legalidade e legitimidade. Em setembro do ano passado, durante palestra na Associação Comercial do Rio Grande do Sul – em uma em uma de suas raras apresentações públicas –, Pujol afirmou com todas as letras que “intervenção militar não é solução”.
Além da relação com o Comandante Villas Bôas, Pujol é bastante próximo do futuro ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e do novo chefe do GSI, general Augusto Heleno. No caso deste último, inclusive, há um ponto de interseção em suas carreiras militares que aumentou a afinidade: ambos participaram da Força de Paz na Missão das Nações Unidas no Haiti (MINUSTAH).
CURRICULUM VITAE
Gen Ex EDSON LEAL PUJOL
Nascido em 02 de janeiro de 1955, na cidade de Dom Pedrito/RS, é filho do Coronel PM/RS PÉRICLES CORRÊA PUJOL e da Professora Estadual MARIA LINA LEAL PUJOL. Foi promovido ao Posto atual em 31 de março de 2015.
Oriundo do Colégio Militar de Porto Alegre/RS, incorporou às fileiras do Exército em 1º de março de 1971, na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, e concluiu a Academia Militar das Agulhas Negras em 15 de dezembro de 1977, tendo sido declarado Aspirante a oficial da Arma de Cavalaria. Além dos Cursos de Formação, de Aperfeiçoamento, de Comando e Estado-Maior e de Política, Estratégia e Alta Administração do Exército, realizou, também, dentre outros, os Cursos Básico Paraquedista, Operações de Informações (Curso Básico de Inteligência), Operações na Selva, Operações na Caatinga, Básico de Montanha e Operações Aeromóveis.
No exterior, realizou o Curso Avançado de Blindados na Escola de Blindados do Exército Norte-Americano, em Fort Knox, EUA. Possui, ainda, diversos cursos civis, entre eles os da Escola Nacional de Administração Pública/ENAP e o MBA Executivo, Administração de Negócios, e o de Gerenciamento de Projetos, ambos da Fundação Getúlio Vargas. Realizou, também, Cursos de Especialização em Operações de Paz do Sistema das Nações Unidas.
Durante sua vida militar, serviu no 7º e no 12º Regimento de Cavalaria Mecanizado, no 3º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado e no antigo Gabinete Militar da Presidência da República. Foi Instrutor na Academia Militar das Agulhas Negras e na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais.
Como Oficial de Estado-Maior, serviu nos Comandos Militares da Amazônia e do Sul e foi Analista da Área Internacional, Chefe de Divisão e Subchefe no Centro de Inteligência do Exército.
No Exterior, exerceu as funções de Observador Militar das Nações UNIDAS em El Salvador – ONUSAL, América Central; e de Adido de Defesa, Naval e do Exército junto à Embaixada Brasileira no Suriname, América do Sul.
Comandou a Escola de Administração do Exército e o Colégio Militar de Salvador, na Bahia.
Como General de Brigada, comandou a 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, em Santiago/RS, e a Academia Militar das Agulhas Negras, AMAN, em Resende/RJ. Como General de Divisão, foi Chefe do Centro de Inteligência do Exército; Comandante das Forças de Paz da MINUSTAH, no Haiti, e, Secretário-Executivo do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, em Brasília/DF.
Como General de Exército, foi Secretário de Economia e Finanças, em Brasília/DF, e Comandante Militar do Sul, em Porto Alegre/RS.
Assumiu a Chefia do Departamento de Ciência e Tecnologia no dia 4 de maio de 2018. |